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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Epitáfio reencarnacionista

 

Epitáfio Reencarnacionista

por Boanerges da Rocha  (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Janeiro 1963

             Benjamim Franklin foi um homem extraordinário. Teve papel preponderante em sua época, foi um dos fundadores da independência dos Estados Unidos, embaixador a quem coube negociar com Luís XVI a aliança de seu país com a França, Além disso, foi físico e publicista, tendo sido o Inventor do para-raios. Poder-se-ia discorrer mais demoradamente sobre a personalidade desse homem admirável, otimista e crente no bom destino do homem que sabe respeitar seu semelhante e cumprir os seus deveres com dedicação e eficiência. Outras invenções deixou como atestado da sua inteligência e do seu grande poder de imaginação.

            Era dado também a estudos filosóficos e acreditava piamente na reencarnação, num tempo em que se tornava perigoso admitir ou defender ideias contrárias ao dogmatismo ultramontano.

            Deixou para que pusessem na lápide de seu túmulo as seguintes palavras, que constituem, não apena uma definição, mas, sobretudo, uma profissão de fé:

                                   EPITÁFIO

Aqui jaz, entregue aos vermes, como um livro roído pelas traças e já sem as lombadas lavradas de sua capa, o corpo de Benjamin Franklin, livreiro, que há de voltar em edição nova e melhorada.

             Examinemos, ainda que perfunctoriamente, esse epitáfio simples e profundo em sua significação, claro e extenso em seu sentido espiritual.

            Realmente, o corpo humano, gasto, velho e ineficiente, depois de anos e anos de lutas e provações terrenas, parece, realmente, um livro roído pelas traças. A fisionomia enrugada e sem o brilho da juventude, a boca desfalcada de dentes, os olhos murchos e embaciados, são como o que a lombada ricamente lavrada da capa esfacelada pelo uso.

            Benjamim Franklin, genial em outras manifestações do seu espírito, o foi também ao escrever esse epitáfio reencarnacionista. Tão reencarnacionista que ele afirma que “há de voltar”, mas “em edição nova e melhorada”, isto é, com o seu espírito mais fortalecido e aprimorado pela experiência adquirida na encarnação que se extinguia. 

        Não parou, todavia, aí, a notável expressão de beleza moral desse homem magnífico e magnânimo. Em vez de lembrar a sua condição de homem de Estado, de físico eminente, ele apenas mencionou “Benjamim Franklin, o livreiro”. Modestamente, o "livreiro". Isto demonstra mais uma faceta da sua personalidade forte e espiritualizada.

 

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