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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Morta durante duas horas

 

Morta durante duas horas

A Redação     Reformador (FEB) Janeiro 1962

             Penka Naidenova, enfermeira húngara de 23 anos, trabalhava no Hospital de Sofia. No dia 24 de Março do ano passado, estava ela a esterilizar os instrumentos para serem usados numa operação no dia seguinte. Em dado momento, por volta de 17h 30m., enquanto abria a torneira, ela casualmente tocou a outra mão num fio de eletricidade com uma corrente de 380 volts. Um choque violento e o corpo de Penka Naidenova caiu ao chão, ouvindo-se apenas profundo suspiro.

            Um médico, chamado à pressa, declarou: “Não se ouve o bater do coração, não se sente o pulso.”

            Imediatamente iniciaram a respiração artificial. A seguir, abriu-se o tórax e fizeram-se massagens diretas no coração. Passados 37 minutos, este passou de repente a vibrar, mas anormalmente. Novos expedientes médicos e aos 43 minutos, obtinham-se contrações normais. Mas, sempre que paravam com as massagens, extinguia-se a atividade do coração.

            O corte no campo operatório começou a sangrar. Levaram-na rapidamente para a mesa de operações. Cento e vinte minutos depois de clinicamente morta, o coração dela iniciou o seu batimento: 110 pancadas por minuto. Penka Naidenova ressuscitava para a vida terrena, mas ainda permaneceria mergulhada em profunda inconsciência durante 72 horas.

            Muito lentamente foi recuperando os sentidos. Após dez dias, começou a falar: palavras isoladas, frases curtas. Não conhecia ninguém, mas sabia seu próprio nome e respondia a algumas perguntas.

            Só dois meses mais tarde Penka Naidenova entrava numa vida quase normal. E por esta altura começaram a despertar nela estranhas recordações do tempo em que... estivera morta, e ela mesma é que nos conta:

             “Estive num mundo estranho. Era maravilhoso estar ali. O Sol brilhava. Os prados eram verdes. Movia-se tão levemente, como se pudesse voar. Quando era criança, com quatro ou cinco anos, a minha avó falava-me do Paraíso e do Céu e com a minha imaginação infantil imaginei Céu tal como o vi agora.  

            Também, encontrei pessoas, mas não consigo lembrar-me delas. Conheci-as, já as devo ter visto alguma vez. Tento constantemente lembrar-me dos seus rostos para recordar os nomes. Mas, quanto mais me afasto desse acontecimento cada vez se tornam menos claras as recordações.

            Julgo poder dizer que nunca experimentara tal sensação de felicidade e de alegria como durante aquelas horas no mundo maravilhoso; digo horas, mas não sei ao certo quanto tempo durou, Devem, ter sido os minutos ou horas em que fui considerada clinicamente morta.”

             (Condensado de “O Globo”, 31-10-61.)  

             Nota da Redação: Casos semelhantes acham-se registrados em livros, e a próprio “'Reformador” já publicou alguns, notando-se em todos um aspecto deveras significativo: a vivência da pessoa clinicamente morta, num plano extra corpóreo, de além túmulo, tão real quanto o nosso, demonstração insofismável de que a vida continua...

 


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