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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

VIII. 'Apreciando a Paulo'



VIII
‘Apreciando a Paulo’
      comentários em torno
    das Epístolas de S. Paulo
   por Ernani Cabral

Tipografia Kardec - 1958


“Vós, mulheres, estais sujeitas a vossos próprios maridos,
como convém ao Senhor,
            Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas.
Vós filhos, obedecei em tudo a vossos pais;
 porque isto é agradável ao Senhor.
Vós, pais, não irriteis a vossos filhos,
para que não percam o ânimo”.  Paulo, Colossenses, 8:18 a 21.


            O problema doméstico, entre todos, é o mais importante.

            Quem não sabe ajustar sua vida íntima, como poderá dar o exemplo de amor aos seus semelhantes? 

            Jesus somente justificou o divórcio em caso de infidelidade (Mateus 19:9), e o profeta Malaquias. já recomendava que, “ninguém seja desleal para com a mulher da sua mocidade”. (Malaquias, 2 15).

            Fora daí, “o que Deus ajuntou, não separe o homem.” (Mateus, 19:6).

            É bem exato que há vidas conjugais que são um verdadeiro inferno. Mas o cristão que assim viva, por incompatibilidade absoluta de gênio ou por diversidade de educação, deve suportar sua cruz, quando mais não seja, por amor aos filhos, esforçando-Se sempre por conseguir a paz doméstica.

            O casamento, às vezes, é uma provação. Muito mérito terá, perante Deus, aquele que sofrer com resignação, por dedicação aos seus deveres matrimoniais. Além disto, a vida fora do casamento, para aqueles que já o contraíram, é pior. Cada qual tenha nobreza e resignação em carregar sua cruz, certo de que a misericórdia divina a ninguém desampara.

            Uma das figuras mais reprováveis é a do déspota ou tirano doméstico, seja homem, seja mulher.

            O cônjuge que pretenda impor sua vontade no lar, violentamente, aos gritos, aos descontroles e com falta de educação, é antes de tudo um doente moral, digno da piedade, da tolerância e da compaixão do outro, se for mesmo espírita.

            Reconhecemos que é talvez uma das provações mais duras, mais difíceis, mais cheia de sofrimentos, a de privar, constantemente, com alguém que não tem equilíbrio, nem o senso exato das coisas, fala sem cessar, ou que é destituído da necessária caridade para com os que vivem sob o mesmo teto.

            Mas quem foi que disse que este mundo é celestial? Esses dramas íntimos e dolorosos, quando suportados com abnegação, por amor à família, não podem deixar de servir, sobremaneira, para a purificação do Espírito.

            Nós, porém, que somos cristãos, temos o ensinamento de Paulo a nos nortear a vida conjugal:

            “Vós, mulheres, estais sujeitas a vossos maridos, como convém ao Senhor”.

            O marido é o cabeça de casal, o chefe da sociedade conjugal, seja pela lei humana (Código Civil, art. 233), (1) seja pelos princípios da moral divina, como deflui dessa lição de Paulo, o apóstolo vulgarizador do Cristianismo.

            (1) Do Blog: A legislação em vigor trouxe igualdade de direitos e de obrigações ao casal.

            Toda mulher que pensa ao contrário, por um conceito de emancipação exagerado ou por suposição errônea de supostos direitos, ofende a lei humana e a lei de Deus. Por isto, há de dar contas de seus atos ao Senhor, porque é uma rebelada, infernando a vida do lar, que precisa ser o reino da paz e um ninho de amor. Portanto, convém que ela faça tudo para corrigir-se, aprendendo a ser obediente ao marido (a obediência é uma virtude evangélica), sobretudo se é espírita, ou melhor, se pretende mesmo ser cristã.

            Por sua vez, quanto ao marido, o grande Paulo de Tarso aconselha:

            “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas”.

            O apóstolo prega a brandura doméstica. Nada de violência por parte do cônjuge varão.

            Usemos de caridade, de benevolência, de tolerância para com a mãe de nossos filhos ou para com a esposa que Deus nos deu.

            A mulher é sempre mais fraca, mais nervosa, mais sofredora, salvo raras exceções. Geralmente, é quem suporta a parte pior do casamento. São as lutas, os sofrimentos próprios ao sexo, as canseiras, os trabalhos domésticos, a dedicação ao marido e aos filhos, o que as esgota.

            Destarte, por que não compreender os seus problemas que, com uma aparência simples, são complexos e depauperantes? Por que as irritar com exigências descabidas ou com impertinências?

            A paz doméstica deve ser nossa primeira preocupação. Façamos tudo por alcança-la, pois só assim poderemos servir com eficiência a Jesus, fora do lar.

            A mulher é sempre o braço direito do marido, como este o é da mulher. De sua meiguice e de sua paciência muitos benefícios poderão resultar para a família. Ela deve procurar vencer sempre pelo amor e jamais com imposições ou explosões de nervos, que revoltam, em vez de edificar. O marido, por sua vez, precisa ser brando, compreensivo e tolerante, e não descambar para a violência de palavras ou de gestos, agindo como se fora um tirano doméstico. Além disso, os filhos, criados nesse ambiente de lutas íntimas, crescerão nervosos e cheios de complexos, contribuindo os pais, portanto, para sua infelicidade.

            Dizem os Mensageiros do Senhor que o culto no lar muito contribui para estabelecer um ambiente de amor e de harmonia na família.

            Dediquemos ao menos um dia por semana para a leitura do Evangelho em nossa casa.

            Poderemos abri-lo ao acaso. Por coincidência (sabemos que em Espiritismo não há coincidências) o ponto abordado será de muito proveito. A leitura do texto poderá ser feita por um filho, após a prece inicial. Então, qualquer membro da família fará um ligeiro comentário, dando suas impressões sobre a leitura feita. Em seguida, cada um fará uma prece, repetida mentalmente pelos outros, sem que esqueçam do Pai Nosso, a oração dominical, pois foi a que Jesus nos legou.

            Verificar-se-á nessa ocasião a sintonia com os guias do lar, os Espíritos protetores da família.

            A palavra divina, qual gota de orvalho, irá refrigerando os corações; e a semente do amor, aos poucos, germinará e será fortalecida pelos laços da espiritualidade superior e pela irradiação daqueles corações que buscam, o amparo generoso do Pai Celestial.

            A prece de encerramento, que poderá ser dedicada a Maria Santíssima, nossa Mãe Celestial, desde que feita com sinceridade, implorando harmonia, completará a súplica dos que buscam o consolo do Senhor, recordando-se também, humildemente, de seus ensinamentos, que são “espírito e vida”, fonte eterna de todas as bênçãos.

            Se, por qualquer circunstância, os filhos não puderem participar desse banquete de luz, os pais reúnam-se assim mesmo, em nome do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, como disse João Batista.

            E se apenas um membro da família foi espírita, faça somente ele, confiadamente, sua leitura e suas preces, em proveito de todos os entes queridos, encarnados e desencarnados, que algum dia poderão vir a participar desse culto doméstico, na verdadeira comunhão, que é a da espiritualidade e do amor.

            Continuando a apreciar os versículos acima transcritos, reconhecemos que é lamentável que nem todos os filhos sigam ou conheçam os conselhos do apóstolo Paulo:

            “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.”

            Os pais têm a experiência da vida, de que os filhos, geralmente, por incompreensão, por vaidade ou por orgulho, duvidam. Os pais desejam, tão somente, a felicidade de seus queridos meninos, pois eles assim nos são, mesmo depois de crescidos, de vez que os criamos com amor, alegrando-nos sempre com os seus triunfos e sofrendo com as suas desilusões. Para nós, pais, eles se nos apresentam sempre como as crianças que vimos crescer, e que, por maiores ou mais cultos que sejam, enquanto vivermos, não poderão ter o mesmo conhecimento da vida, que os anos nos deram, com suas desilusões. Mas precisamos ter compreensão e tolerância para com eles.

            Foi por isto que Paulo também nos recomendou:

            “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que eles não percam o ânimo!”

            Sejamos brandos e generosos, embora sem perdermos a energia, quando vivam sob nosso teto. Temos o dever de corrigi-los, e o verdadeiro amor não transige com erros, mas procura educar, para que amanhã nos possam honrar as cãs e as tradições do lar que
fundamos, confiados no Divino Mestre, que exemplificou amor, mas que também demonstrou energia, no mundo em que viveu.

            E nosso lar é um mundo. Mundo de carinho, de amor, de afeto e de bondade.

            Base do Estado, é a família, outrossim, a célula fundamental do gênero humano. Nela se devem alicerçar nossos sentimentos de amor, de tolerância e de compreensão. É em seu aconchego que se manifestam as mais puras virtudes cristãs: é em seu contato que se aprimora o caráter e que nosso Espírito se eleva, em busca de Deus. Compreender e amá-la, é nosso dever. Servi-la, é a maior alegria que podemos ter na Terra.

            Felizes, portanto, os que têm noção de família e os que se sabem sacrificar por ela, pois só a abnegação demonstra a verdadeira elevação espiritual!

            Convém finalizarmos com a sentença luminosa de Nosso Senhor:
           
            “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me.” (Mateus, 16:24)


            E que Paulo de Tarso, do alto das regiões celestiais onde se encontra, nos faça compreender que toda a lição do Evangelho e de suas Epístolas, nele fundamentadas, resume-se apenas em AMOR.

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