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terça-feira, 21 de julho de 2020

Reflexões sobre o corpo fluídico de Jesus e a física moderna




Reflexões sobre o corpo fluídico de Jesus
e a física moderna

por Sérgio Thiesen                       (sergiothiesen@gmail.com)

“As ideias religiosas, longe de perderem alguma coisa, se engrandecem,
caminhando de par com a Ciência”. (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, cap. III, pág.73, ed. FEB).

“O Eleito é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas que nos são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito, que é Jesus Cristo.
(“O Consolador”, de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier, 5ª Ed. FEB, pág. 155)

“O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne.” (Paulo, Romanos, 8:3)



        Estamos a 157 anos da publicação de “O Livro dos Espíritos”, a obra mais importante da grande revolução do pensamento, em prol da humanidade, que o Espírito Verdade, Jesus, o Cristo de Deus nos legou, desde a Boa Nova, os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.

        Como não poderia deixar de ser, Allan Kardec e os espíritos da Codificação, tinham na Ciência da época, os conceitos e termos, as palavras e explicações dos fenômenos conhecidos da Natureza, para utilizarem nas mensagens e reflexões, notas e comentários que fariam parte da novel Doutrina.

        Quando surgiu no mundo a Doutrina Espírita, em abril de 1857, os homens estavam recebendo dos planos superiores da vida universal a mais sólida e definitiva fonte de ensinamentos fundamentais sobre sua realidade, sua essência, seu destino. O monumental acervo do conhecimento superior para a evolução definitiva dos espíritos havia sido plantado no cenário parisiense para espraiar-se pelo orbe inteiro nos séculos seguintes.

        Allan Kardec era educador, pesquisador e amante da Ciência e viveu em meio a matemáticos, astrônomos, botânicos e físicos que fizeram a Ciência de seu tempo.

        Os Espíritos que participaram da Codificação trouxeram revelações que se configuraram nos postulados espíritas, a base da Doutrina. E usaram os termos, as analogias, as comparações e o conhecimento da Humanidade de então para poder levá-la a um outro nível de compreensão do mundo e das coisas e facilitar-lhe a evolução.

        Em 1868, com a publicação de “A Gênese”, completava-se o Pentateuco Kardequiano. A partir daí, o Espiritismo se consolidou como Doutrina e espalhou-se pelo mundo, notadamente na própria Europa e a seguir no Brasil e nas Américas.

        Os Espíritos continuaram seu trabalho de revelação progressiva em que descortinaram novas ideias sobre a realidade espiritual, a complementarem aquelas da Codificação, especialmente através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, no Brasil. E o Espiritismo atravessou o século XX e distende suas luzes a todos os continentes, neste novo milênio, com vistas ao porvir.

        E foi neste mesmo período de tempo que a Ciência mais progrediu, mais avançou, na busca incessante do homem de conhecer a Natureza, perscrutando-a com instrumentos cada vez mais sensíveis, revelando suas características e descrevendo as leis que regem os mais diversos fenômenos, estabelecendo novas fronteiras de conhecimento, além dos referenciais até então conhecidos, além do espaço cartesiano e do tempo convencional.

        As leis clássicas da Física não podiam explicar certos resultados experimentais da chamada radiação de corpo negro e, em 14 de dezembro de 1900, Max Planck publica um artigo sobre a quantização da energia, que equaciona o problema, a chamada catástrofe do ultravioleta e abre uma verdadeira revolução na Física, a mãe das Ciências; nasce a Mecânica Quântica e com ela a Física Moderna. A Física Clássica passou a ser um caso particular da Física Moderna, para explicar os fenômenos com dimensões tais que impressionam os sentidos humanos, enquanto que aqueles de dimensões pequeninas, infinitesimais, que são a base de todo o Universo, só podem ser entendidos a partir da ideia da quantização. E a compreensão do Universo que temos hoje se assenta numa realidade quântica. E a matéria que impressiona os nossos sentidos é apenas uma parte do que hoje se conhece do mundo em que vivemos.

        No decorrer do século XX, Albert Einstein introduziu, de maneira notável, algo completamente novo no campo do conhecimento, a sua Teoria da Relatividade Geral e Especial, que viria a se tornar, junto da Mecânica Quântica de Planck, o outro grande pilar da Nova Física.

        A teoria atômica de Dalton já era conhecida. O átomo que se pensava indivisível, era, portanto, o tijolo fundamental a estruturar a matéria universal. Mas a estrutura interna do átomo começou a ser desvendada no final do século XIX com a descoberta do elétron e continuou no início do século XX com o trabalho de Rutherford e Chadwick e a evidência do próton e do nêutron.

        O século XX foi também marcado sucessivamente, década após década, pela descoberta das chamadas partículas elementares, em que os prótons e nêutrons foram ‘quebrados’ e as suas estruturas internas reveladas. Na sua composição surgiram os quarks “up” e “down” e os glúons. Segundo o Modelo Padrão da Física, os quarks ocorrem em seis tipos na natureza: "top", "bottom", "charm", "strange", "up" e "down". Os dois últimos formam os prótons e nêutrons, enquanto os quatro primeiros são formados em hádrons instáveis em aceleradores de partículas. De tal maneira que a matéria do Universo é hoje e definitivamente entendida como formada por quarks (que por sua vez compõem os bárions e mésons) e os léptons (como os elétrons e neutrinos).

        A antimatéria, que também é matéria, é outra importantíssima descoberta do último século. Ela introduziu a noção prevista matematicamente e comprovada de que as partículas elementares (constituintes da matéria) possuem seu análogo de carga inversa, como por exemplo o pósitron, o antineutrino, o antipróton. O conceito de antimatéria surgiu da união entre a mecânica quântica e a relatividade especial por Paul Dirac, e sua teoria sobre o elétron e sua contraparte antimaterial, o pósitron. Em 1928, ele desenvolveu a chamada Equação de Dirac, que descreve o comportamento relativístico do elétron. Esta teoria o levou a prever a existência do pósitron, a antipartícula do elétron, que foi observado experimentalmente em 1932 por Carl David Anderson. Recebeu Dirac, em 1933, junto com Erwin Schrödinger, o Nobel de Física].

        Os aceleradores de partículas já demonstraram a criação dos pares elétron-pósitron e seu aniquilamento, confirmando a teoria.

        A matéria escura (dark matter) do Universo é outra noção especial e de recente verificação da Física Teórica. Há evidências crescentes de que uma grande parte da matéria que compõe o Universo não é aquela que as estrelas e as galáxias conhecidas poderiam justificar, somando-se todo o Universo detectável por todos os instrumentos conhecidos, incluindo os mais modernos telescópios e as sondas mais sofisticadas que viajaram a incomensuráveis distâncias da Terra.

        A partir de 50 anos de observações dos movimentos de galáxias e da expansão do Universo, a maioria dos astrônomos acredita que 90% da matéria que constitui o Universo são de objetos ou partículas que não podem ser detectados pelos inúmeros instrumentos que vêm observando, a partir da Terra e do Espaço, o Cosmo.

        Matéria escura é, pois, matéria. Esta matéria é chamada escura porque não irradia, não oferece nada que seja detectado no espectro eletromagnético, como tudo o mais que já é conhecido. Ou pelo menos, não irradia na dimensão que habitamos quando encarnados, acrescentaríamos.

        Físicos e astrônomos tentam explicar esta matéria escura. Poderia tratar-se de material comum como estrelas ultra fracas, grandes ou pequenos buracos negros, gás frio ou poeira cósmica espalhada pelo Universo. Mas podem ser partículas “exóticas” que não sabemos como observar ou mundos e estruturas materiais tão sutis e de composição não definidas.

        Tão importante é a matéria escura para o entendimento do tamanho, forma e destino, do Universo, que a procura por ela irá dominar a Astronomia pelas próximas décadas. Importa notar que, na medida em que a Ciência progride, poderá, através do estudo dos elementos constitutivos materiais do Universo, beirar a realidade do mundo espiritual e por este outro caminho, enfim, alcançar o Espírito imortal e definitivamente incorporar esta Verdade essencial e ingressar na maioridade do conhecimento, libertando-se moralmente, a partir de mudanças em seus valores fundamentais.

        Na pergunta número 27, os Espíritos introduzem a ideia de fluido universal, incluindo-o, junto com a matéria propriamente dita e o Espírito, como um dos elementos constitutivos. A matéria, sob ponto de vista macroscópico, é dividida em sólidos e fluidos. A palavra fluido hoje só é utilizada para substâncias, como os gases, os líquidos e o plasma, que é um gás altamente ionizado e importantíssimo constituinte das estrelas. Fluidos são substâncias que podem escoar. Portanto os Espíritos estavam se referindo a outra coisa, possivelmente energia ou campo que são noções hoje bem definidas. Energia e campo permeiam todo o Universo conhecido.

        A sugestão de que seria algo distinto decorre da ideia, expressa na mesma resposta, comparando o fluido elétrico e o magnético como modificações do fluido universal. Não se usa mais o termo fluido elétrico desde que se verificou que este não é contínuo e sim granular, sendo a carga elétrica o grânulo fundamental. Esse quantum de carga é tão pequeno que não se manifesta em experiências do cotidiano, assim como não percebemos que o ar que respiramos é composto de átomos. Mas isso só foi conhecido depois de Kardec, que se utilizava das noções de Franklin e de seus contemporâneos. Na mesma resposta é dito que o fluido universal ou primitivo é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

        Nesse ponto é importante verificarmos que a teoria eletromagnética moderna é que explica essa união dos elementos que constituem a matéria. Esta teoria aborda o campo, a energia e a força elétrica, que descrevem corretamente: a) as forças que ligam os elétrons de um átomo ao seu núcleo; b) as forças que unem os átomos para formar as moléculas, e c) as forças que ligam os átomos e as moléculas entre si para formarem os sólidos e os líquidos.

        Ou seja: a matéria que conhecemos é mantida assim estruturada pela união dos seus constituintes numa configuração estável pelas forças elétricas. E o universo conhecido para além da fronteira planetária – as estrelas, as galáxias, os conglomerados galácticos, o meio interestelar e intergaláctico – é permeado deste campo eletromagnético, tanto na faixa das frequências que compõem o espectro visível, como de micro-ondas, raios gama, raios cósmicos, etc.

        Mas, além das forças eletromagnética e da gravidade, o Universo e a Natureza são sustentados por outras duas forças: a de interação fraca (quando da conversão de nêutrons em prótons com emissão de um elétron e um antineutrino, também chamado decaimento beta) e a que vamos comentar a seguir.

        No núcleo dos átomos encontramos aquela força atrativa muito intensa que mantém os prótons e os nêutrons unidos e que é chamada de força nuclear ou interação forte.

        Caso essa força não existisse, o núcleo romper-se-ia imediatamente, por causa da forte repulsão elétrica existente entre os prótons. Como todo o Universo material é composto de núcleos, ele não seria como é se esta força não existisse.

        Por exemplo, a constituição básica das estrelas que povoam o Cosmo é de hidrogênio, que é o elemento mais primordial e fundamental. No centro das estrelas, onde a temperatura é altíssima, ocorre o processo de fusão termonuclear entre núcleos de hidrogênio (prótons) formando núcleos de hélio (prótons e nêutrons) graças à presença de interações nucleares fortes. E é esse processo o responsável pela energia das estrelas e pela irradiação de energia eletromagnética, a luz que cintila no firmamento, aqui chegando depois de cruzar distâncias imensas. Assim, sem esse tipo de interação forte as estrelas não existiriam... Até agora, conhece-se apenas parcialmente a natureza desta força, a qual se constitui no problema central das atuais pesquisas no campo da Física Nuclear.

        Portanto, a resposta em que os Espíritos abordam aquela característica do fluido universal de manter a matéria sem se dividir faz-nos supor a íntima relação entre a força (ou energia, ou campo) eletromagnética e a forte (nuclear) com esse mesmo fluido. São os próprios Espíritos que afirmam ser o fluido universal de natureza material (grifo nosso) sutil e etérea.

        E para que possamos continuar estabelecendo estas relações de conhecimento, sobre esta última afirmativa cabe ressaltar que a relação entre matéria e energia é hoje bem compreendida através da teoria da relatividade de Einstein, que foi desenvolvida várias décadas depois da Codificação e que postula a matéria como energia condensada.

        Ainda sobre fluido universal convém colocar a importante questão da teoria da Grande Unificação, quando se busca reunir todos os quatro tipos de força ou interações (eletromagnética, forte, fraca e gravitacional), já descritas na natureza como originadas de uma Única Força ou Interação Fundamental.

        Existiria, pois, uma única grande força ou campo que deve ser aquilo que eles, os Espíritos, desejavam adiantar como sendo, rotulada com o melhor termo da época (no vocabulário humano), o fluido universal. Convém lembrar que quem usou outro termo para aquilo que os Espíritos queriam dizer foi a Ciência, por estudos feitos depois de Kardec. Não há aí qualquer necessidade de adaptação da terminologia daquela época à dos nossos dias, até porque o termo fluido faz parte da história da Ciência e é bem conhecido também dos cientistas e leigos.

        Na pergunta de número 35, Kardec questiona se o espaço universal é infinito ou limitado e os Espíritos respondem que este é infinito... “Isto te confunde a razão, bem o sei (...)”, acrescentam. Do telescópio de Monte Palomar, de cinco metros, podem ser observadas cerca de um bilhão de galáxias, algumas situadas tão longe, no espaço, que a luz que delas contemplamos é a que a expediram em nossa direção antes que a Terra existisse. Um bilhão de galáxias! Se um raio de luz começasse a percorrer a nossa modesta Via-Láctea, deslocando-se com a velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, levaria cem milênios para atravessá-la. Existem aglomerados galácticos com mais de cem galáxias! E só a nossa possui mais de um trilhão de sóis... Foi neste último século que ficou evidente que vivemos num Universo povoado por um número gigantesco de galáxias, espalhadas pela vastidão do espaço cósmico. Nossa Via-Láctea é apenas uma entre bilhões de outras. Nosso planeta não ocupa uma posição especial no sistema solar, nosso Sol não ocupa uma posição especial em nossa galáxia e esta não ocupa uma posição especial no Universo. O que temos de especial é a sagrada oportunidade de nos maravilharmos com a beleza e profunda harmonia do Cosmo.

        A Cosmologia e a Astrofísica são os ramos da Ciência que não existiam no século de Kardec e que vêm permitindo o esclarecimento destes relevantes aspectos do conhecimento sobre a criação do Universo, sua extensão e características básicas.

        Numa série de descobertas notáveis na década de 20, o astrônomo americano Edwin Hubble não só mostrou que o Universo é povoado por inúmeras galáxias como a nossa Via-Láctea, como também descobriu algo de importância crucial em Cosmologia, a expansão do Universo. A plasticidade do espaço-tempo, alicerce fundamental da relatividade geral, é maravilhosamente expressa na expansão do universo. Carregados pela geometria em expansão, os bilhões de galáxias decoram, com sua infinita riqueza de luz e forma, a imensidão e infinitude crescente do espaço.

        O Universo é uma entidade dinâmica, realizando a dança do devir, da transformação. Em todas as escalas, dos componentes mais minúsculos da matéria até o Universo como um todo, movimento e transformação emergem como símbolo da nova visão do mundo, substituindo a visão rígida da Física Clássica.

        A pergunta seguinte é sobre se existe o vácuo absoluto (ou a inexistência de matéria) em alguma parte do Universo e a resposta é negativa. Já se sabe que o espaço interestelar e intergaláctico é preenchido por partículas, como o neutrino, e campos que são detectáveis atualmente ou previstos teoricamente.

        Na pergunta 41 Kardec interroga se um mundo completamente formado pode desaparecer e a matéria que o compõe disseminar-se de novo pelo espaço. “Sim, Deus renova os mundos, como renova os seres vivos”. A Astrofísica considera que os mundos (estrelas) são formados, nascem, envelhecem, contraem-se, “morrem”, explodem e renascem, numa incessante recriação. E sob as vistas paternais de Deus e sob o controle amoroso e decisivo dos Arcanjos Divinos, diríamos nós.

        O Espiritismo é uma Ciência, que trata de uma ordem diferente de fenômenos, os fenômenos espirituais e de suas implicações morais.

        Antes de tratar dos temas mais importantes sobre o Espírito imortal e chegar aos postulados espíritas, em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec formulou várias questões sobre os elementos constitutivos do Universo e algumas de suas características. Fazendo uma análise comparativa entre as respostas dadas pelos Espíritos e os avanços da Ciência, especialmente da Física, concluímos que estes anteciparam a Kardec várias verdades que só mais tarde, no decorrer do século seguinte, seriam verificadas pelo desenvolvimento da Ciência humana. Em geral, os Espíritos deixam ao homem os avanços do conhecimento científico pelo seu esforço e mérito. Mas as revelações nos chegam de Cima, a partir da ação dos Espíritos superiores, para que possamos conhecer a realidade, com alguma antecipação, com vistas à marcha mais acelerada do progresso. Isto que ocorreu com temas afeitos à Ciência oficial, que se tem dedicado aos aspectos essencialmente materiais da vida e do Universo deverá, passado mais algum tempo, repetir-se quanto às questões espirituais.

        O ser humano também alcançará seu entendimento sobre a realidade do Espírito, e suas consequências, pelo esforço da própria Ciência, conquistando a crença definitiva desta realidade, revelada antes pela Doutrina Espírita, e estendendo a luz desse conhecimento ainda mais além. Assim como as leis que regem o que conhecemos do Universo até o presente, foram bem estabelecidas ou desvendadas gradativamente pelos cientistas, aquelas que governam a realidade espiritual haverão de ser devidamente esclarecidas. Esta realidade é regida por leis análogas às nossas e por outras especiais porque exclusivas do mundo espiritual.

        Como os elementos constitutivos são distintos, o despertar é recente para estas ideias, a instrumentalidade completamente nova, conhecer estas leis requererá dedicação e tempo. Mas não nos esqueçamos que grandes massas de criaturas poderão avançar no rumo do Espírito e do progresso moral quando a própria Ciência incorporar suas novas descobertas.

        Seria, porém, rematada ingenuidade supor que a Ciência humana terrestre chegará rapidamente à solução definitiva dos seus problemas substanciais, porquanto precisará realizar antes disso e para isso, duas conquistas: primeiro, terá que reconhecer, por seus próprios meios, suas averiguações, seus cálculos e suas induções (e intuições), senão a certeza, pelo menos a probabilidade da existência do Espírito e das dimensões espirituais da Vida; e, segundo, construir novas aparelhagens e sobretudo novos métodos de investigação para penetrar nesses novos domínios. Neste último caso, as dificuldades a vencer serão imensas. Não se trata, portanto, tão-somente de aperfeiçoar maquinismos e instrumentos técnicos, mas sim, consciências, através do desenvolvimento racional de faculdades psicofísicas capazes de serem utilizadas para a produção útil de fenômenos investigáveis.

        Enquanto, porém, não houver, na Terra, condições morais que justifiquem tão elevado tipo de cooperação aberta e indiscriminada, o Governo Espiritual do Planeta não facilitará condições nem circunstâncias que favoreçam o êxito maior de tentames desta espécie, além dos limites da educação e do incentivo ao espírito perquiridor dos homens. É fácil de compreender que o intercâmbio livre e permanente com planos e forças superiores da vida não pode ser facultado a seres predadores, de baixo senso ético e ainda espiritualmente irresponsáveis.

        Por essa razão, a aceitação e a vivência dos princípios morais do Evangelho de Jesus são condições fundamentais a serem cumpridas, a fim de que as Inteligências Superiores outorguem ao Homem Terrestre o diploma de maioridade espiritual que lhe permita o ingresso efetivo no mundo de relações com a Comunidade Cósmica a que pertence.

        A identificação vibratória com a natureza das sensações materiais constitui obstáculo intransponível à penetração consciente e proveitosa em outras dimensões que, para os seres assim faltos de maior sensibilidade, continuam como se não existissem, embora os influenciem decisivamente.

        Diante das perplexidades da Ciência e da pressão cada vez maior dos fatos novos, que não cessam de fustigar a inteligência humana e de rumá-la para novas pesquisas e conclusões mais elevadas, cabe aos espíritas a sublime tarefa de oferecer aos pesquisadores e estudiosos humanos a contribuição substancial do Espiritismo, de modo a ajudar os cientistas sinceros a orientar-se com segurança na direção das verdadeiras soluções. Mas os espíritas só conseguirão fazer isso, com verdadeiro proveito, se se dedicarem seriamente ao estudo das realidades e dos progressos da Ciência, cotejando tudo, ponto por ponto, com as pesquisas, os conhecimentos e as revelações do Espiritismo, de modo a oferecer contribuições sérias aos pesquisadores e aos homens de pensamento que laboram fora de nossos muros.

        Naturalmente, o trabalho maior dos espíritas-cristãos será sempre o da sua própria melhoria de sentimentos e de bem-fazer. O equilíbrio de atitudes cabe, porém, em toda parte, e não seria justo nos ausentássemos, a título de cultivar a humildade e as virtudes do coração, do esforço comum em prol do progresso humano. Afinal, as novas dimensões do conhecimento, que se abrem no mundo, são as grandes dimensões do Espírito imortal.

        Numa indescritível profusão de luzes, cores e sons, esplende infinito e majestoso o império sideral dos universos divinos. Movem-se vertiginosamente pelos espaços sem fim, incontáveis multidões de nebulosas e galáxias, carregando consigo inumeráveis aglomerados de milhares de milhões de estrelas, anãs ou gigantes, novas ou pulsantes, brancas, amarelas, azuis e vermelhas, com seus planetas e satélites, cometas e meteoros, numa sinfonia de belezas que ultrapassa todos os nossos poderes de imaginação.

        E tudo se movimenta, se agita, em velocidades inimagináveis, harmoniosas ou turbilhonantes, em voragens e explosões, em transformações e renascimentos, num frenesi inestancável em que tudo se equilibra sob o comando invisível da ordem suprema que a tudo preside: o Espírito de Deus.
O universo observável, que em Cosmologia é a região do espaço limitada por uma esfera, cujo centro é o observador, contém aproximadamente de 30 a 70 bilhões de trilhões de estrelas, organizadas em mais de 80 bilhões de galáxias, que formam elas mesmas aglomerados e super-aglomerados. Ainda assim é, tão somente, a ideia que fazemos hoje da Criação Universal.

        A palavra "natureza" provém da palavra latina natura, que significa "qualidade essencial, disposição inata, o curso das coisas e o próprio universo".  Natura é a tradução para o latim da palavra grega physis (φύσις), que em seu significado original fazia referência à forma inata onde crescem espontaneamente plantas e animais. O conceito de natureza como um todo — o universo físico — é um conceito mais recente que adquiriu um uso cada vez mais amplo com o desenvolvimento do método científico moderno nos últimos séculos.

        Tudo o que se sabe sobre o Universo, conhecido como matéria, em que a sua mais notável expressão são as estrelas e galáxias, é tão somente a parte constituída de matéria ordinária. Mas, o que chamamos de matéria escura e energia escura são o principal componente da Criação e a Ciência terrena não tem ainda noção alguma do que vem a ser essa colossal substância, que permanece insondável pelas limitações, mesmo dos mais refinados instrumentos já desenvolvidos pelo homem. E ainda, pelos mais notáveis voos, das mentes brilhantes dos grandes missionários no campo do conhecimento. Juntas perfazem 96% da composição do Universo e tudo o mais que conhecemos, a matéria comum ou bariônica, apenas os 4% restantes. Os astrofísicos e cosmólogos que se debruçam sobre essas perspectivas, esquadrinhando as possibilidades quanto às suas definições e natureza, serão os Nobéis das próximas décadas e terão para a Humanidade o mesmo valor de quando Galileu Galilei ergueu para o céu as primeiras lunetas artesanais e abriu os novos domínios do conhecimento aos homens, há quase cinco séculos.

        A partir do advento da Doutrina Espírita, passamos a entender a Natureza como sendo estruturada por duas realidades distintas, que se interpenetram e se completam, a do mundo material e a do mundo espiritual. Quando nos referimos a essa dualidade, pensamos com mais facilidade em termos do nosso planeta e nas características da distribuição da vida nos dois planos. Mas o que é válido para o orbe terreno é realidade no Universo como um todo. Mundos materiais, mundos fluídicos, mais ou menos quintessenciados, com suas partes materiais e espirituais, elementos habitados por espíritos, as moradas infinitas a que Jesus se referiu, compondo as humanidades.

        Assim como a matéria que compõe o mundo espiritual daqui não é conhecida e percebida pelos instrumentos humanos, tanto quanto os espíritos que nele vivem, a não ser pelos médiuns, o mesmo parece ocorrer com os outros mundos, por certo habitados por espíritos e constituídos de matéria sutil, que não impressionam nossos sentidos grosseiros.

        Se a matéria e energia escura são, ao que se sabe, o principal elemento da constituição universal, da Criação, e nos recordando da pergunta 27 de “O Livro dos Espíritos”, em que os Espíritos disseram que o os dois elementos gerais do Universo são espírito e matéria, além do fluido cósmico universal, fica, como possibilidade que a grande parte que ainda está por ser definida, corresponda, aos mundos e realidades fluídico-espirituais, constituindo-se de matéria não ordinária, não bariônica. A matéria bariônica se refere a todo o material composto principalmente de prótons, nêutrons e elétrons.

        A cadeira em que sentamos, é formada por matéria bariônica. Nosso corpo é formado por matéria bariônica, assim como o computador, celular, carro, as estrelas e os planetas. A maneira como entendemos a natureza da matéria, hoje, é baseada em poucos tipos de partículas e elas podem ser divididas em três classes: quarks, léptons e os intermediadores. No entanto, em 1933, o cientista suíço, Fritz Zwick, ao observar e calcular a energia de uma galáxia, percebeu que a energia acumulada era muito maior do que a quantidade de matéria bariônica visível. Quando se observa um carro em movimento, é possível calcular a energia desse carro. Quando uma galáxia está em movimento, é possível, também, calcular sua energia, que depende da quantidade de massa que a galáxia possui. Zwick chegou a dois números diferentes e percebeu que a massa visível era muito menor do que a massa invisível. Essa matéria invisível veio a se chamar matéria escura.

        Mas, se a massa é invisível, como é possível saber que ela existe?  Quando olhamos para um sistema, sabe-se que ele tem que ter mais massa do que enxergamos, se não o movimento desses sistemas seria, fisicamente, impossível. Conseguimos explicar como a matéria bariônica funciona. Sobre a matéria escura, não sabemos nada! Sua composição, tampouco como ela se encaixa no universo como um todo. Muito provavelmente, ela teve muita influência na formação das galáxias, inclusive na formação da Terra. A astrofísica estuda as dimensões macro. A física de partículas, por outro lado, estuda as dimensões micro. A matéria escura é um dos poucos assuntos em física, que consegue estabelecer conexões entre o micro e o macro, o que a torna um assunto fundamental para a Ciência.

        Energia escura, no entanto, não é a mesma coisa que matéria escura. Energia escura foi uma teoria feita para explicar a expansão acelerada do Universo. Para fazer uma analogia com a expansão do Universo, a comparamos com uma bola de aniversário que está sempre enchendo. A superfície dessa bola representa a expansão do universo. Para isso, se gasta energia. Essa energia é definida como energia escura. O termo ‘escuro’ entra, novamente, para definir algo que não se consegue explicar. A matéria escura é uma componente da teoria utilizada para explicar o movimento de galáxias, estrelas e outros fenômenos, tais como lentes gravitacionais, enquanto a energia escura é um segundo componente ainda desconhecido utilizado para descrever a expansão do universo.

        Apesar de misteriosas, em princípio, a compreensão do que seria a matéria e energia escuras não alteraria, em nada, o cotidiano das pessoas. Mas, por outro lado, a maioria das descobertas feitas pela ciência, não foram estudadas para aplicação imediata. O clássico exemplo da descoberta da eletricidade, em princípio apenas uma curiosidade de alguns cientistas. Quando Einstein escreveu a Teoria da Relatividade, sua intenção era entender como a natureza funciona, ele queria explicá-la de uma maneira única e inovadora. Depois de muitos anos, graças a essa descoberta, temos um mundo circundado por satélites, que fazem o sistema de GPS dos navegadores de carros tão populares e úteis no nosso dia-a-dia. Sem o avanço dos fundamentos da compreensão da natureza, proporcionado pela Teoria da Relatividade, não haveria o desenvolvimento de aplicações importantes para o nosso cotidiano.

        No 4 de julho de 2012, diante de um auditório lotado, cientistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), perto de Genebra, anunciaram ter detectado uma nova partícula subatômica com características compatíveis com as previsões para o bóson de Higgs. Apelidado ‘partícula de Deus’, ele era a peça que faltava para completar o quebra-cabeça do Modelo Padrão da Física - teoria formulada nos anos 60 para explicar o comportamento do Universo em escala quântica e previa a existência de 32 partículas fundamentais, das quais 31 já haviam sido geradas e detectadas em experiências. Sua constatação, uma das mais importantes da história da Ciência, desde a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, é um marco histórico na nossa compreensão da natureza. O Modelo Padrão está ‘completo’ e é um privilégio acompanhar esse feito, coroando esforços de todos aqueles que se dedicaram, nas etapas anteriores, desvendando esses, até então, mistérios da Criação.

        Segundo o modelo padrão, o bóson de Higgs seria responsável por dotar de massa, todas as demais partículas. Isso teria ocorrido no primeiro trilionésimo de segundo após o Big Bang, a grande explosão que teria dado origem ao Universo, teoria mais aceita para explicar o início de tudo. A teoria do Universo Eterno é uma outra, que não exclui essa grande explosão de, aproximadamente, 13,7 bilhões de anos atrás e mais compatível, obviamente com a eternidade da Criação.  O Grande Colisor de Hádrons, da sigla LHC, em inglês, serve como uma máquina do tempo capaz de nos remeter aos primeiros instantes após a grande explosão. Ele é o exercício intelectual mais bem acabado produzido pelo homem e ajuda a explicar o porquê das coisas serem o que são, desde o ser humano até as estrelas.

        Químicos e físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como consequência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão compelidos a desaparecer.

        Os laboratórios são templos em que a inteligência é concitada ao serviço de Deus, e, ainda mesmo quando a cerebração se perverte, transitoriamente subornada pela hegemonia política, pelos interesses imediatistas, geradores de disputas fratricidas, o progresso da Ciência, como conquista divina, permanece na exaltação do bem, rumo a glorioso porvir. O futuro pertence ao Espírito! E, quando menos esperarmos, também pelos caminhos da Ciência, nos depararemos com a realidade do Espírito imortal e viveremos todos como irmãos, na glória das maiores transformações pessoais, que virão, ao altar do coração e na consciência, resgatando a luz paternal e divina, em nossa peregrinação libertadora para os Cimos da Vida.

Segunda parte

        Filho de pais espíritas, cresci aprendendo no dia a dia sobre a Doutrina Espírita pois diversos temas de seus conteúdos surgiam naturalmente em nossa convivência. Francisco e Ruth Thiesen se conheceram ainda jovens, na Sociedade Espírita Paz e Amor, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Eram atuantes no movimento espírita, em meio a atividades nos centros que frequentavam, nas federativas estaduais e na Federação Espírita Brasileira, onde meu pai foi presidente por 15 anos. Ouvia falar dos mais diversos títulos de livros espíritas pois as estantes de casa eram repletas deles e foi durante a minha juventude que soube da obra Os Quatros Evangelhos, de Jean Baptiste Roustaing. Já não me recordo de quando escutei por vez primeira sobre o corpo fluídico de Jesus, mas esse tema me pareceu natural, simples e lógico. A par dos livros espíritas que fui conhecendo desde então, tendo-os todos em casa para leitura ou consulta, a obra em questão pude lê-la muito cedo e voltar a ela com frequência, tendo-a como a mais importante referência sobre os Evangelhos, a par da extraordinária que pertence à Codificação. Na biblioteca de meus pais havia os livros espíritas bem conhecidos mas inúmeros outros pouco lidos ou divulgados entre os espíritas de um modo geral, muitas vezes nos idiomas de origem. Habituado à leitura e à pesquisa pude conhecer os demais autores que tratavam do corpo fluídico que contribuíram para que os espíritas conhecessem melhor a condição singular da presença notável de Jesus na Terra. “Vida de Jesus” de Antônio Lima; "Jesus Perante a Cristandade", de Bittencourt Sampaio, pelo médium do Grupo Ismael Frederico Júnior; de Antônio Luís Sayão, "Elucidações Evangélicas”; "Elos Doutrinários", do erudito mestre Ismael Gomes Braga; "O Cristo de Deus", do saudoso Manuel Quintão; "A Personalidade de Jesus", produzido pelo talento invulgar de Leopoldo Cirne; "Jesus, nem Deus nem Homem", de autoria de Guillon Ribeiro, por sinal o tradutor das últimas edições de "Os Quatro Evangelhos".

        Uma experiência valiosíssima e que me serviu de base para uma série de compreensões úteis sobre o Espiritismo prático foram as reuniões de materializações de espíritos que participei por uma década em casa de D. Zillah Chaves, na Rua das Palmeiras, no Rio de Janeiro. Eram encontros quinzenais em que diversos espíritos se corporificavam sucessivamente e interagiam conosco, os integrantes da equipe encarnada, através da ectoplasmia de D. Yolanda Gomes dos Santos.

        Convivi com espíritos como Padre Zabeu Kauffman, José Grosso, Athanásio, Frei Onofre, Dr. Pedro Ernesto Batista (médico cirurgião e ex-prefeito do Rio de Janeiro), Dolores, Tio Paulo, Niels Bohr (o físico notável, prêmio Nobel de Física de 1922, da chamada escola de Copenhagen da Física Moderna), Dr. Túlio de Sabóia Chaves (médico homeopata, ex-presidente do Instituto Hahnemanniano do Brasil, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Filosofia) dentre muitos outros. Essa experiência me trouxe não apenas o privilégio de privar com esses espíritos de quem me tornei amigo mas a familiaridade com o processo da tangibilidade ou corporificação. Eram a mais palpável comprovação da imortalidade, bem como exemplos perfeitos de agêneres ectoplasmáticos, mesmo que de curta duração, com riqueza de detalhes dos próprios espíritos como de suas vestimentas, muitas vezes típicas, de suas culturas ‘de origem’ configurando as materializações luminosas ou as aparições tangíveis de que nos fala Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns”.

        Dolores, por exemplo, materializava-se com sua vestimenta de espanhola, da Andaluzia, completa, com seu xale sevilhano que pendia de sua cabeça aos ombros. Ao corporificar-se no ambiente, inundava-o de um perfume extraordinário, como uma marca registrada sua, junto a uma brisa fresca suave e, tomando de um par de castanholas, bailava por alguns minutos, acompanhando a música típica de sua região, de um disco de vinil. Tio Paulo, se apresentava como escravo africano, idade provecta, fala revestida de ternura e mãos calejadas, de quem havia trabalhado com a enxada anos a fio. Um dos objetivos daquelas reuniões regulares era o de facultar aos espíritos um fonte ectoplasmática para a realização de tratamento espiritual de encarnados e desencarnados enfermos, com aquele verdadeiro tesouro fluídico de reparação perispiritual e orgânica que os espíritos benfeitores movimentavam.

        Vale lembrar que esses exemplos que testemunhei e tantos de mesma fenomenologia não são materializações em si. Não há criação de matéria, simples assim. Criação de pequenas quantidades de matéria requereria quantidades descomunais de energia, o que não é desse domínio ou alcance. Ela já existe, no duplo etérico dos médiuns de ectoplasmia ou de efeitos físicos, que a disponibiliza transitoriamente para os desencarnados revestirem seus períspiritos e se mostrarem aos encarnados. Após essas aparições tangíveis o ectoplasma retorna à origem, na intimidade do corpo físico do médium, no seu duplo, resgatando sua integridade fluídica. Ele é tipicamente um fluido porque pode escoar. Por definição, segundo a física, fluidos são substâncias que podem escoar, a exemplo dos líquidos e gases.

        Processo análogo de ectoplasmia se deu quando da presença de Jesus, visível e tangível, sempre que necessário, para o cumprimento de sua missão entre nós, há dois mil anos. Ectoplasma humano da fonte mais pura que a humanidade podia dispor. Do duplo etérico do corpo somático, de Maria de Nazaré. Além daquele, os de origem vegetal, dos vinhedos e trigais das regiões úberes da Galileia.

        Se Jesus-Cristo é o Eleito, o único visto neste orbe, como quereríamos que não fossem também únicos os preparativos que lhe tornassem possível a tangibilização entre nós, “algo” que intermediasse o imenso hiato existente entre a sua grandeza e as nossas misérias? Só com um corpo sideral, fluídico, de carne apenas semelhante (não confundir com idêntica) à humana poderia ele ter-se apresentado neste planeta sem contrariar as leis naturais, hoje melhor conhecidas.

        É inegável, como vimos, os avanços que tivemos nas últimas décadas, no âmbito da Ciência em geral e da Física em particular. Mãe das Ciências, é a Física que nos permite estudar a Natureza e o Universo em linguagem precisa, a linguagem matemática.

        No estudo das diferentes ordens ou graus de perfeição dos Espíritos, apresentada didaticamente aos homens em “O Livro dos Espíritos”, vamos encontrar os de Primeira Ordem, os que atingiram a perfeição absoluta, dentre os quais se incluem os chamados anjos, arcanjos e querubins, os puros espíritos. “Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido” – disseram os Espíritos. Na sequência do processo de revelação progressiva, a Espiritualidade, através do “Evangelho de Roustaing” nos trouxe a ideia dos espíritos cristicos, diferenciando-os em relação aos demais, identificando-os no extremo da hierarquia dos espíritos, o que nos parece de suma importância para que entendêssemos as diferenças entre Jesus e os demais espíritos puros, nas suas designações comuns no vocabulário humano. Era necessário distingui-lo de todos os demais e chamar a atenção para a Sua singularíssima condição e a Sua missão.

        Nesse sentido, no livro “Universo e Vida”, do espírito Áureo, edição da Federação Espírita Brasileira, prefaciado por Francisco Thiesen e publicado em 1979, vamos encontrar, no capítulo VII, “O Filho do Homem” as ideias que vieram confirmar, de maneira extraordinariamente bela, o que a obra “Os Quatro Evangelhos” descortinava um século antes. Hernani Trindade Sant’Anna foi o médium desta e de outras obras publicadas pela FEB. E Áureo, tudo indica, fez parte da plêiade dos Espíritos da Codificação. Ele foi Blaise Bascal.

        “No seio excelso do Criador Incriado, nos cimos da evolução, pontificam os Cristos Divinos, os Devas Arcangélicos, cuja sublime glória e soberano poder superam tudo quanto de magnificente e formidável possa imaginar, por enquanto, a mente humana. São eles que, sob a inspiração do Grande Arquiteto do Universo, presidem, no Infinito, à construção, ao desenvolvimento e à desintegração dos orbes, fixando-lhes as rotas, as leis fisioquímicas e bio-matemáticas e gerindo seus destinos e os de seus habitantes.

        Os Cristos, Espíritos Puríssimos, não encarnam. Não têm mais nenhuma afinidade essencial com qualquer tipo de matéria, que é o mais baixo estágio da energia universal. Para eles, matéria é lama fecunda, que não desprezam, sobre a qual indiretamente trabalham através dos seus prepostos, na sublime mordomia da Vida, mas coisa com que não podem associar-se contextualmente, muito menos em íntimas ligações genéticas. Eles podem ir a qualquer parte dos Universos e atuar onde lhes ordene a Vontade Todo-Poderosa de Deus Pai; podem mesmo mostrar-se visualmente, por imenso sacrifício de amor, a seres inferiores e materializados, indo até ao extremo de submeter-se ao quase-aniquilamento de tangibilizar-se à vista e ao tato de habitantes de mundos inferiores, como a Terra; mas não podem encarnar, ligar-se biologicamente a um ovo de organismo animal, em processo absolutamente incompatível com a sua natureza e tecnicamente irrealizável.

        A possibilidade de violentação das leis naturais é relativa e não chega até o ponto de permitir que um organismo celular de matéria densa resista, sem desintegrar-se instantaneamente, à mais abrandada vibração bioeletromagnética de um Espírito Crístico. Se é impraticável a um Espírito humano, inteligente e dotado de consciência, encarnar em corpo de irracional, por completa impossibilidade biológica de assimilação mútua entre a matriz perispirítica e o óvulo animal de outra espécie, para não falarmos também das impossibilidades psíquicas de semelhante absurdo de retrogradação evolutiva, muito menos poderia um Cristo encarnar em corpo humano terrícola.

        A distância evolucionária que separa um orangotango de um homem terrestre é bem menor que aquela que medeia entre um ser humano terrestre e um Cristo Divino. Para apresentar-se visível e tangível na superfície da crosta terráquea, teve o Cristo Planetário de aceitar voluntariamente intraduzível tortura cósmica, indizível e imensa, ainda que quase de todo inabordável ao entendimento humano. Primeiro, obrigou-se à necessidade de abdicar, por espaço de tempo que para nós seria longuíssimo, da sua normal ilimitação de Espírito Cósmico e ao seu trono no Sol, sede do Sistema, transferindo-se do centro estelar para a fotosfera, onde lhe foi possível o primeiro e doloroso mergulho na matéria, através do revestimento consciente do seu mentespírito com um tecido energético de fótons. Depois, teve de imergir no próprio bojo do planeta Terra, em cuja ionosfera utilizou vastos potenciais eletromagnéticos para transformar seu manto fotônico em léptons e em quarks formadores de mésons e de bárions, estruturando átomos ionizados. Finalmente, concluindo a dolorosíssima operação de tangibilidade, revestiu esse corpo iônico com delicadíssima túnica molecular, estruturada à base de ectoplasma, combinado com células vegetais, recolhidas principalmente (como já captou a intuição humana) de vinhedos e trigais.”
Há, porém, agêneres e agêneres. Tais seres são, por definição, criaturas fisiologicamentenão geradas como o normal dos encarnados. Noutras palavras, seres que se mostram materializa-dos aos olhos humanos, às vezes por longos períodos, que são sempre interrompidos, necessaria-mente, por variáveis interregnos de tempo. Em casos especiais, a freqüência com que aparecemdá uma poderosa impressão de continuidade.Existem, contudo, outros seres, muito peculiares, que não são propriamente agêneres, masque pertencem muito mais ao plano extrafísico do que ao plano que chamamos físico. Trata-se decriaturas sem dúvida humanas, mas cuja ligação biopsicofisiológica com
&
matéria densa a quechamamos "carne" é a mínima possível. São Espíritos sublimes, de imensa superioridade evoluti-va, que só encarnam na Terra em raras e altíssimas missões, de singularíssima importância para aevolução da Humanidade. O maior desses Espíritos foi a Mãe Maria de Nazaré, a Virgem Excel-sa, Rainha dos Anjos, cuja presença material, na Crosta Terráquea, foi indispensável para a mate-rialização do Messias Divino entre os homens. Coube a ela fornecer ao Mestre a baseectoplasmática necessária à sua tangibilização, servindo ainda de ponto de referência e de equilí-brio de todos os processos espirituais, eletromagnéticos e quimio-físicos que possibilitaram, nesteorbe, a Presença Crística. Tudo o que o Senhor Jesus sentiu, na sua jornada messiânica,repercutiu diretamente nela, na Santa das Santas, na Augusta Senhora do Mundo. Estrela Divinado Universo das Grandes Almas, também ela teve de peregrinar do paraíso excelso de suafelicidade para o nosso vale de lágrimas, a fim de ajudar e servir a uma Humanidade paupérrimade espiritualidade, da qual se fez, para sempre, a Grande Mãe, a Grande Advogada e a GrandeProtetora.
 
Há, porém, agêneres e agêneres. Tais seres são, por definição, criaturas fisiologicamentenão geradas como o normal dos encarnados. Noutras palavras, seres que se mostram materializa-dos aos olhos humanos, às vezes por longos períodos, que são sempre interrompidos, necessaria-mente, por variáveis interregnos de tempo. Em casos especiais, a freqüência com que aparecemdá uma poderosa impressão de continuidade.Existem, contudo, outros seres, muito peculiares, que não são propriamente agêneres, masque pertencem muito mais ao plano extrafísico do que ao plano que chamamos físico. Trata-se decriaturas sem dúvida humanas, mas cuja ligação biopsicofisiológica com
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matéria densa a quechamamos "carne" é a mínima possível. São Espíritos sublimes, de imensa superioridade evoluti-va, que só encarnam na Terra em raras e altíssimas missões, de singularíssima importância para aevolução da Humanidade. O maior desses Espíritos foi a Mãe Maria de Nazaré, a Virgem Excel-sa, Rainha dos Anjos, cuja presença material, na Crosta Terráquea, foi indispensável para a mate-rialização do Messias Divino entre os homens. Coube a ela fornecer ao Mestre a baseectoplasmática necessária à sua tangibilização, servindo ainda de ponto de referência e de equilí-brio de todos os processos espirituais, eletromagnéticos e quimio-físicos que possibilitaram, nesteorbe, a Presença Crística. Tudo o que o Senhor Jesus sentiu, na sua jornada messiânica,repercutiu diretamente nela, na Santa das Santas, na Augusta Senhora do Mundo. Estrela Divinado Universo das Grandes Almas, também ela teve de peregrinar do paraíso excelso de suafelicidade para o nosso vale de lágrimas, a fim de ajudar e servir a uma Humanidade paupérrimade espiritualidade, da qual se fez, para sempre, a Grande Mãe, a Grande Advogada e a GrandeProtetora.
        Uma ideia a ser considerada é a realidade do espírito em si. Segundo a Doutrina Espírita, no Universo, existe espírito, matéria e fluido cósmico universal. Não sabemos a constituição do espírito propriamente dito. Derivado do fluido universal, há de ser algo que possa ser individualizado, claro. Há que ter estrutura interna, elementos constitutivos muito tênues, de distribuição e características desconhecidas. O espírito não é corpóreo, tendo a figura humana graças aos elementos mais densos do períspirito, como o corpo astral. Sem o períspirito ele é algo mais próximo da condição de energia pura em que a evolução espiritual individual adquirida ao longo das eras e dos milhões de anos pelo amor que se diviniza e pelas conquistas em ciência universal, intensifica a energia de patrimônio individual, irradiadora e constitutiva da mente, comparável a estrelas ou sóis de grandezas variadas, em que, processos termonucleares dispendem radiações como luz de diversos espectros, visível ou não, e calor, em todas as direções, por bilhões incontáveis de anos. São ainda, no entanto, diferentes uns dos outros ao infinito, compondo as humanidades diversas, no inesgotável e majestoso cenário da Criação.

        Os espíritos de natureza crística, sem nenhuma afinidade com a matéria densa como conhecemos, vivem, a exemplo de Jesus, nos núcleos das estrelas ou em departamentos outros dos sóis do Universo. Tanto de orbes estelares identificáveis e conhecidos pela Astronomia de nosso mundo ainda tão imperfeito, como em mundos fluídicos, constituídos, talvez, de matéria e energia escura, antimatéria e campos atratores ainda insondáveis. Sua condição vibratória, apenas considerando a natureza eletromagnética, diferenciada para frequências elevadíssimas e sem parâmetros com o que conhecemos na realidade de um mundo de provas e expiações, pode apenas deixar suas realidades para estabelecerem relações físicas e psíquicas com os mundos que governam, dentro de limites que o próprio Universo divino estabeleceu desde a eternidade. 

        O processo de corporificação em mundo de matéria densa como o nosso, para conviver com seres desse perfil espiritual, encarnados e desencarnados, necessitaria, e foi o caso, de uma longa e progressiva adaptação, com constrangimentos vibratórios tais que, demandariam a incorporação de todos os tipos de constitutivos cada vez mais materiais, desde a condição de energia puríssima, passando por aglutinações de quarks e léptons, prótons e nêutrons, confeccionando as túnicas de íons, átomos e moléculas, até poder atrair o ectoplasma, substância já da condição do mundo denso, emprestado por Maria, a Rainha dos Anjos, e por elementos vegetais próprios daqui. 

        Levando em conta que, a par das adaptações possíveis, a presença de um Ser Crístico numa ligação com um óvulo fecundado, seria como se um raio comum, com sua energia eletromagnética descomunal, pudesse ser contido para se filiar a uma estrutura de matéria, como a do elemento biológico primordial de um ser humano encarnado daqui. Para não desfazer o ectoplasma de requintadíssima fonte houve toda a série de túnicas preparatórias. Mas, ligar-se e manter-se ligado para uma encarnação comum, sem destruí-lo, seria impossível.

        Ainda assim, somos meros aprendizes de todas as coisas que nos remetem aos mecanismos da Vida Superior concernentes à Terra e ao Universo Divino, nas questões do Espírito Imortal. Mas, vivemos, por determinação do Senhor, nesta época de profundas transformações, em ambiente social e mental do mais amplo pensamento livre e responsável, dentro do qual, à luz do Espiritismo, podemos trabalhar e lutar, sofrer e aprender, renovar e aprimorar, concordar e discordar, dentro do Mandamento Maior – "Amai-vos uns aos outros".


  
Anexo  

    O Evangelho ante os tempos novos

Francisco Thiesen

“Reformador” (FEB),  Dezembro de 1972

           
            Já sentimos que o Evangelho é o Código Supremo, o Cristianismo restaurado é a Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, e Jesus é a Culminância Evolutiva, a Perfeição Sideral, para nós inabordável de 'dentro' dos limites dimensionais em que nos movemos. Dessarte, importa que nos habituemos, respeitosamente, com a infinitude da amplidão da Mensagem e com a invulgar Excelsitude do seu Autor que, há dois milênios, transpôs todos os abismos, para nós ainda inconcebíveis, a fim de pessoalmente no Ia entregar, como elo de puro amor à nossa religação com o Supremo Pai, fim único daquela Religião a que ele serve e nos convoca a servir com ele.

            Irmão X [1], reproduzindo comentário de Instrutor desencarnado, diz:

             "Meu amigo, pergunte a cada homem e a cada mulher do seu caminho o que pensam do Cristo de Deus, e, pelas afirmativas pessoais que lhe derem, você reconhecerá, de pronto, em que situação íntima se encontra cada um deles, porquanto a nossa opinião individual sobre Nosso Senhor Jesus Cristo denota imediatamente a posição em que nos achamos, no território infinito da Vida Eterna."

            Estamos penetrando no limiar dos "tempos novos" exaustivamente anunciados. "São chegados os tempos ... " Da fronteira entre duas eras, da linha divisória da materialidade com a espiritualidade, do "homem velho" com o "homem novo", podemos contemplar duas realidades que se não substituem simplesmente, mas que, pouco a pouco, de unidade em unidade, evolutivamente se transfundem, demandando a Jerusalém Celeste, a Terra regenerada.

            Com o auxílio da "visão espiritual" estudaremos o ensinamento do Cristo, em espírito e verdade, como foi dito. Poderemos estudá-lo, no Espiritismo, apoiados na sabedoria contida em "O Evangelho segundo o Espiritismo", de Allan Kardec [2], que é obra vazada na interpretação de Espíritos Superiores e integrante da Codificação. A rigor, nenhuma outra deve ser lida antes desta. Mas, como diz o próprio Codificador, nela não se aborda a totalidade dos textos evangélicos.

            Além dessa, muitas obras que estudam temas evangélicos existem editadas pela FEB.[3]  São preciosas joias da Vida Maior, capazes de instruir e encantar a um só tempo, além daquelas de escritores encarnados dedicados à vivência com os sagrados textos.

             "Na consecução da tarefa superior, congregam-se encarnados e desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz, através da qual a Humanidade transporá o abismo da ignorância e da morte.[4]

            Todavia, para os que aspiram ao conhecimento da integralidade dos ensinos de Jesus, a abordagem completa de quanto ficou registrado para a posteridade, a obra indicada, estudada na FEB e por ela editada, integrante do seu próprio programa, na qualidade de Casa de Ismael, é a intitulada "Os Quatro Evangelhos", ditada mediunicamente pelos próprios evangelistas, assistidos pelos apóstolos e por Moisés. Ê conhecida como "obra de João Batista Roustaing", porque foi ele o incumbido de coordenar e publicar os trabalhos recebidos do Alto. O Espírito Humberto de Campos [5] (13) situa Roustaing como um dos integrantes do grupo missionário que veio cooperar na Codificação Kardequiana, cabendo-lhe a "organização do trabalho da fé".

            Os Espíritos que ditaram a obra monumental informaram que ela constitui apenas o introito de trabalho de maior envergadura, que seria posteriormente revelado. No entanto, até hoje não tivemos notícias sobre a recepção, em algum lugar, do que viria a ser o trabalho propriamente dito. Mas, o "introito" está conosco, graças a Deus. Às vezes ficamos a pensar sobre a provável confusão que adviria com a recepção e publicação do trabalho ainda não transferido do Mundo Espiritual para a crosta terrena. É que o recebido tem causado apreensões em alguns, reservas em outros, conflitos e desolações em uns poucos, e, por espírito de imitação ou comodismo (trata-se de obra com mais de 2.000 páginas, em 4 volumes), omissão de muitos. Até hoje, escreveram-se artigos e livros, pronunciaram-se conferências, por vezes contundentes, contra essa obra. Porém, como "árvore que o Pai plantou", ela continua firme, orientando e consolando, ensinando e aprimorando corações.

            A obra em questão contém teses interessantes, além de explicar todos os versículos evangélicos e os Mandamentos. Uma delas, justo a que tem causado estranheza e celeuma, é a que versa sobre o Cristo de Deus, precisamente no pertinente ao "corpo fluídico" ou corpo sideral que o Divino Mestre utilizou para humanizar-se na Terra. Não abriremos, aqui, nenhuma polêmica; nem responderemos a quaisquer argumentos dos que se dedicam ao combate. Nosso escopo é bem mais modesto: coligimos dados para os que desejam instruir-se, para os que aspiram conhecer as obras edificantes, que estudam e constroem. Indicamo-las com prazer, transcrevendo-lhes pequenos tópicos elucidativos.

            Infelizmente, há companheiros que recusam toda a obra de Roustaing, alegando:

            1) que muitas coisas contidas nos Evangelhos não são válidas;
            2) que não concordam com a tese "do corpo fluídico". Porém, outras teses, aliás transcendentes, figuram na referida obra, sem que sofram contestação, inclusive quanto à da evolução em linha reta e dos Espíritos infalidos.

            Aqueles que têm recusado mérito a "Os Quatro Evangelhos" apoiam, no entanto, toda a literatura mediúnica recebida nos últimos quatro decênios, literatura essa que confirma as mesmas teses contidas em Roustaing.  "Evolução em Dois Mundos[6]", que esmiúça detalhes da linha evolucionista da obra em exame, é um exemplo. Como, de resto, a quase totalidade das recebidas dos Espíritos Emmanuel e André Luiz, Humberto de Campos e outros.

            Importa, porém, oferecer aos leitores a palavra de Emmanuel, quanto à validade dos registros escriturísticos:

            "As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista.[7]"

            "Nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor.[8] No referente à questão do "corpo fluídico", os que não o aceitam pretendem que Jesus viveu na Terra com um corpo carnal; gerado humanamente, não passando de Espírito encarnado, conquanto muito elevado. Teria estudado no Planeta (com ou sem os essênios), tornando-se mais tarde o Sublime Missionário. Já que aceitam as palavras de Emmanuel, deverão acolher a afirmativa da plena validade da Escritura, redigida sob a ação direta do Senhor. E, nesse caso, onde fica a virgindade de Maria? E a ressurreição?

            "Desde os seus primeiros dias na Terra, (Jesus) mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o Planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio.[9]

            "Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado entre o valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.[10]"

            "Que é a carne? Cada personalidade espiritual tem o seu corpo fluídico e ainda não percebestes, porventura, que a carne é um composto de fluidos condensados? Naturalmente, esses fluidos, em se reunindo, obedecerão aos imperativos da existência terrestre, no que designais por lei de hereditariedade; mas, esse conjunto é passivo e não determina por si. Podemos figura-lo como casa terrestre, dentro da qual o Espírito é dirigente, habitação essa que tomará as características boas ou más de seu possuidor[11]."

            E perguntamos nós: que casa teria sido necessária para as características do Médium de Deus?

            Na obra de Roustaing, os evangelistas, analisando o fato mediúnico do Tabor - a Transfiguração -, quando Jesus confabula com as personalidades de Elias e Moisés, revelam que ambos são um só, um único Espírito, o que é confirmado por André Luiz[12], quando escreve:

            "E, além de surgir em colóquio com Moisés (já que Elias é o mesmo Moisés, o autor simplesmente suprime o nome de Elias) materializado no Tabor, Ele mesmo é o grande ressuscitado, legando aos homens o sepulcro vazio e acompanhando os discípulos com acendrado amor, para que lhe continuassem o apostolado de bênçãos."

            E Emmanuel acentua, em página intitulada "Na Glória do Cristo"[13]: (21)

             "Ê inútil que cristãos distintos, nesse ou naquele setor da fé, se reúnam para confundir respeitosamente a mediunidade em nome da metapsíquica ou da parapsicologia - que mais se assemelham a requintados processos de dúvida e negação -, porque ninguém consegue empanar os fatos mediúnicos da vida de Jesus, que, diante de todas as religiões da Terra, permanece por Sol indiscutível, a brilhar para sempre."

            Em "Mecanismos da Mediunidade"[14], André Luiz nos apresenta estudos de rara beleza, em linguagem científica da atualidade, e entre muitas páginas que corroboram as assertivas da "Revelação da Revelação" figura esta:

            "Médiuns preparadores - Para recepcionar o influxo mental de Jesus o Evangelho nos dá notícias de uma pequena congregação de médiuns, à feição de transformadores elétricos conjugados, para acolher-lhe a força e armazená-Ia, de princípio, antes que se lhe pudessem canalizar os recursos."

            Logo adiante (págs. 169-170), ele nos revela os nomes de seus integrantes e prossegue:
           
             "Nesse grupo de médiuns admiráveis, não apenas pelas percepções avançadas que os situavam em contato com os Emissários Celestes, mas também pela conduta irrepreensível de que forneciam testemunho, surpreendemos o circuito de forças a que se ajustou a onda mental do Cristo, para daí expandir-se na renovação do mundo."

            Isso tudo ocorria com o Divino Mestre presente na crosta planetária. A realidade, se nos fosse descrita em suas minudências, seria de molde a causar-nos superlativo assombro, pois os recursos arregimentados e as técnicas utilizadas pelas Legiões do Infinito, para tornarem possível a estada do Governador Divino na Terra, ultrapassaram em grandiosidade, e complexidade, a mais fértil imaginação de que dispusesse a sabedoria terrena. Mais adiante, o autor acrescenta:

            "Em cada acontecimento, sentimo-lo a governar a matéria, dissociando-lhe os agentes e reintegrando-os à vontade, com a colaboração dos servidores espirituais que lhe assessoram o ministério de luz."

            No estudo de "Os Quatro Evangelhos", de igual modo que no das obras básicas da Codificação Kardequiana, não prescindiremos da "visão espiritual", mormente lembrando que foram escritos há mais de um século, com terminologia bastante pobre ao abordar assuntos científicos, se comparada à dos nossos dias. Aliás, André Luiz, em alguns de seus livros, deixa de reproduzir diálogos ou esclarecimentos por ele anotados, em seus contatos com Entidades Sublimes, por falta absoluta de palavras análogas nos vocabulários terrenos.

            Façamos nós, porém, a substituição de certas expressões, nos estudos sinceros, nas nossas meditações humildes em torno da portentosa obra, e sentiremos as claridades espirituais a banharem nossos pobres olhos. Apliquemos, por exemplo, os conhecimentos mediúnicos transmitidos por André Luiz e por Emmanuel, em nossos estudos evangélicos, inclusive aqueles pertinentes aos problemas de voltagem e amperagem no intercâmbio com os invisíveis; e as dúvidas desaparecerão.

            Querendo evitar distorções de interpretação no tocante às nossas palavras, devemos declarar que o fato de alguém não aceitar esta ou aquela tese da obra de Roustaing não constitui absolutamente nenhum desmerecimento, desde que realmente não sintonize com a respectiva onda de luz. E isto é válido em relação a qualquer obra ou ensino. Entre os que não aceitam Roustaing temos excelentes, valorosos companheiros, com meritórias realizações no campo doutrinário. Simplesmente, reclamamos para nós o direito de livremente estudar e divulgar o Evangelho Integral, em espírito e verdade. Vivemos, por determinação do Senhor, nesta época de profundas transformações, em ambiente social e mental do mais amplo pensamento livre e responsável, dentro do qual, à luz do Espiritismo, podemos trabalhar e lutar, sofrer e aprender, renovar e aprimorar, concordar e discordar, dentro do Mandamento Maior – "Amai-vos uns aos outros".



[1] (p.210)  - “Antologia Mediúnica de Natal” , Diversos Espíritos, Francisco C Xavier, 1ª Ed..
[2] - “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, 57ª Ed..
[3] Sinopse de Livros Espíritas, 8ª Ed..
[4] p. 9 – prefácio de Emmanuel –“ Missionários da Luz” de André Luiz, por Francisco Cândido Xavier. 8ª Ed..
[5] (p.176) – “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco C Xavier, 9ª Ed..
[6] “Evolução em Dois Mundos”. de André Luiz por Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, 3ª Ed..
[7] p.158 – “O Consolador”, de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[8] p.154 – “O Consolador”, de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[9] (p.96) – “Caminho, Verdade e Vida”, de Emmanuel por Francisco C. Xavier, 5ª Ed..
[10] (p.158) – “O Consolador”, de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[11] (p.34) – “Caminho, Verdade e Vida”, de Emmanuel por Francisco C. Xavier, 5ª Ed..
[12] (p.160) – Nos Domínios da Mediunidade”, de André Luiz, por Francisco C. Xavier, 7ª Ed..
[13] (p.199/200)  - “Antologia Mediúnica de Natal” , Diversos Espíritos, Francisco C Xavier, 1ª Ed..
[14] (p.169) “Mecanismos da Mediunidade”, de André Luiz, por Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, 3ª Ed..



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