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terça-feira, 4 de setembro de 2012

16. "Amor à Verdade"


16
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927



Os que buscam alívio


            “Desde que o espiritismo se fez conhecido, a ele recorrem milhares de pessoas sedentas de alívio; mas muito raramente correspondem ao favor concedido pelo Pai.

            “Os que sofrem, estão passando por provas: e estas são meios de fazê-los evolucionar. Se assim é, preciso se torna o real aproveitamento delas.

            “Quando alguém que padece, encontra na doutrina remédio a seus males, contrai com ela uma dívida de gratidão, cumprindo-lhe, por isso mesmo, diligenciar conhecê-la, para que maiores proventos aquiste (ganhe).

            “Precisamos fazer compreender aos nossos irmãos - notadamente aos espíritas - que deles é obrigação não só doutrinar os que perseguem, mas também o perseguido, para que possa, por sua vez, livrar-se de novas dores que sucederão as primeiras, e assim, com esforço próprio, progredir.

            É claro que nada se passa sem a permissão divina; porém, é mais claro ainda que tudo quanto é sua vontade tão somente visa à felicidade dos homens.

            “Não devemos, sob pretexto algum, estacionar; e os mais esclarecidos não devem perder o ensejo de passar a seus irmãos o mais que puderem, a fim de que em dobro recebam.

            “Muitas vezes, os que buscam alívio no espiritismo, veem, ao cabo de algum tempo, a repetição dos padecimentos; e então, ou descreem da doutrina, ou de novo a eIa volvem, sem mais outro sentimento que o egoísmo.

            “Sempre que uma dor nos acorda, havemos, para andar com acerto, de interpretá-la como um chamado ao cumprimento do dever, seja para com Deus, ou para com o próximo.

            “As faltas perpetradas, diariamente pela maioria dos encarnados vão ser motivo de futuras dores, porque a lei sublime do amor não admite ficar sem reparo qualquer dano causado.

            “Ora, os espíritas são também espíritos em provas e expiações; os sinceros e que desejam, portanto, caminhar, devem educar os que se socorrem dos seus bons ofícios, para que sua obra seja completa.  Além de que, assim evitarão uma falta, cuja reparação lhes será pedida: praticar uma falta não é só fazer o mal; é também negligenciar o bem a seu alcance.

            “Espíritas! prossegui no firme propósito de aprenderdes ensinando, crescendo sempre para fazerdes aos outros crescer. Quando vossas almas possuírem certa luz e santo amor, vereis com tristeza que muita lacuna deixastes em vosso labor e, arrependidos, pedireis a Deus nova oportunidade em que sanar tais faltas, graves, bem certo é, mas a que, na Terra como encarnados, nenhuma importância dáveis, por julgardes  consistir a caridade apenas em atenuar misérias.

            “A alma que faliu e arde em ânsias de emendar seus erros, avança sempre, sobretudo se é humilde. Porém, para que sua ascensão seja cada vez maior, releva não deixar em seu caminho nenhuma obra incompleta, como frequentemente fazem os próprios espíritas, que ainda não alcançaram a significação real da caridade.

            “A lei é certamente complexa, não pode ser conhecida senão gradativa e metodicamente; porém o conhecimento de um só artigo importa o conhecimento de outro; outro, mais outro, todos enfim, e os retardatários terão, além de lamentar o tempo perdido, que expiar os males resultantes de sua má vontade.

            “Pelo exposto pode-se palidamente avaliar a multidão de infelizes que devem expiar, bem como o sem-número de espíritos de alguma evolução que tem de resgatar omissões de semelhante natureza;  para o que, muitas vezes, topam sérios embaraços, visto como os que, na Terra, conheceis a doutrina não lhes forneceis nem sempre os elementos de que necessitam para fazer-vos adiantar, pagando deste modo, com proteção, o que não fizeram, em ensinos, quando encarnados.

            “É preciso avivar bem os estudos da doutrina codificada por Kardec, a qual tem, em seu conjunto harmônico, tais belezas e segredos, que só o seu conhecimento pode por feliz um povo.

            “A qualquer das suas obras poder-se-á imprimir impulsos de força a produzir inigualáveis riquezas de ensinos.

            “Assim como o mineiro, rasgando o solo, nele encontra as mais puras pedras preciosas, também o espírita, conhecendo os livros daquela grande inteligência, e sabendo palmilhar a derrota neles traçada, descobrirá raridades de inestimável valor, que, manejadas por hábeis mãos, se multiplicarão ao infinito.

            “É tempo de romper por completo o véu que vem ocultando tamanhos tesouros, para que se substitua a felicidade às desgraças da terra. Se a doutrina de Jesus trouxe ensinamentos que a razão cada vez mais alumiada assimila e propaga; se a de Kardec é nem mais nem menos que a interpretação dela, não sendo, portanto, as duas senão uma; se foram, de conseguinte, feitas para todos os povos e para todos os tempos, é lógico, é evidente e intuitivo que o pesquisador imparcial e, o que muito importa, cheio de ações que lhe deem jus a libertação de inimigos diretos, há de desentranhar ainda do âmago de ambas ensinos copiosíssimos, que virão em larga parte contribuir para o progresso do
mundo.

            “Aqui venho, porque me restam ainda a saldar descuidos como os que referi; e se emprego todo o meu amor e desvelo em auxiliar os que se dedicam à doutrina, é para que não cessem de marchar e sobretudo, conhecendo estas minúcias, não mais regressem por expiação, mas venham, por amor, ativar o progredir geral.          

            “Agradeço aos que recebem os meus conselhos, porque, evoluindo, ajudam-me a pagar dívidas, que só nestas condições ficarão realmente liquidadas.

            “Paz de Maria fique contigo.









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