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terça-feira, 25 de julho de 2017

Moral Espírita


Moral Espírita
por Arnaldo S. Thiago
Reformador (FEB) Março 1942

Quando, à falta de princípios, a criatura humana desce à prática de todos os atos, contanto que com eles sacie os seus desejos e resguarde os seus interesses, tem atingido ao mais baixo grau de degradação e servilismo, praticando os mais abomináveis crimes de lesa-majestade divina. Infelizmente foi a este horrível estado de degradação moral que chegou a espécie humana: daí a guerra de extermínio.

As células do corpo se renovam e não estereotipam os sinais do pecado; mas (e isto é que convém saber e o Espiritismo -veio demonstrar), conserva-os indelevelmente o corpo perispiritual.

O incesto, o adultério, como o roubo, o assassínio, a calúnia não deixam estigmas nos órgãos materiais: por isso, os que os praticam julgam poder oculta-los secretamente e continuam a viver como se fossem criaturas honradas. Ai deles! - praticado o delito, grava-o o perispírito, para abrir mais tarde, segundo aquele estigma, uma chaga, um câncer, uma deformidade no corpo somático... e, pior do que tudo Isso, as chagas morais que o remorso produz nas almas, paralizando-lhes o surto progressivo, anestesiando-as, insensibilisando-as por longo tempo.

Guardar os princípios é da essência da religião. Ai dos que pensam poder eximir-se ao pesado fardo das mutilações e das grandes dores, porque sabem guardar discrição e conservar em absoluto segredo os seus atos que, conhecidos, seriam reprovados e os envergonhariam! Ai deles! Que valor deram às palavras do Mestre: "Nada há oculto que não venha a saber-se, nem secreto que não venha a descobrir-se"?

Portanto, se a caridade e a humildade são elementos essenciais à salvação, serve-lhes de traço de união a sinceridade, sem a qual não existe virtude alguma no fazer bem, nem no parecer humilde.

Claro que se tem de praticar atos secretos e fazer muita coisa às ocultas. O próprio Mestre recomendou que se praticasse a caridade de modo que a mão esquerda ignore o que faz a direita; mas, são, esses, atos que se justificam, que, em sendo conhecidos, nos dignificam.

Por isso, o bom princípio determina que sempre se pratique, às claras ou às ocultas, aqueles atos que a moral pode justificar - porque a moral é o selo divino, é a voz de Deus que fala em nossa consciência.

Assentemos essa regra de conduta e estaremos sempre com Jesus guardando fidelidade a nosso Pai Celestial e dignificando-nos a nós mesmos.

Não podemos dispor do nosso corpo senão na medida dos princípios morais que nos elevam aos olhos de Deus e nos dignificam. Magdalena bem assim o compreendeu, ao sentir o olhar puríssimo de Jesus penetrar-lhe o íntimo da alma e, porque o amava sinceramente, nunca mais chafurdou no vício e, se outras encarnações teve, foram todas de dor e de renúncia, purificadoras, portanto, daqueles dolorosos estigmas que lhe ficaram no perispírito. Entretanto Jesus lhe disse: "Porque muito amaste, perdoados serão os teus pecados." Jesus falou no futuro: "Perdoados serão os teus pecados". E Magdalena foi obtendo esse perdão, essa redenção, através de outras encarnações de sacrifício e de angústia íntima que culminaram, segundo a revelação, naquela em que, como Tereza de Jesus, pode para sempre ficar livre do pecado.

Estes princípios da moral espírita, longe de terem por esteio a autoridade dos concílios e quejandas convenções dogmáticas, se baseiam em aquisições positivas da ciência da alma, postas em evidência por experimentadores sábios e acima de toda suspeição. O paraíso prometido perdeu o seu caráter fantasmagórico, místico, para adquirir a eloquência da verdade. Longe de sofrer, por esse motivo, qualquer diminuição de valor, ganhou em refuIgência e brilho o que perdeu em superstição e convencionalismo. 


A felicidade, aqui ou em qualquer dos planos do infinito, com o estar Integralmente nas divinas claridades do Amor, subordina-se às leis da moral eterna, que consistem em ter límpida a consciência, puros os costumes. 

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