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quinta-feira, 11 de março de 2021

Bilhetes


 Bilhetes 

G. Mirim Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Setembro 1944

             A carta que V. me dirigiu produziu-me um grande bem, porque jamais eu notaria o engano que encontrou na crônica - Judas Iscariotes, ditada pelo Espirito do nosso querido Humberto ao médium Chico Xavier.

            Apontou-me o amigo o engano de o Espírito dizer que o rio Jordão passava em Jerusalém. Procurei um mapa e verifiquei que não era um engano, mas erro, e erro de fato.

            Alguns dias fiquei em verdadeiro estado de inquietação. Como admitir que Humberto-Espírito ignorasse geografia, principalmente apresentando ele a crônica como reportagem feita no local? - Mas, como supor, também, que o Chico fosse vítima de um Espírito mistificador que lhe transmitisse a mensagem como de Humberto? - Não, não seria possível.

            Assim, meu amigo, vivi alguns dias com a sua carta no cérebro, sem encontrar justificativa para o caso. Pelas informações que tomei, a crônica fora impressa no livro, tal como saíra publicada num vespertino de grande reputação e de muita lisura e sinceridade, que lá esteve em 1935, em serviço de reportagem.

            Os dias iam passando e a minha ansiedade, crescendo. Escrever ao Chico? - Sim, respondeu-me a consciência. E lá seguiu para Pedra Leopoldo a minha carta, solicitando ao Chico que me enviasse, se possível, o original da crônica.

            Como funcionário público, viajando constantemente, não me pode o Chico responder de pronto, de sorte que, só agora, depois de tantos dias de angústia e sofrimento, e depois de vários outros de procura entre os seus papéis velhos, conseguiu o médium encontrar o original almejado, que já se acha no arquivo da Federação, à disposição do meu amigo e de quantos o queiram ler.

            Diante do original, escrito pela antiga ortografia, já meio roído pelos ratos e desbotado pelo tempo, verifiquei que a pressa do datilógrafo que a transcreveu para o jornal, ou do linotipista, ou do revisor, fez que trocassem não só CEDRÁO por JORDÁO, mas, também, substituíssem outras palavras e suprimissem uma copulativa (que liga ou serve para ligar) que modificou todo o sentido da crônica.

            Entreguei o original à Federação, em sessão de sua Diretoria, e ela, satisfeitíssima, pede-me que lhe transmita os seus agradecimentos e lhe comunique que, na 4ª edição, a crônica será publicada, no livro, exatamente conforme o original que a sua carta nos despertou o desejo de possuir.

            Como vê, a sua missiva, apontando apenas uma falha, fez-nos descobrir vários defeitos, principalmente a supressão de uma conjunção entre - Pilatos e o tetrarca, onde, de fato, existia e existe a copulativa “e” com o verbo ter no plural.

            Se o meu amigo quiser verificar o grande serviço que nos prestou, bastará que confronte a edição que possui com o original que lhe poderemos mostrar no momento que desejar.

            Muito obrigado, meu amigo.


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