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terça-feira, 3 de novembro de 2020

Conversa com os médiuns

              

Conversa com os Médiuns

por Percival Antunes  Reformador (FEB) Fevereiro 1962

 

            Entre as obras de alto valor doutrinário que a Editora da Federação Espírita Brasileira tem divulgado, encontra-se “Ensinos Espiritualistas” de William Stainton Moses, médium de diversas mediunidades, que desfrutava de enorme prestígio em sua época, não só por sua erudição como por sua esmerada educação moral

            Médium do nobre Espírito “Imperator”, pode ele legar ao mundo um dos livros mais interessantes e elevados da literatura espírita.

            Dele vamos reproduzir, para esclarecimento dos leitores que ainda não o conhecem, algo relativo aos médiuns. São conselhos de “Imperator”, que devem ser seguidos à risca.

 

                                                 A atitude dos médiuns

 

            Todos os médiuns muito desenvolvidos devem ser circunspectos: é sempre perigoso, para eles, fazer parte de grupos submissos a influências que lhes são desconhecidas. Forcejai por vir ao Centro com o vosso espírito paciente e passivo, e assim obtereis mais facilmente o que desejais.”

             Nota - Esse perigo, de que fala “Imperator”, também pode atingir os médiuns incipientes, mal orientados ou rebeldes, que não sigam as instruções do Guia ou do seu Diretor de trabalhos mediúnicos. O médium somente deve trabalhar sozinho depois

que para isso estiver autorizado pelo Guia. E somente os médiuns desenvolvidos se encontram capazes disso. Os outros, inexperientes ainda não devem fazê-lo, pois ficariam sujeitos a perturbações nocivas e a contratempos perigosos.

Cuidados necessários

             “lmperator” fez com Stainton Moses o que o igualmente nobre Espírito Emmanuel sói fazer com Francisco Cândido Xavíer: ampara-o, orientando-o. Em sua ausência, outros Espíritos igualmente dedicados, como “Rector” e “Prudens”, faziam-lhe as vezes, com idêntica elevação de propósitos.

             “Devereis sempre preparar-vos no moral e no físico para ficar em estado de vos comunicar. Já vos dissemos que não podemos operar quando o estômago está repleto de alimento e hoje acrescentaremos que o organismo não deve estar enfraquecido.

            “É tão inconveniente debilitar as forças vitais, deixando de se nutrir, como embrutecer-se pela gulodice e pela bebida. O ascetismo e o completo abandono aos desejos são extremos que nada produzem de bom. O estado intermediário deixa as forças corpóreas em perfeito equilíbrio, enquanto as faculdades mentais são nítidas e calmas. Requeremos uma inteligência ativa, nem débil nem sobre excitada, e um corpo vigoroso, sem excesso nem desfalecimento.

            “Cada homem pode, pelo exercício de uma fiscalização judiciosa sobre si mesmo, chegar a esse estado, que o torna ao mesmo tempo mais apto a desempenhar a sua tarefa na Terra e a receber as instruções que lhe são enviadas. Os hábitos cotidianos são muitas vezes mal dirigidos, o que torna doentes os corpos e os espíritos. Não indicamos regimes fora da recomendação de ter em tudo, cuidado e moderação. Quando estamos em contato pessoal, podemos então dizer o que convém às necessidades particulares. Cada um deve procurar o que melhor lhe convém.

            “Ensinar a higiene do corpo como a da alma, faz parte da nossa missão. Declaramos a todos que o cuidado judicioso do corpo é essencial ao progresso da alma.

            “O estado de existência artificial que prevalece; a ignorância quase total do que concerne à nutrição e ao vestuário; os viciosos hábitos de excesso, que estão muito espalhados, são obstáculo sérios para atingir a verdadeira vida espiritual.”

             Nota - Soberba lição, essa. E muito oportuna também em nossos dias. É ideal que os médiuns, ao se dirigirem ao trabalho mediúnicos, levem o corpo e a alma limpos. Tudo que contraria a higiene constitui forma de vibração negativa.

 Receptividade do médium

             “A tarefa mais difícil para nós é escolher um médium pelo qual as comunicações de Espíritos elevados possam tornar-se públicas.

            “0 médium deve ter faculdades receptivas, pois não podemos inocular em seu cérebro maior número de informações do que a que pode receber; além disso, ele deve afastar-se de estultos preconceitos mundanos, convindo que tenha retificado os erros da sua mocidade e provado que pode aceitar uma verdade, ainda que seja impopular.

            “Ainda mais: deve estar livre do dogmatismo teológico e de ideias sectárias preconcebidas. Não deve estar sob a influência de noções terrestres, nem permanecer ligado à enganadora ilusão de que ele sabe, pois isso é ser ignorante de sua própria ignorância.”

 Conselhos aos médiuns

             “Mantende vos tão passivo e tranquilo quanto o puderdes, e não experimenteis comunicar-vos conosco quando estiverdes excitados pelo trabalho, agitado por aflições ou com o corpo fatigado. Auxiliai para que aperfeiçoemos a nossa experimentação, em em vez de intervirdes para corrompê-la.

            "Um corpo excitado ou inerte e um espírito vago e inativo impedem-nos de operar livremente.

            “Para nós, tudo está subordinado à educação do espírito, que deve desenvolver-se sem cessar.”

             Nota – Depreende-se daí quão importante se torna também o ambiente de trabalho. Há necessidade de que os assistentes colaborem com boa-vontade, mantendo pensamentos puros e voltados para a tarefa que se realiza. Só pode trazer resultados satisfatórios a comunhão de ideias elevadas.

            Nestas poucas linhas retiradas de uma das obras mais notáveis do Espiritismo, terá o médium uma ideia pálida da enorme importância do trabalho que foi chamado a realizar.


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