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quarta-feira, 20 de julho de 2011

'O Nascimento de João Batista'


Nascimento de João Batista

         1,5  Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abdias. Sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. 1,6 Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor, 1,7 Mas não tinham filho, porque Isabel  era  estéril  e ambos de idade avançada. 1,8 Ora, exercendo Zacarias, diante de Deus, as funções de sacerdote, na ordem de sua classe, 1,9 coube-lhe, por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e ali  oferecer o perfume. 1,10  Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do perfume. 1,11 Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé,  à  direita  do  altar  do   perfume. 1,12 Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. 1,13  Mas o anjo disse-lhe:  - Não temais, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho,  e,  chamar-lo-ás  João. 1.14 Ele será para ti motivo de gozo e alegria e muitos se alegrarão com o seu nascimento. 1,15 Porque será grande diante de Senhor e não beberá vinho nem cerveja e, desde o ventre de sua mãe, será cheio do Espírito Santo.

         Para Lc (1,5-15) -Nascimento de João Batista - tomemos “Elucidações Evangélicas” (Ed. FEB) de Antônio Luiz Sayão:

            “Os evangelistas eram, inconscientemente, médiuns, quer dizer; eram, por natureza, suscetíveis de receber impressões magnéticas, para a manifestação dos Espíritos.

            Com efeito, voltando à vida espiritual, entra a alma na posse integral de si mesma e seu perispírito recobra, em toda a sua plenitude, a capacidade das percepções. Pode então, manejando os fluidos, impressionar os entes humanos, influenciando-lhes os órgãos, transmitir-lhes pensamentos. Dentre esses seres, mais aptos a receber essa influenciação e a se constituírem instrumento da manifestação dos Espíritos, são os médiuns.   

            Apenas daremos uma ideia desse fenômeno, devendo recorrer às obras do Mestre os que desejem estudar e compreender o que é a mediunidade e convencer-se de que só a Ciência Espírita nos dá o conhecimento completo de nossa alma, de todo o seu desenvolvimento e recursos, quando fora da vida material; de que o Espiritismo é uma filosofia racional, que nos mostra os modos por que se operam a nossa transformação e regeneração; de que somente essa ciência, moral e positiva, pode, numa época, qual a que atravessamos, de perturbações e transições, facultar-nos a luz necessária para compreendermos os ensinos e preceitos consagrados há vinte séculos pelo sacrifício, no Gólgata, do maior dos heróis que a Humanidade já conheceu.

            Quanto ao nascimento de João, como era preciso que este impressionasse o espírito público desde o seu aparecimento na Terra, deu-se em circunstâncias particularíssimas, quais a se já serem velhos os seus genitores e a da mudez temporária de seu pai. Importa, porém, se atenda a que, se bem que Isabel estivesse avançada em anos, sua idade não era tal que a impossibilitasse de conceber, de conformidade com as leis naturais, o que, aliás, se depreende claramente das palavras que o anjo dirigiu a Maria, falando de Isabel (Lc 1,36): ela, que é chamada estéril. Na sua concepção, portanto, nenhum milagre houve, pois não se verificou a derrogação de nenhuma lei natural.

            Zacarias e Isabel, casados desde longo tempo, muito se afligiam com o não terem filhos, por ser o fato atribuído à esterilidade dela e constituir um opróbrio, aos olhos dos homens, naqueles tempos, a condição de estéril na mulher. Ambos, por isso, rogavam com fervor a Deus que concedesse um filho. Como prêmio da submissão perfeita com que os dois guardavam os mandamentos, edificando a todos pela sua exemplar conduta moral, o Senhor, tendo soado a hora do aparecimento do Precursor, permitiu que para Isabel findasse a prova de esterilidade e que ela concebesse, a fim de que se desse o nascimento de João.

            A mudez de Zacarias não se pode nem se deve atribuir ao haver duvidado do acontecimento que se lhe anunciava, visto que a inteligência foi outorgada ao homem para que ele investigue, a fim de compreender o que lhe caia ao alcance do conhecimento. Aquela mudez foi um fenômeno que se produziu como meio de maior atenção chamar para a predição feita e de corroborá-la.

            João fora Elias, o grande profeta de que fala o livro Reis, e, como tal era tido pelos judeus. Precisamente porque o povo via em João a reaparição de Elias, é que àquele, durante sua missão, tantas interpelações a esse respeito foram dirigidas. Veja-se o V.17: e irá à sua frente com o Espírito e a virtude de Elias. Que é que isto significa, senão que Elias reencarnaria no corpo da criança que ia nascer de Isabel?

            Não beberá vinho, etc. (V.15). Os que se consagravam ao serviço de Deus impunham-se uma vida especial de abstenções e privações e os hebreus costumavam dedicar seus primogênitos ao Senhor. João ia ser um desses: Daí o que reza o V.15.

            Desde o seio materno, será cheio de um Espírito Santo (V.15). Depois de haver expiado suas faltas no espaço, na erraticidade, por meio de sofrimentos e torturas morais proporcionados às mesmas faltas, entra o Espírito na fase de reparação. Então, após haver verificado quais as provas necessárias ao seu adiantamento, convencido de que só por meio delas conseguirá avançar, cumprindo a lei absoluta e fatal do progresso, pede uma encarnação em que passe por aquelas provas e essa encarnação lhe é concedida.

            Ao aproximar-se, porém, o momento de realizá-la, tais provas de lhe afiguram terríveis. É que tão fraco ele se sente, em consequência do seu passado culposo, que duvida de suas forças para suportá-las. Começam aí a sua perturbação e ansiedade, que cada vez mais intensas se tornam, à medida que, com o desenvolvimento, no seio materno, do invólucro que o há de revestir, o Espírito vai perdendo a lucidez.

            Liga-se àquele invólucro, desde o começo da concepção, por uma espécie de cordão fluídico que, contraindo-se, o atrai gradativamente para a prisão em que vai se encerrar.

            Verificado o nascimento, o Espírito se acha completamente ligado ao corpo, do qual não pode desembaraçar-se, a não ser pelo fenômeno a que se dá o nome de “morte”. Entra então numa fase de sofrimentos, que se chamam provas.

            Das angústias que experimenta no início da encarnação, passa a um estado de torpor ocasionado pelas constrições da matéria e que se prolonga até que, por efeito do desenvolvimento desta, ele adquire relativa liberdade.

            E isso se dá, tanto com o Espírito ainda atrasado, como com o que já alcançou grau mais ou menos elevado de depuração. Este, porém, como já pode apreciar a importância da obra que lhe cumpre executar, significativa da confiança que lhe tem o Senhor, se enche de alegria  tão grande que o impede, por assim dizer, de sentir o jugo da matéria, tornando-o como que liberto, independente dela.

            Foi o que aconteceu com João que, Espírito muito elevado, bem apreciava a grandeza da missão que o Senhor lhe confiara e, possuído do ardente desejo de desempenhá-la  fiel e dignamente, atraía a si, para assisti-lo, os que lhe eram iguais em elevação e superiores e, no convívio deles e por eles sustentado, não sofria o constrangimento da matéria de que ia revestir-se. A grandiosidade da sua missão dá a medida da sua grandeza espiritual. Daí o dizer o anjo a Zacarias que o menino que se geraria em Isabel seria cheio de “um Espírito Santo”, ou como vulgarmente se lê nas traduções do Evangelho - “cheio do  Espírito Santo” - o que quis exprimir é que João seria assistido pela coorte ou por uma coorte de Espíritos daquelas gradações, para inspirá-lo e guiá-lo, como o são todos os que, encarnados, se fazem, pela sua atitude moral, dignos dessa assistência.”

Nascimento de João Batista

         1,16   Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus 1,17  e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto. 1,18 Zacarias perguntou ao anjo: - Donde terei certeza disso? Sou velho e minha  mulher  é  de  idade  avançada. 1,19 O anjo respondeu-lhe: - Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova.  1,20  Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo. 1,21 No entanto, o povo estava esperando Zacarias e, admirava-se dele se demorar tanto tempo no santuário 1,22  Ao sair, não lhes podia falar e, compreenderam que tivera, no santuário, uma visão. Ele lhes explicava isto por acenos; e permaneceu mudo. 1,23 Decorridos os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa 1,24 Algum tempo depois, Isabel, sua mulher, concebeu; e, por cinco meses se ocultava, dizendo: 1,25  - Eis a graça que o Senhor me fez, quando lançou os olhos sobre mim para tirar o meu opróbio dentre os homens.

         Para Lc (1,16-25) -Nascimento de João Batista - continuemos com “Elucidações Evangélicas” (FEB) de Antônio Luiz Sayão:
           
            “A aparição do anjo a Zacarias, que era médium vidente e audiente, foi a manifestação de um Espírito elevado ou superior, que tomou angélica figura, vestida de alvas roupagens, banhada por uma luz cujo foco e esposo de Isabel não via, e dotada de asas, como geralmente os hebreus representavam os anjos. Foi esse Espírito quem, exercendo sobre Zacarias uma ação magneto-espiritual, lhe produziu efeito análogo ao da paralisia desse órgão.

            Nada há que surpreenda, quando se sabe que o magnetizador humano, unicamente pela ação de sua vontade, obtém efeitos idênticos e muitos outros mais. Assim sendo, ninguém, que estude, observe e pratique o magnetismo, poderá ver na mudez de Zacarias um milagre, isto é, um fato que se não possa atribuir a causas naturais que o expliquem. O de que tratamos, tanto se explica desse modo, que o homem o pode reproduzir.

             Justifica-se desta forma o que ensina o nosso querido Mestre quando diz que a Ciência e a Religião são duas alavancas do Espírito humano. Com uma, adquire ele o conhecimento das leis que regem o mundo material, com a outra o das que governam o mundo moral. Provindo ambas de um princípio único – Deus -, elas não podem contradizer-se. De sorte que a incompatibilidade que parece existir entre as duas é apenas o resultado da falta de observação criteriosa e ponderada das coisas e do exclusivismo extremo em que uma e outra se encastelaram, exclusivismo que produz o conflito donde nascem a incredulidade e a intolerância.

            Somos dos que não esquecem que o Catolicismo foi a crença de nossos pais e que, inquestionavelmente, frutos benéficos produziu.

            Mas, sendo a do progresso uma lei absoluta, com o progredir de nosso Espírito, mediante o desenvolvimento de todas as suas faculdades, não mais nos podemos conformar com as imposições da Igreja Católica, com a decretação de seus dogmas, pelo processo do medo, do terror, para ostentar predomínio e poderio, em completo antagonismo com a Ciência, que a desmente todos os dias, quando a religião devera apoiar-se na ciência, sobretudo numa época em que os ensinos do Cristo recebem o seu complemento, em que começa a levantar-se o véu propositadamente lançado sobre eles, por atenção às necessidades dos tempos em que foram ministrados.”      





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