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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

14. 'O Cristianismo do Cristo e a dos seus vigários'


14

 “O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...
           
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris



            Aprendamos, pois, minhas Senhoras e meus Senhores, o que verdadeiramente, é um homem divino, cuja divindade não consista em contemplar-se a Si mesmo, nem em se fazer servir pelos outros, mas em devotar-se aos outros homens e a induzi-los a adorar o Deus único.

            Moisés queria fazer dos seus Semitas, de cabeça de ferro, homens temperados pela independência. Por isso, na constituição que organiza, nenhuma porta deixa aberta à dominação absoluta de um só homem, de uma casta, ou de um partido. Por isso, depois de ter sido, durante quarenta anos, a cabeça, o coração e o braço direito daquele povo, do qual fora o prodigioso criador; depois de quarenta anos durante os quais todos, sem exceção, lhe deveram, dia a dia, a vida, a religião, o saber, a vitória, quando, tendo todos os poderes, ao mesmo povo nada mais restava senão conservá-los e exercê-los, no país que ele ia dar aos seus nômades, que desde então se estabeleceriam definitivamente, Moisés, temendo que o excesso do reconhecimento os levasse a uma autocracia, em lugar da Sinarquia, que ele desejava fundar sobre a liberdade individual e a hierarquia social, desaparece voluntariamente, na véspera de fixar o seu povo na Terra Prometida. "Moisés - narra a Bíblia - subiu das planícies de Moab ao Monte Nebo, no cume do Psiga, defronte de Jericó... e aí morreu, como fiel servidor de Iavé; e Iavé arrebatou o corpo do seu servidor... e ninguém jamais conheceu o túmulo de Moisés" (6) .

            (6) Deuteronômio, XXXIV

            MoIsés, pois, ofereceu o espantoso exemplo, depois tão pouco imitado, de um fundador de nação, onipotente pelo seu saber, que não apenas pela sua autoridade politica, escutado como o próprio Deus... retirar-se do seu reino, para não lhe dar um rei.

            Mas, com o se retirar, criou uma obra imortal, que ainda hoje perdura, sempre vivaz, após 3.500 anos; criou um povo que, ainda hoje, exerce, no mundo todo, verdadeiro poderio.

            Que obra? Que povo?

            A Teologia de Moisés é de uma simplicidade absoluta. Não é por meio da Gnose, da Cosmologia, nem da Ontologia (é a parte da metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos entes)  transcendentes que se pode conquistar um povo e fazê-lo viver. "Ouve Israel: Iavé, teu Deus, é o Deus único; só Ele existe por si mesmo!" Estas palavras os Judeus, dispersos pelo mundo inteiro, repetem a si mesmos, desde a manhã até a noite. E nesse Esquema, como lhe eles chamam, está toda a sua teologia.

            Como obra de arte, ainda menos: "Absolutamente proibida é toda imagem, toda estátua, toda representação, assim do que está no alto, no céu, como do que está em baixo, nos mundos inferiores, ou do que está na terra" (7) .

            (7) Êxodo XX,4; Deuteronômio V,8

            E a obra literária de Moisés, pessoalmente, se limita ao Decálogo, aos dez mandamentos.

            O que Moisés criou foi uma constituição social e a mais perfeita, provavelmente, de todas as constituições sociais.





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