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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Inspirações - 10



Inspirações – 10
por Angel Aquarod
Reformador (FEB) Outubro 1923

VISANDO A FRATERNIDADE ESPIRITA

Queridos meus: Cumprindo a missão que me impuserem, e por mim aceita com a máxima satisfação, continuemos ocupando-nos com o que interessa à boa marcha do Espiritismo.

Não se pode exigir dos adeptos da Nova Revelação, nem tampouco dos de qualquer outra escola, um proceder impecável. Isso está fora do alcance do homem atual, por mais evoluído que se ache e por maior que seja sua vontade de progredir. Porém, aos espíritas se pode pedir que se esforcem, mais do que atualmente o fazem, para conformar seu proceder com a doutrina que professam.

A primeira coisa que vos deve prender a atenção e a de todos vossos confrades é a relação de perfeita fraternidade em que deveis estar uns para com os outros e umas para com as outras as coletividades.

Tomem para si os espíritas aquelas memoráveis palavras do Redentor do mundo, que constituíram o seu último mandamento: “Amai-vos uns aos outros, nisso conhecerão os homens que sois os meus discípulos, se vos amardes mutuamente como eu vos amei.”

Este mandamento divino geralmente o olvidais, o que é causa de imensa perturbação em vosso campo, impedindo maior esforço pelo desenvolvimento dos novos princípios, pois que não se pode confiar labores de ordem mais elevada, que esperam ocasião oportuna, a servidores que realizam com sensível imperfeição a tarefa que lhes cabe, não porque lhes falte aptidão para aperfeiçoá-la, mas porque se deixam dominar por baixas paixões, que deveriam estar extintas para sempre, para sempre sepultadas nas profundezas do panteão do olvido.

Quando conseguirá a família espírita viver em completa e exemplar fraternidade? Longe está o dia em que isso se possa conseguir. Outros Espíritos terão que incarnar na terra e que invadir as fileiras espíritas trazendo muito desenvolvido o sentimento da fraternidade, a fim de indicarem o verdadeiro rumo para a solução de todas as vossas questões, encaminhando-as a porto seguro, estabelecendo o padrão que deverão imitar nas suas relações os adeptos e os núcleos coletivos. Os adeptos atuais reencarnarão novamente, para seguir o exemplo que verão implantado, aproveitando melhor que agora as lições dos grandes Mestres.

Estais atualmente executando um labor de aprendizes aliás pouco adiantados. Esse labor é o que corresponde ao atual estado do Espiritismo e o que hoje se pode conseguir na terra, dado o modo de ser da sociedade contemporânea. Quando chegar a hora, os obreiros fieis e práticos no bom labor serão escolhidos e se confundirão com os espíritos superiores, que hão de implantar os novos moldes. Os outros, por ineptos ou infiéis, serão excluídos, ficando, porém, como servidores de última categoria, para desempenhar funções subalternas. Porque, sempre, e em toda a espécie de organizações, são necessários espíritos dessa categoria, os quais, exercitando-se nos trabalhos que lhes são adequados, aprendam com os Mestres e se tornem aptos a prestar serviços úteis, de acordo com a capacidade e os merecimentos que vão adquirindo.

Mas, a era em que tudo isso se dará poderá ter seu advento mais ou menos apressado, na medida em que os espíritos que se forem sucedendo, aproveitarem dos ensinamentos do Espiritismo, para por este pautarem seu proceder.

O que mais urge, pois, nas fileiras espíritas, para apressar o advento desse período que anunciei, é o desenvolvimento do sentimento da fraternidade, que abrange o da mais completa benevolência.

Entre os espíritas de todos os países se nota uma espécie de desconsideração, até mesmo de desprezo, pelos confrades que dissentem do modo de apreciar certos pontos doutrinários, que se entregam a determinadas práticas, ou que carecem da cultura de que os outros se julgam possuidores. E o que ocorre no terreno individual, ocorre também na ordem coletiva.

0s que se consideram com maiores possibilidades intelectuais olham com verdadeira indiferença, quando não com censurável desdém, para os que se lhes afiguram mais ignorantes. Os que colocaram a razão como Senhora absoluta do seu modo de apreciar, rendendo-lhe culto de Deusa, têm por fanáticos quantos creem no que se lhes ensina, sem fazerem trabalhar muito a inteligência na análise da doutrina e práticas que se lhes mostrem como indispensáveis, necessárias ou recomendáveis á do Espiritismo.

As coletividades, em geral, se olham como rivais, presas de fanatismos censuráveis, em luta com a razão e o bom senso. Todas se julgam as únicas organizadas conforme a reta doutrina espírita e consideram as práticas que adotam como as melhores, reprovando as preferidas por outras entidades, desde que sejam diversas.

E assim é em todos os aspectos que oferece a vida espírita. Esta má predisposição para a fraternidade e para a benevolência aproveita-a o espírito da discórdia que inspira a umas e outras coletividades o isolamento, fomentando, primeiro, antagonismos irredutíveis.

Tudo isso é necessário que acabe, devendo contra isso reagir os que estão à frente das coletividades espíritas, as quais precisam pôr-se em guarda contra as perversas sugestões do espírito de discórdia, representado por algumas entidades que se comunicam em suas respectivas sociedades.

Porém, tal coisa não se conseguirá, se não se procurar que o sentimento religioso domine em todas as manifestações individuais e coletivas; mas, sentimento bem sentido, não de pura formula. Com esse sentimento, não se excluirá a oração, antes se apelará para ela e, mediante esse entendimento com a Divindade e as Potências superiores, se conseguira tirar todo o poder ao espírito da discórdia. Com o sentimento religioso se desenvolverá paralelamente o de fraternidade e então a benevolência se instalará nos corações espíritas. Com o sentimento de fraternidade e a benevolência inspirando todas as relações individuais e coletivas, forçosamente se logrará a orientação mais conveniente ao progresso do Espiritismo.

Pode-se, pois, considerar completo o fracasso de todos quantos, militando no campo espirita, não levam em conta estes fatores no desenvolvimento e prática do ideal. São valores perdidos, inúteis, para o cumprimento da missão que lhe está reservada.


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