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quinta-feira, 5 de junho de 2014

14. O pensamento de Camille Flammarion



pgs. 67  de
Sonhos Estelares’ de Camille Flammarion
(Edição FEB - 1941)
com tradução de Arnaldo S. Thiago

            De que bizarros sistemas religiosos não tem até agora a humanidade terrestre rodeado sua imaginação infecunda! O israelita, que supõe ser agradável a "Deus" praticando a circuncisão ou comprando uma faca nova para estar certo de que não a tocou a banha de porco; o cristão que imagina fazer com que "Deus" baixe sobre uma mesa, cristão esse a quem os predicadores contam que as preces e os jejuns têm influencia sobre a meteorologia e a agricultura (*); o muçulmano que vê a porta do paraíso de Maomé aberta diante dele quando apunhala um missionário; o fanático que se precipita sob as rodas do carro de Jaggernaut (ser lançado a Moloch – (ou demônio)); o budista que permanece fascinado na contemplação beata de seu umbigo ou põe em movimento um moinho de preces, para redimir-se de seus pecados, fazem certamente do desconhecido e incognoscível, a mais ridícula, a mais pueril das ideias.


            Todas essas ninharias do espírito estavam em correlação com a ilusão primitiva da pequenez do universo, considerado como uma espécie de escrínio revestido de pregos de ouro, encerrando a Terra em seu seio. Na verdade, se não tivesse tido astronomia outro resultado mais do que o de ampliar as nossas concepções gerais, e mostrar-nos a relatividade das coisas terrestres no seio do absoluto, libertando-nos daquela antiga escravidão, das ideias e, tornando-nos livres diante do infinito, mereceria ela, mesmo assim, a nossa veneração e o nosso reconhecimento eternos, porque sem ela seríamos ainda incapazes de pensar com exatidão”

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