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domingo, 22 de junho de 2014

O pensamento de Hermínio Miranda



Hermínio Miranda
Reformador (FEB) Fevereiro 1962
in 'Lendo e Comentando'

         " ... Frequentemente tenho insistido, nos comentários subscritos para "Reformador", em como seria do interesse de todos nós; espíritas, ortodoxos ou materialistas, que as igrejas organizadas se empenhassem na pesquisa do fenômeno mediúnico. Mas pesquisa mesmo, sem ideias preconcebidas, sem espírito partidário, sem olhar conveniências pessoais de cada uma das organizações interessadas. Isto seria útil sob vários aspectos. Muitos de nós somente aceitamos como verdade incontestável aquilo que nos é afirmado pelas pessoas ou pelos grupos que respeitamos e admiramos. Quando somos crianças, é a palavra dos pais, mestres, superiores enfim. Recorremos a eles como a um Supremo Tribunal particular para dirimir dúvidas e incertezas. Mais tarde, quando nos tornamos adultos, procuramos esclarecer nossas indagações junto ao grupo religioso ou científico que nos merece maior acatamento. Os religiosos socorrem-se da autoridade de sua igreja, como há os que aguardam sempre, em qualquer pendência filosófica, o parecer da Ciência. Em vez de procurar atender a essa universal expectativa, as igrejas organizadas, numa perigosa tentativa de manter suas posições, combatem em dois "fronts" distintos, tanto o Materialismo como o Espiritismo. A questão fundamental, porém, e que parece tão relegada e esquecida, é que as religiões, ortodoxas ou não, se fundam no Espiritualismo, isto é, na existência do espírito humano e sua sobrevivência à morte física.

            Parece-nos, pois, sumamente irracional dar combate a um conjunto doutrinário que se propõe exatamente a demonstrar a veracidade daqueles princípios. Não seria mais lógico que as religiões ortodoxas procurassem valer-se do Espiritismo doutrinário, ou, pelo menos, dos métodos de trabalho que serviram de ponto de partida para o seu desenvolvimento científico? Acredito que nenhum espírita convicto, conhecedor de sua doutrina, terá receio da arguição. Acataríamos com serenidade total qualquer movimento no sentido de investigar com todo o rigor os fatos que proclamamos como autênticos, pois sabemos seguramente que eles são realmente genuínos. Estão aí para quem quiser ver. Enquanto se conservarem nessa atitude negativa, as religiões ortodoxas não terão muito que dizer aos seus fiéis, salvo as usadíssimas e gastas advertências infundadas de que os fenômenos mediúnicos são coisas "do diabo, de que é pecado manter qualquer espécie de ligação com os chamados "mortos" e outras.


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