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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Como se justificar


Como se Justificar
Reformador (FEB) Dezembro 1943

Simeão, homem justo e temente Deus, declamou no templo, com Jesus nos braços, quando este foi levado para apresentação de primogenitura, em obediência à Lei: "Agora é, Senhor, que deixareis morrer em paz o vosso servo segundo a vossa palavra; pois que os meus olhos viram o Salvador que nos dais; e que destinais para ser exposto à vista de todos os povos, como a Luz que iluminará as nações e a glória de Israel, o vosso povo. É este menino para ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser exposto à contradição dos homens; e a vossa própria alma será traspassada como por uma espada a fim de que os pensamentos ocultos, no coração de muitos, sejam descobertos." - Lucas, 2:25 a 35.

Saulo de Tarso, com sua inteligência, seu profundo conhecimento da Lei e seu entranhado ardor religioso elevado ao pináculo da intolerância, representava ou encarnava em si todo o orgulho farisaico de sua época. Ele tomou a si o encargo de apagar a Luz que se levantara para espancar as trevas que encobriam a trama maravilhosa da verdade, que se encontrava e se encontra nesses livros extraordinários do saber religioso do povo eleito de Israel.

Ele foi o perseguidor implacável da nascente igreja cristã, que se apoiava na cristalização dos ensinos antigos; "Amar a Deus sobre todas as coisas" - e dos ensinos modernos, a saber: "Amar ao próximo como a si mesmo" -, que é a eterna rocha do amor, fundamento da felicidade humana.

Saulo de Tarso tropeçou na "pedra de escândalo", e tocado pelo amor que dela se irradia, ressurreto na estrada de Damasco, se transforma em Paulo, o indômito Apóstolo do Cristianismo, enquanto o orgulhoso príncipe dos sacerdotes desaparecia nas sombras do esquecimento. A queda do príncipe dos sacerdotes representa a ruína de muitos e a transformação de Saulo a ressurreição de outros.

Depois veio a negra noite da Idade Média, ... dos césares, e as feras e as tochas eram alimentadas pela fé que brotava das catacumbas. O Cristianismo nascente foi a "pedra de escândalo" onde se veio chocar o paganismo propagado pelas lanças das invencíveis legiões romanas. A queda dos orgulhosos césares representa a ruína de muitos e o martírio de Sebastião a ressurreição de outros.

Depois veio a negra noite da Idade Média e o véu trevoso de sua escuridão era rasgado aqui e ali pelas sinistras claridades das fogueiras inquisitoriais. Paganizava-se o Cristianismo; substituindo-se a pureza de suas pregações pela orgulhosa imposição do "crê ou morre". O Evangelho de Jesus foi a "pedra de escândalo", onde o fanatismo religioso, na sua incompreensão evangélica, veio esbarrar, na ânsia ambiciosa do poder temporal. As guerras empreendidas pelos exércitos papalinos representavam a queda de muitos e Francisco de Assis, a ressurreição de outros.


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