Pesquisar este blog

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

22. "Amor à Verdade"



22
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


Recomendações

            “Glória a Deus nas alturas, paz na terra aos trabalhadores de boa vontade.

            “A luta por que passa a humanidade, tem como consequência o progresso.

            “Nós, os trabalhadores da vinha, não perdemos nunca a oportunidade de cuidar, com todo o desvelo, da planta que, recebendo a seiva da terra, precisa elaborá-la para seu desenvolvimento.

            “O espiritismo tem sido o ponto de apoio para muitos homens enveredarem pelo caminho mais curto, em busca da luz e da verdade.  Assim tem sido para muitos; mas a maior parte não o compreende, não investiga, e, alheia quase completamente às coisas divinas, deixa-se arrastar por aceiros tortuosos, e só a custa de decepções reconhece o extravio.

            “Mister se faz seja despertada essa maioria que dorme e nada vê; sim, carece despertada, por modo que possa figurar também no mundo como um grande elemento de progresso.

            “Bem certo é que velhas seitas deturparam os ensinos de Jesus; porém, ao homem foi dada a inteligência para que raciocine, exercício este que deve ser limpo de paixões. Nada obstante, que multidão de seres, nem mesmo ao trabalho se dão de investigar porque vivem e porque morrem!

            “Os tempos chegaram; as dores se espalharam à superfície do planeta; mas a ambição e o orgulho. não lhes deixam compreender o sinal da misericórdia divina e assim procuram na vindita o extermínio do instrumento de seu progresso! Os tempos, conforme a predição do Mestre, chegaram e com eles o Espírito da Verdade; no entanto, perseguem-na do mesmo modo como outrora o perseguiram a Ele. O meigo Nazareno, por amor de seus irmãos, baixando à Terra, entre espinhos e agonias, tudo fez e tudo lhes deu para que acima dos mesquinhos interesses passageiros colocassem a verdade sublime, que os fariam eternamente felizes.

            “Almas daqueles tempos, em sucessivas encarnações, ainda não compreenderam que, de bom ou mau grado, o progresso tem de se operar.

            “Há muitas moradas em casa de meu Pai, dizia o sereno Mártir. Por vezes têm sido mostradas a espíritos rebeldes, sem que compreendam que as leis foram feitas para todos e que a nenhuma infração deixará de ser pedido o necessário reparo.

            “Tais almas, que nem assim percebem ser o progresso uma lei, muita vez são deportadas e lá expiando ficam, até se tocarem de arrependimento - primeiro passo no carreiro da felicidade.

            “Entre os encarnados da atualidade, contam-se aos milhares esses insubmissos, que, cegos da pior cegueira deste mundo, mal atinam que os golpes desferidos contra eles, as oposições topadas no caminho, nada mais são que avisos celestes, farpando-os no orgulho indômito, apontando-lhes o recurso do aperfeiçoamento.

            “Ingratos são os homens que, tangidos pela dor e esclarecida a inteligência, não veem senão o que lhes indica o egoísmo: ingratos os que de instrumento do progresso e trabalhadores do bem se transformam voluntariamente em aparelhos de provas e suplícios.

            “Mas a lei se cumpre sem faltar nem um ‘i’ nem um til; ai daquele, pois, que, tendo recebido a luz, sonega-a por amor de glórias efêmeras, cuja conquista importa a humilhação do próximo. Grande hoje, entre os homens, pequeno será amanhã, perante Deus, que ama a todos os filhos e só os deseja iguais e felizes.

            “Embora sejam estas as condições atuais do planeta, a obra divina prossegue ininterrupta; a luz, aumentada cada vez mais, fará com que os cultivadores da seara possam melhor separar o joio do trigo.

            “Das alturas onde se acham, da mansão dos justos e ditosos, as almas que palpitam de amor pelo seu Criador e pelos seus irmãos, enviam sem cessar inspirações a todos quantos, em prélios sucessivos, cegamente cuidam que a força é da matéria e não da alma. Miserandos pioneiros da desgraça! Muito cedo serão pungidos mais fortemente, recolhendo sobre os ombros o desespero que implantaram por gula e prepotência.

            “Sempre, ao lado dos homens, sejam eles bons ou maus,  reúnem-se numerosos Espíritos que, não tendo no corpo efetuado o progresso moral, se acham, no espaço, em posição inferior, incapazes, portanto, de por si sós adiantarem-se.

            “Esses Espíritos, que são alvo sempre de suas terrenas vítimas, vivem em continuo sofrimento, e o seu estado se reflete sobre os encarnados a quem cercam. Dir-se-iam prisioneiros privados de todos os gozos da terra, a espreitarem, pelas grades do presidio, a liberdade que fora se desfruta.

            “A expiação é assim tremenda; porque, nesse estado de erraticidade, tudo desejam e nada ou quase nada alcançam. Essa decepção, que inferniza a alma, faz com que algumas vezes procurem um rumo, nem sempre fácil, porque tiveram a claridade e recusaram-na. Com isso, está de ver, sobem de ponto os seus pesares. Outros revoltam-se; e, se foram avessos ao amor e à verdade quando encarnados, agora projetam-se, despeitados, sobre os homens, resultando uma das duas: ou os arrastam por suas fraquezas; ou são, depois de torturantes embates, convertidos pelas boas qualidades e pensamentos daqueles a quem assediam.

            “Do exposto se tira que os homens orgulhosos, os que infelicitam seja a quem for para satisfação de apetites de toda natureza, os que se esquecem de que o seu semelhante é seu irmão e que as posições mundanas são nonadas (coisas de nenhuma importância), pois que na eternidade maior será o que melhor cumprir o mandamento cardeal, não podem deixar de viver rodeados de uma pinha de almas infelizes, a eles presas pela afinidade moral - a inferioridade.

            “Como voaria na senda do progresso o homem que, destacando-se entre os seus irmãos, fosse justo, amoroso e indulgente! Esses enxames de infelizes que se debatem, no desafogo de suas paixões, receberiam dele o maior impulso para a perfeição. Avançando, faria avançar os que dele dependessem.

            “Um dia, as dores por que ora passam os humilhados, renascerão no que os faz sofrer; e todos, afinal, abençoarão os infortúnios, as lágrimas e dissabores, que lhes ensinaram a compreender que o próximo também é humano e também sente.

            “Adeus. Glória a Deus nas alturas, paz na Terra aos trabalhadores de boa vontade. – Paulo.”








Nenhum comentário:

Postar um comentário