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terça-feira, 25 de junho de 2013

18. 'Revelação dos Papas' - Pio X

Pio X quando ainda cardeal

18

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Pio X, papa
       
Apresenta-se um homem idoso, gordo, de estatura mediana e fisionomia simpática.
O espírito traja vestes sacerdotais e empunha, com a mão esquerda,
 o cetro pontifical, conservando o braço direito erguido, em atitude de quem abençoa.
Está circundado de grande irradiação luminosa. O seu aspecto é deslumbrante!

_______________

          Fui papa na Terra e hoje vivo feliz, mas um pesar acompanha o meu espírito por toda parte; é não ter podido, na vida terrena, compreender o que hoje compreendo.

          Conservei-me sempre crente e fiel cumpridor da lei da Igreja; entretanto não me acho tão feliz como desejara, por ver que as verdades contidas nos dogmas, muito longe estão da realidade e o que ensina a Igreja é muito pouco para levar o espírito da criatura à felicidade completa. E sinto grande mágoa por não ter podido pregar o que hoje reconheço como a única verdade.

          Se não fora a minha fé ardente, se não fora o meu zelo e a minha caridade, e, sobretudo, a minha humanidade, o meu espírito estaria a estas horas mergulhado nas trevas e não poderia, como me acontece neste momento, contemplar os esplendores da vida espiritual.

          O que sou neste instante devo a mim mesmo, ao meu esforço próprio, à minha firmeza e sinceridade, não provém do fato de haver sido chefe de uma Igreja; quisera antes ter sido simples pastor, camponês ou aldeão, a ter ocupado tão elevado cargo. É isso uma verdade que não posso deixar de dizer, porque no mundo dos espíritos a verdade se impõem com tal força e vigor que a eles ninguém pode fugir.

          Digo e repito; quisera antes ter sido mendigo, pobre e desconhecido, a ter-me sentado numa cadeira onde jamais se deveria proferir outra palavra que não fosse a da verdade pura, verdade que neste momento resplandece aqui, diante dos meus olhos.

          Lamento, meus irmãos, que, cegos como ainda estais, não possais ver, com a clareza com que vejo, todas as coisas espirituais, não possais ainda compreender o que é tão fácil e simples; lamento que estejais ainda tão presos aos preconceitos e interesses materiais, que tolhem vossa razão e empanam o brilho da vossa inteligência. Dia virá, porém, e não está longe, em que Deus vos abrirá os olhos, e então podereis ver quanto é falsa a vossa lei, quão errôneas as vossas crenças, absurdas as vossas conclusões e descabidos os vossos arrazoados.

          Deus é sempre complacente e misericordioso, por isso não vos castigará, apenas vos fará sentir as decepções que experimentam todos os que penetram nestas luminosas regiões, onde só vivem os que já não possuem dúvidas sobre a grande verdade da reencarnação do homem e das sucessivas existências que percorre para depurar o seu espírito e assim, poder um dia merecer a graça de ouvir as harmonias celestes e também banhar-se na luz divina, a única que nos guia nos momentos de aflições e de desânimos.

          Sou feliz, já vos disse, mas a consciência me acusa a cada instante, dizendo - “Como é diferente a verdade que hoje contemplas da que outrora ensinaste!” E isto me faz sofrer.

          Tenho desejo de voltar ao mundo e novamente sentar-me naquela cadeira e do alto dela proclamar a pura verdade, a absoluta verdade: - Deus é um só e infinitamente misericordioso, infinitamente bom, infinitamente justo, e, por isso, não existe inferno nem penas eternas, nem pecados, nem remissão; o espírito expurga as suas faltas revendo a sua própria consciência. Aí está o inferno!

          O arrependimento sincero e a prece também sincera, que sai dos lábios da criatura, são os únicos meios de salvação e de resgate.

          As existências são dadas ao homem para que repare em uma o mal feito na que a precedeu.

          “A cada um por suas obras”.

          Eis as palavras do Mestre dos mestres; eis a justiça de Deus!

            Adeus.

Pio X, papa
Julho de 1916

Informações complementares
            Nome: Giuseppe Melchior Sarto.  Seu papado durou de 04 de agosto de 1903 até 20 de agosto de 1914.
            Viveu numa época denominada por Eamon Duffy como a ‘época da intransigência’ Todas as terras de propriedade do Vaticano já tinham sido incorporadas à República italiana e seus contornos eram muito aproximadamente ao que conhecemos hoje. Isso fez com que o papa permanecesse com contínuo sentimento de exclusão em relação ao restante da Europa.
            Por outro lado, o papa buscava apoio no dogma da infalibilidade papal para reafirmar-se junto aos crentes de sua religião. O embate entre a ciência e a religião agudou-se dentro de limites antes inimagináveis.
            Sarto era um homem de hábitos simples, filho de camponeses. Ainda segundo Duffy, Pio X era ‘de humanidade inquieta, de uma forte piedade emocional e tinha um senso ávido da prioridade dos temas pastorais’. Seu pontificado caracterizou-se pela cordialidade e acessibilidade apesar de sua permanente indignação em relação à recém formada Itália e por não transigir quanto às ‘verdades católicas’ ao afirmar: “A sociedade está doente... a única esperança, o único remédio, é o papa”(!?!)

Fonte: ‘Santos e Pecadores’ por Eamon Duffy (Ed. Cosac & Naify 1998)



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