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sexta-feira, 14 de junho de 2013

12a. 'Revelação dos Papas' - Lutero



12a

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Martinho Lutero

O médium vê uma grande massa de luz, tendo a altura de um homem
e formada por feixes de raios luminosos –  
brancos, verdes, azuis,  roxos e solferinos aveludados.
O médium distingue vagamente, no meio dessa luz intensa que lhe faz doer a vista,
o vulto apagado do espírito que diz ser Martinho Lutero
_______________________
         

            Aqui está Martinho Lutero, meus amigos e irmãos amados; aqui está o espírito daquele que no mundo deu provas de amor à verdade ensinada por Jesus Cristo, combatendo o erro e a mentira, defendendo a liberdade de consciência e de exame; mas está também a alma daquele que praticou atos de orgulho, deu provas de ambição de glória e de renome! Tendes diante de vós este espírito que não soube salvar a humanidade, que não teve a verdadeira compreensão da sua missão na Terra, deixando-se arrastar pela sede de glória, ambição de domínio, governar os homens, destruir o que existia, para implantar o que só servia para satisfação dos seus desejos e intentos demolidores.

          Venho perante vós, homens da Terra, confessar os meus erros e as minhas fraquezas como chefe do movimento liberal que se operou no mundo, onde até então reinara o despotismo e a tirania espirituais, expresso na fórmula — “Crê ou morre”, arma terrível de que se serviam os chefes espirituais, os diretores das consciências de então.

          Fui inimigo implacável dos abusos e contravenções praticados em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

          Combati as aberrações filosóficas do meu tempo, os sofismas e as falsidades apregoadas em nome de Deus e de Jesus.

          Lutei pela moral, pela razão, pela verdade e pela liberdade das consciências oprimidas sob o jugo ferrenho do romanismo dissoluto e impiedoso.

          Sacrifiquei as minhas aspirações políticas ao ideal religioso pelo qual lutei com as armas de que dispunha naquela época: a palavra, a lógica, o raciocínio, a razão e o Evangelho, que era constantemente violado pelos que tinham interesse em manter oculta a verdade e o espírito das leis estabelecidas por Nosso Senhor Jesus Cristo nesse código sublime, nesse estatuto pelo qual se regulava, ainda se regula e se regulará para todo o sempre a humanidade terrena - o evangelho de Jesus.

          Combati energicamente as explorações e os embustes dos que preferiam mentir a manter o brilho de uma verdade superior, grandíloqua porque, para sustentar essa verdade luminosa, era de mister despojarem-se do orgulho e da vaidade, sacrificando ao mesmo tempo, a essa verdade sublime, interesses, ambições, conveniências, gozos, prazeres, pompas, riquezas, caprichos e volúpias criminosas.

          Para proclamar e defender a verdade contida no Evangelho era preciso o sacrifício e a renúncia dos bens e gozos terrenos, das posições elevadas, das honras e distinções que o mundo confere àqueles que subordinam a felicidade e as alegrias celestes aos prazeres e doçuras da vida material, as delícias e gozos da Terra.

          Combati, sem tréguas, em favor da fé apoiada na razão; preguei o livre exame, a liberdade de pensar e de agir em matéria religiosa.

          Discuti e contestei a infalibilidade do que era falível e mortal e portanto indigno de ornar-se com os atributos pertencentes exclusivamente à Divindade.

          Neguei o que era criação dos homens, fruto da sua imaginação excitada por desejos insaciáveis, pela ambição de gozo material e preocupação de desfrutar as delícias da carne.

          Procurei apagar o que fora escrito unicamente para ser interpretado pelos interessados em arrastar a humanidade para o caminho da idolatria, dos cultos exteriores, ridículos e indecorosos, até das grotescas exibições de cenas primitivas dos antigos cultos pagãos.

          Condenei as fórmulas e rituais tomados de empréstimo a outros cultos, símbolos de outras Igrejas, cerimônias características de povos menos cultos que os do ocidente, aos quais foram adaptadas essas pompas.

          Suprimi tudo que pudesse falar ao egoísmo humano ou despertar a cobiça e a vaidade do homem; simplifiquei, reduzi, limitei, restringi as grandezas e pompas eclesiásticas.

          Disputei para todos os cultos o direito de serem considerados divinos, podendo a investidura sacerdotal ser dada àquele dos fieis que, pelas suas visões e méritos, se mostrasse digno de dirigir os trabalhos do culto de Deus.

          Aboli a casta sacerdotal, abolindo também hierarquias inúteis, categorias, cargos, títulos, ordens honoríficas, dignidades e nobrezas pontifícias.

          Consolidei, organizei os ensinos evangélicos; estabeleci novas praxes e costumes que me pareceu conveniente criar em substituição dos existentes, cheios de lacunas, falhos, quase sempre, do espírito cristão.

          Proclamei a inutilidade dos dogmas e a incapacidade dos seus criadores para decidirem questões que só a Deus competia resolver.

          Neguei os falsos santos e as ilegítimas distinções conferidas aos seus próprios instituidores, as beatificações de amigos e parentes, as canonizações em vida e também post mortem.
         
            Impugnei as concessões criminosas feitas aos nobres, senhores e reis a troco de honras profanas, por estes últimos concedidas aos chefes espirituais que disputavam tais honrarias, sacrificando interesses religiosos, prejudicando a causa da fé e a religião de Jesus Cristo.

          Abri um novo caminho, nova estrada, edifiquei uma nova Igreja mais de acordo com as aspirações do momento que o mundo atravessava. Tracei uma rota pela qual a humanidade se condizia diretamente ao seio de Deus e aos braços de Jesus; acendi uma luz mais brilhante, mais viva, no caminho do homem; coloquei a moral acima de todas as conveniências e de todos os interesses, o Evangelho ao alcance de todos, os ensinamentos de Jesus em todos os lábios, a sabedoria divina em todas as bocas, a fé em todos os corações, a verdade em todas as consciências.

          Criei nova ordem moral e religiosa, alarguei os horizontes cristãos, libertei as consciências do cesarismo religioso, realizei o que fora sonhado por outros espíritos que não logravam iniciar esse movimento benéfico e salutar, que trouxe, em parte, mais luz para os espíritos abatidos, humilhados perante o absolutismo romano.

          Estou fazendo sumariamente a resenha dos meus atos e ações no campo puramente religioso, onde, de fato, a minha ação foi até certo ponto benéfica; mas devo também mostrar-vos como foi perniciosa essa mesma ação no ponto de vista social e político.

-continua-


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