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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Data preciosa

 

Data preciosa

por Geminiano Barboza

Reformador (FEB) Janeiro 1919

             Sentindo embora não estarmos na altura de uma apreciação condigna, achamos, entretanto, que não devemos silenciar sobre a passagem da data aniversária do Salvador da humanidade.

            E não devemos silenciar por isso que, sabemos quanto tem a humanidade vivido divorciada dos pontos sintéticos ainda os mais essenciais e culminantes da doutrina cristã, entre os quais vemos sobressair esse maravilhoso fenômeno denominado “Mistério da Encarnação”.

            De fato, vinte séculos são decorridos desde que o Verbo encarnou e o Cristo esteve entre os homens, e nem por isso tem a humanidade conseguido vantagens equivalentes ao duplo sacrifício do Filho de Deus.

            Certamente a culpa não é do Cristo, que tudo fez e tudo suportou para que pudesse ser completa e perfeita sua Missão Redentora; a culpa é toda da própria humanidade, que, por se achar em trevas e deplorável decadência, conseguiu do Amor de Deus e da sua infinita Misericórdia que ao seu seio baixasse a Divina Luz, que ele, em sua cegueira, não compreendeu e, emitindo a Luz incompatível com o estado tenebroso do seu Espírito, repeliu-a com escárnio, com rancor e arrogância.

            A doutrina, porém, discretamente lançada, com tanto amor é desvelo, pelo Pastor Divino, não foi improfícua, não ficou improdutiva; vertido sobre ela o precioso sangue do JUSTO, o seu incremento foi rápido e sólido e o seu valor desde logo reconhecido, apesar de toda a hostilidade dos inimigos da Verdade.

            Hoje, porém, graças à Bondade Divina e à lei de Evolução, outro é o nosso “estado d'alma”, não mais tenebroso como outrora, mas possuindo já um princípio de lucidez que nos permite vislumbrar a Verdade, alcançar o discernimento das coisas e até mesmo distinguir entre o bem e o mal, a Justiça e a iniquidade.

            E isto é nada menos que os frutos da doutrina santa que Jesus semeara no seio desta humanidade decaída e descuidosa.

            Por isso ousamos chamar a atenção dos sábios e entendidos, ortodoxos e leigos para a singular analogia existente entre o “Verbo de Deus” e o verbo gramatical, singularidade que concebemos e definimos assim: -O verbo gramatical, como sabeis, é conjugado dentro de três tempos, pois bem, do mesmo modo e igualmente subordinado a três tempo vem o Verbo de Deus conjugando a grandiosa AÇÃO reformadora, evolutiva e progressiva, que deve levar à consumação o seu magnífico plano de regeneração para todo o rebanho que o Pai lhe confiou; também ali encontramos - passado, presente e futuro.

            Respeitando a ordem cronológica, colocamos aqui o passado em primeiro lugar, porque o passado representa a Primeira Revelação, da qual foi Moisés o intérprete, sendo o próprio VERBO o expoente; o presente toma o segundo lugar, porque traduz a Segunda Revelação, isto é: a presença do Cristo, que é o próprio VERBO feito carne-(Evangelho de S. João, cap. 1º); e o futuro é representado pelo nosso presente (atualidade) e os dias adventícios da Era NOVA (tempos previstos e preditos do Espiritualismo e da grande evangelização) sob o domínio da Terceira Revelação.

            Eis porque a data natalícia do “Menino-Deus” foi sempre motivo de jubilo entre os povos votados ao Cristianismo e preciosa ocasião de conforto e revivescência da fé para os que hoje militam nas fileiras espíritas, especialmente os que permanecem na defensiva nessa tremenda luta que nos movem as falanges invisíveis, nossos inimigos gratuitos, porque o são da doutrina de Jesus.

            E porque a Terceira Revelação ensina que só em Espírito e Verdade devemos amar e adorar a Deus, “é claro” que só em Espirito e Verdade devemos amar e adorar o nosso Redentor, o filho da Virgem de Nazaré, cuja data natalícia veio mais uma vez agitar as fibras da alma humana.  

            Convidando, pois, a humanidade da Terra a adorar a Divindade em Espírito e Verdade, nada mais pretendemos que despertá-la para a Religião do futuro, de conformidade com a Revelação e a disciplina espírita, evidenciando desde já a desnecessidade de continuar a obscura tradição de “presepes e pastorinhas”, procissões e outras práticas puramente materiais, que, satisfazendo embora nossos sentidos, nossos hábitos e nossas vaidades, em nada beneficiam o Espírito, moral e intelectualmente.

            Em vez dessas práticas caducas e improfícuas, parece-nos bem mais sensato e proveitoso dedicarmo-nos solicitamente ao nosso asseio moral, depurando nossos sentimentos e limpando nossos corações, que devem ser adornados de virtudes, de modo a transforma-los em “berços” decentes, dignos de agasalhar com carinho e respeito o “Infinito Divino” – ao menos no dia do seu NATAL.

            Então, sentindo-o presente em nosso íntimo, envolto na gaze fina de nossos melhores sentimentos, melhor poderemos adora-lo, com maior fervor e mais sincero afeto, porquanto senti-lo-emos em nosso Ser pensante, senti-lo-emos em plena alma e nesse doce e santo enlevo, de certo será imensa e sincera nossa satisfação rememorando em nosso íntimo o “Canto dos Anjos”... 

            “- Glória ao excelso Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade.”

            Salve... data preciosa!

            Salve...  Jesus de Nazaré!

            Salve... oh! Doce Virgem, Mãe do meu Senhor!

 


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