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sexta-feira, 19 de março de 2021

Bilhetes

 

Bilhetes 

G. Mirim (Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Maio 1946

 

            Várias vezes repete Kardec que a Doutrina é progressiva e até mesmo reformável em alguns dos seus pontos. Na introdução de “A Gênese”, o Codificador chega a afirmar que algumas das teorias, por ele apresentadas naquela obra, são pessoais e hipotéticas. Assim, não vemos razão para que alguns confrades se apeguem a certo e determinado ponto e nele estacionem, emperrem, qual acontece com os sacerdotes das velhas religiões que continuam fanaticamente a pregar a existência do inferno e toda a série de incongruências que dessas velhas teorias resultam.            

            Ser Kardecista ou Kardeciano não é ficar estacionado, porque o Missionário de Lyon não recomendou o estacionamento, mas a evolução progressiva, de acordo com as revelações que nos fossem oferecendo os Espíritos.

            Muitas e muitas passagens evangélicas, incompreensíveis nos primeiros tempos do Espiritismo, são hoje facilmente explicadas pelos novos ensinamentos que vêm sendo transmitidos aos homens da Terra. Examinemos algumas.

            Na impossibilidade de os primeiros espíritas explicarem a multiplicação dos pães, realizada publicamente por Jesus, várias opiniões se formaram, entre as quais, a de que não houve a multiplicação, mas apenas a saciação da fome através da eloquência das palavras do Senhor. Mas os nossos confrades, de então, se esqueceram de que todos os evangelistas escreveram que sobraram doze cestos cheios de pães, logo, não se poderá negar que houve em realidade a multiplicação material.

            Contra essa teoria da não multiplicação dos pães, os Espíritos nos elucidam que não só ela se deu realmente, como também nos explicam a maneira por que foi feita, e, corroborando as suas asserções, passaram a produzir fenômenos semelhantes, em menor grau de intensidade mas demonstrativos, formando flores e objetos outros, em plenas sessões de efeitos físicos.

            Como lendas ou alegorias foram explicadas inúmeras passagens evangélicas, como por exemplo: Jesus e Pedro andando sobre as águas, o desaparecimento do corpo do Messias, e muitas e muitas outras.

            Continuando, porém, na sua obra de esclarecimento, os Espíritos passaram a apresentar-nos novos fenômenos em nossas sessões de estudo, e, dessa forma, com a levitação, os próprios médiuns se mantêm no ar, sem qualquer ponto de apoio, notando-se, mesmo, que este ponto de apoio, se assim podemos dizer, é até menor, porque a densidade do ar é inferior à da água.

            Mesmo não admitindo as instruções que os Espíritos deram a Roustaing - classificado por Humberto de Campos como o organizador do trabalho da fé - instruções em que todos esses pontos foram esclarecidos, não é justo, nos dias atuais, após os conhecimentos recebidos no correr dos anos, continuemos solidários com os sacerdotes do judaísmo, admitindo que o corpo do Senhor tenha sido roubado pelos discípulos, visto que, isso admitindo, destruímos todo o Evangelho e apresentamos os apóstolos do Cristianismo como criadores de uma mentira. Com a possibilidade já documentada de que os Espíritos podem desintegrar a matéria e transportá-la, mesmo que não admitíssemos o corpo fluídico, teoria que realmente não pode ser assimilada por todos, mais bem explicado ficaria o fenômeno pela desintegração do corpo do Mestre, que pela suposição do roubo praticado pelos discípulos, como as antigas teorias e hipóteses deixavam veladamente transparecer.

            Só por esses exemplos, e eles se multiplicariam às centenas, se de espaço dispuséssemos, vemos que os meios espíritas devem, pelo estudo e pela observação, tomar conhecimento das novas revelações que têm vindo e continuarão a vir, pois; do contrário, acompanharemos os nossos irmãos de outras religiões, irmãos que estacionaram no fanatismo e nele se conservam.

            Os Espíritos deram ao iluminado Missionário de Lyon o que deveria constituir a base do Espiritismo, e, portanto, uns e outro não se cansam de repetir que a revelação é progressiva e confirmada pelos fenômenos.

            Aí têm os nossos amigos três fatos explicados pelos fenômenos de desintegração da matéria, de transporte e de levitação. Procuremos estudar, observar e raciocinar e tudo mais nos virá de acréscimo, facilitando-nos o entendimento e clareando-nos a inteligência para que todas as palavras e passagens evangélicas se nos tornem compreensíveis, assimiláveis e edificantes.


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