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terça-feira, 6 de agosto de 2019

Inspirações - 8



Inspirações – 8
por Angel Aquarod
Reformador (FEB) Agosto 1923

COMO SE DEVE ESTUDAR

       Bem fazem em estudar os que querem desenvolver a inteligência e adquirir todos os conhecimentos que exige uma bem aproveitada peregrinação pela Terra. Bem fazem em estudar, porque o conhecimento não chove do céu, à maneira de maná, sobre os que, para alcança-lo, não o procuram pelo próprio esforço. Pelo estudo se adquirem conhecimentos do plano físico e se prepara a alma, com a iluminação da mente, para desenvolver em si as qualidades superiores que lhe são próprias.

Não fazem mal, por conseguinte os espíritas, recomendando todos os dias a seus irmãos que estudem, porque o estudo é necessário para o perfeito conhecimento da doutrina, para limar a inteligência, preservando-a de obstáculos que poderiam entorpecer a aquisição de maior ciência, e para destruir erros e preconceitos, que lhe aderiram à natureza, desde passadas existências.

Porém, nisto, como em tudo, é preciso por em jogo o discernimento, pois, quem o não fizer pode vir a padecer de terríveis enfermidades mentais, provenientes de demasiados estudos, de indigestão de leitura, como a muitos tem acontecido.

Ler! É bom, muito bom; porém, com critério, procurando aproveitar o que se lê. Ler, como se costuma fazer, sobrecarrega a mente e pouco aproveita; chega-se, por fim, a ter acumulada na mente uma porção de ideias, estranhas umas às outras e que, por não terem sido devidamente coordenadas e classificadas, postas cada uma em seu lugar, convertem o cérebro em depósito de um conglomerado de pensamentos, que travam entre si rude batalha, com prejuízo para a alma, que não poderá dispor, desde então, de uma mente sã, para exteriorizar-se. As manifestações do Ego sofrem eclipse, entorpece-se o natural desenvolvimento psíquico e com ele se perturba o funcionamento normal das faculdades mentais, resultando tornar-se o indivíduo, colocado nesta situação, um ser normal, incapaz de acertar nos assuntos de pura intelectualidade e, menos ainda, nos de natureza superior.

Para conhecer a doutrina espírita, faz-se preciso a quem quer que seja estuda-la. Tem razão os que tal coisa afirmam; porém, para estudar a doutrina espírita verdadeiramente e profundamente, não se precisa ler muitos livros, basta se leiam os essenciais e, nessa leitura, se procure penetrar até ao íntimo do pensamento estampado no livro. Deve-se, para isso, segundo conselho dado por algumas almas experimentadas, de meditar dez minutos, após cada cinco de leitura, sobre o que se leu. Deste modo se aprende, deste modo se bate à porta da intuição, para que ela facilite não só a compreensão do que o autor exprimiu no livro, como também alguma coisa mais do que disse o autor sobre a matéria desenvolvida, coisa que vem do Alto, desse Alto que está no íntimo de cada ser, que só espera se lhe toque na mola correspondente, para que chova copiosamente sobre a inteligência do estudioso, enchendo-lhe a alma de resplendores divinos. Não fazendo assim, lendo e lendo, sem parar para meditar, sem intentar aprofundar a matéria lida, com o telescópio da própria razão, apelando para o sublime mentor que há em cada ser, muito pouca coisa se consegue. Daí vem que pessoas, que têm lido muitíssimos livros e revistas de toda espécie, que têm ouvido uma infinidade de discursos sobre uma ideia, no nosso caso, sobre o Espiritismo - conhecem desta doutrina muito pouca coisa, não se elevando jamais do nível da terra. Em compensação, outras, que seguiram o conselho acima indicado, aproveitaram enormemente dos poucos livros que hão lido e dos discursos que têm ouvido.

Por isso, se bem seja prudente aconselhar o estudo, não o é se, ao mesmo tempo, não se explica como deve fazer-se esse estudo e não se aconselha que ele comece pelo mais elementar, seguindo-se, no desenvolver dos conhecimentos, um método verdadeiramente didático.

0 espírita tem diante de si um horizonte imenso de conhecimentos, que chegarão a ser seu patrimônio, mas patrimônio que lhe cumpre adquirir por seu próprio esforço. Porém, para chegar ao extremo do horizonte que se lhe abre a vista, se não empreender a marcha pelos melhores caminhos, pelos mais diretos e menos pontilhados de espinhos e abrolhos, ele se expõe a perder muito tempo, ou a seguir uma marcha penosa e a extraviar-se inúmeras vezes pelos desvios que for encontrando.

Em compensação, se se lhe indicar bem o caminho e o advertir dos precipícios que possa encontrar a sua passagem, para evita-los, e todos os acidentes capazes de lhe entorpecerem a marcha e torna-la mais penosa, conseguir-se-á, que o estudante, a menos que seja um verdadeiro díscolo, falho de raciocínio, atenda e siga a rota traçada para aproveitamento dos seus estudos.

É, pois, de rigor, aconselhar aos que estão nos preliminares do estudo da matéria, que não se metam em estudos superiores ao grau em que se acham, o que quer dizer que todo aquele que não aprofundou ainda bastante a doutrina espírita deve limitar-se, nos seus estudos, às obras fundamentais do Espiritismo, procurando penetrar até ao mais profundo de seus ensinamentos; que, se procurarem depois de cinco minutos de leitura, meditar dez, conseguirão isso; e que, pela intuição, que deste modo se desenvolve prodigiosamente, lhe virão conhecimentos superiores aos do livro que leu, sobre a matéria do estudo.

Não deve o espírita abalançar-se a outra classe de estudos antes de conhecer perfeitamente sua doutrina, estudada pelo método que deixo consignado; depois quando já tenha chegado às alturas a que um profundo estudo doutrinário conduz, então, sem temor, poderá abordar quantos estudos queira, porque, com aquele fundamento e com a intuição bem desenvolvida, de qualquer estudo que empreenda colherá ótimos frutos.

Por serem muitos os espíritas que se têm extraviado, não seguindo em seus estudos o método que preconizo, convém insistir nisto, para evitar o extravio de muitos outros e que haja tantos desequilibrados, como há, que são alvo da risota de certas pessoas, pelas extravagâncias a que se entregam e por não saberem coisa alguma, pretendendo saber tudo.

Fareis bem a vossos irmãos e à vossa própria crença, chamando a atenção para o que vos venho transmitindo, ampliando-o, certamente, para que a lição seja mais completa e eficaz, o que muito bem podeis todos fazer e, em particular, o meu amanuense, a quem não faltará, a minha inspiração ou a de qualquer outro dos muitos protetores que por ele se interessam.

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