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terça-feira, 11 de setembro de 2012

21. "Amor à Verdade"


 21
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927

Sursum corda! (corações ao alto!)



            Repetidas mensagens vêm, como sinal claro de que os tempos chegaram, concitar-nos ao cumprimento do dever.  

            Contínuos apelos, particularmente aos que no estudo e prática dos Evangelhos buscam a elevação, parece quererem fazer deveras caminhar as criaturas sinceras, para que estas façam, de seu turno, avançar os que nada pensam ou só com a vida material se ocupam.

            Realmente, ocasião é já de alargarmos passo na via infinita do Progresso. Releva aquecermo-nos ao sol vivificante da Verdade, tão imprescindível à alma, como ao corpo o são estes sois que dardejam nas alturas.

            Por muito esforçados, trabalhadores e devotados que sejamos, não temos o direito de parar; corre-nos, ao contrario, obrigação de uma atividade cada vez maior, de forma que nos tornemos verdadeira escola, onde se instruam quantos, voejando pelo espaço, de nós se abeirarem.

            Sus! é o grito que neste sentido nos traz o ditado a seguir:

            “A luz e o amor à verdade sejam contigo.

            “O frequente desacato ao direito tem dado lugar a fraudes muita vez perigosas, sementeira de obsessões medonhas, que arrastam homens bem intencionados às maiores misérias morais.

            “Conquanto não se verifique ainda no teu país uma classe de falanges afeitas a bárbaros crimes; existe, entretanto, um sem número de almas infelizes, que procuram, por todos os meios, o bem estar próprio, custe ele muito embora alheias lagrimas.

            “Temos particularmente feito a conversão de tais espíritos; porém, para que o nosso serviço seja ampliado e, sobretudo, possa refletir no povo, muito e muito nos resta ainda por fazer.

            “A experiência e observação tem visto que, neste mundinho, não são os capazes os aproveitados para certos misteres, senão sim os que dispõem de empenhos ou fortuna. Tudo isto prova claramente o atraso e infelicidade de um povo que poderia ser grande, se fosse pelo menos dedicado servidor.

            “Dentro da lei, empregamos todas as nossas forças para chamar tais imponderados à razão; porém o raro elemento em forma sobre a terra mal nos permite ir além.

            “Assim, é preciso aumentar esse contingente, recrutando-o em toda parte, atento como, à semelhança do que passou no sabido festim bíblico, os convidados não compareceram.

            “A luz e a verdade aí se acham; mas os cegos, que vivem nas trevas do próprio orgulho e pretensão, escusam-se. Necessário se faz renovar os chamados.

            “Os trabalhos a realizar agora são os de esclarecimento da humanidade. É para isso indispensável um esforço da parte de todos os elucidados, no sentido de ensinarem a uns, a outros desmascararem mesmo. Só então ficará livre a passagem aos que de fato queiram elevar-se.

            “Bastante já teríamos alcançado, se os que dizem crêr em Deus buscassem a lógica que lhes proporcionasse uma fé raciocinada. O estacionamento é maior mal do que se pode imaginar

            “Não dá o Pai provas exuberantes da ação contínua de todas as coisas? Não marulham as águas? Não crescem as árvores? Não fecundam os animais? Tudo Isto não mostra a vida em todo o esplendor, por toda a parte? Porque há de ser assim tão endurecido o homem, a extremo de não reconhecer a necessidade de evolucionar também?

            “Alguém neste orbe haverá senhor da ciência absoluta, com motivo portanto para entender que não mais lhe importa andar? Ou haverá quem julgue ser a indolência cousa meritoria? Acaso os espíritas que mais se aproximam da verdade, podem negar o sem limite da evolução? Só se acompanham os que marcham. Os que, mui repousados, ficam impassíveis, tornando-se inúteis, não vêm que assim, dentro de suas casas, os maus e ignaros acham guarida?

            “Urge despertar para a luz e o amor.

            “Espíritas, depositários de inestimáveis tesouros! porque imitais aqueles outros depositários dos talentos, que, segundo reza a parábola, sob pretexto de bem guardá-los, o que fizeram foi enterrá-los, em vez de multiplicá-los?

            “A vós, espíritas, a vós, que vos pretendeis tocados da divina luz, a vós, repito, eu me dirijo neste momento, apontando a situação dos habitantes da Terra, para que desperteis do marasmo em que vos achais, dando crédito a um fatalismo mal compreendido e de que resulta não cuidardes nem de vós mesmos. Perigo é e crime, a um tempo, cruzardes desta maneira os braços.

            “Empregar mal as faculdades, ou não desenvolvê-las - o que tanto monta como fugir ao resgate do passado - constitui falta grave, a cuja reparação ninguém se isentará.

            Em verdade vos digo: muito vos será pedido, porque muito vos foi dado e oferecido.

            “Eis aqui está como lutamos nós, a quem chamais Protetores: quais milionários cercados de famintos e sem lhes podermos mitigar a fome, por não terem a coragem de vir buscar o sustento.

            E assim é que, neste planeta, Império do Erro, ainda jaz o Direito preterido e conculcado;  e cobre-se de luxo o mau; e morre de fome o justo.

            “A uma só coisa tudo isto se deve, à maior de todas as desgraças, a mais deplorável de todas as misérias - a indigência moral!

            “Adeus, meu filho; a luz e o amor à verdade fiquem contigo. – José.”




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