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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

'A Evolução de Adão'


     “A Evolução de Adão”
por Jorge Damas Martins e Roberto Silveira

(Edição dos autores – 1ª Ed – 1984)

Prefácio     por          Felipe Salomão

ENSAIO SOBRE “EVOLUÇÃO”

            Escrever um livro não é tarefa fácil. Primeiro, porque o espírita, em geral, é um estudioso e tem ao seu dispor uma bibliografia excelente e diversificada. Depois, a escolha do tema é um desafio.

            Os autores do presente livro, Jorge Damas Martins e Dr. Roberto Silveira, conseguem com muita habilidade vencer os obstáculos acima.

            Apresentam-nos este “A EVOLUÇÃO DE ADÃO”, trabalho a quatro mãos, dentro de uma linha doutrinária muito coerente, num esforço perseverante de pesquisa e estudo de texto.

            O Jorge Damas Martins, conquanto ainda novato no movimento espírita[1], não ficou na rama das considerações Doutrinárias. Aprofundou-lhes o sentido e tem se esmerado em procurar “o espírito que vivifica” nos conceitos que lhe são oferecidos. Seu primeiro livro “PONTE EVANGÉLICA” —, recentemente editado, dá-nos esta confirmação.

            O Dr. Roberto Silveira, seu sogro, já está há mais tempo na Doutrina Espírita, tendo publicado “AGENDA DE UM PSIQUIATRA ESPÍRITA”, “AQUI E ACOLÁ” (A Psiquiatria nos Dois Planos da Vida) e “ELE ESTÁ BEM, OBRIGADO”. E aqui estão os dois reunidos para a apresentação deste estudo sobre a temática da evolução.

            Antes de mais nada, deve-se dizer que eles conseguem realizar verdadeira “costura”, abordando obras de Allan Kardec, J. B. Roustaing, Pietro Ubaldi, Emmanuel, André Luiz, num admirável poder de síntese. Evidentemente, as ideias expostas são o produto da sua interpretação e resultado da sua madureza espiritual. E eles as expõem dentro do espírito de liberdade que bem caracteriza a Doutrina Espírita. Liberdade, aliás, tão útil à oxigenação de ideias, de formulação de pensamentos e que permite a livre discussão dos assuntos, sem as amarras do dogmatismo ou a prisão do fanatismo.

            A primeira parte do livro, escrita pelo Jorge, trata da queda espiritual e sua demonstração nas chamadas “Sagradas Escrituras”. Começa com a substanciosa introdução “Lei, Liberdade e Consequências” onde o autor apresenta um verdadeiro tratado sobre evolução, dor e sua razão de ser no processo evolutivo, para o espírito que faliu. Aqui fica nítida a diferença entre a dor-resgate e a dor-aprendizado, com que pretendem justificar a necessidade do sofrimento para a caminhada do Ser rumo às finalidades maiores. E uma verdade irretorquível ressuma das ideias expostas: só há uma fatalidade — a da nossa evolução.

            A seguir, o texto do Gênesis é esmiuçado tim-tim por tim-tim. É como se colocasse uma lente de aumento sobre a narrativa escriturística para melhor esclarecê-la. E não fica na mera especulação interpretativa, segundo a “letra que mata”. Há a preocupação da explicação científica, segundo a física moderna, da qual André Luiz já revelara alguns conceitos, como o da “LUZ COAGULADA”, de que modernamente se fala.

            Há amarração de todos os textos e autores entre si, verificando-se uma sólida argumentação. E não fica por aí. Vai-se ao original para se descobrir o verdadeiro significado das palavras, a fim de melhor compreendê-las. Conquanto muito se tenha escrito sobre o assunto, aqui ADÃO, EVA, SERPENTE, ÉDEN, JARDIM DO ÉDEN, PARAÍSO, EXPULSÃO, PECADO, encontram o seu significado verdadeiro, sua simbologia é desvendada e uma explicação detalhada nos é apresentada.

            É uma tese e, somente como tal, poderá ser refutada, isto é, com apresentação de dados, de ideias, de argumentos.

            Até aqui se falou filosoficamente sobre a QUEDA. Na segunda parte, o Dr. Roberto Silveira, aborda o problema da QUEDA como fato consumado, isto é, nossa vida, depois de havermos nos rebelado contra a LEI DE DEUS.

            E, também, ele, apresenta uma inovação. É a tentativa de se partir de uma ideia apresentada pelo psiquiatra ALBERT MOREL, que aceitando a queda espiritual, encontra nela a causa dos desvios psíquicos da humanidade. E com a mestria que lhe é conferida pelos longos anos de trabalho psiquiátrico, o autor faz-nos uma emocionante narrativa da reencarnação. Não como deve ser, mas como é. Aqui as almas desfilam seus dramas e os seus problemas existenciais, cuja explicação lógica só a reencarnação pode dar. E, sabemos, reencarnação oriunda de queda, que todos nós nos iguala pelo simples fato de estarmos ligados a este mundo de expiação e provas, chamado Terra. Esta mesma razão que permitiu ao Cristo de Deus desafiar aos acusadores da chamada mulher adúltera: “Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. Evidentemente que Ele não falava somente aos homens ali presentes. Falava aos espíritos reencarnados, por isso mesmo submetidos à Lei, por estarem comprometidos e em queda espiritual. Por isso ninguém teve coragem para atirar pedra. Ele, o Filho de Deus, no entanto, estava sem pecado (“Quem de vós me arguirá de pecado?”), mas Espírito Puro ofereceu seu imenso amor na compreensão dos conflitos da alma humana, sem acusar e sem pactuar com o erro (“Vai e não peques mais”). Não se consegue ler a narrativa apresentada pelo Dr. Roberto Silveira aos poucos. Há um envolvimento emocional tão grande, que somos dominados pelo desejo de chegar ao fim, de ver a narrativa toda, para compreender o que se passa com o espírito comunicante. E aqui, com as luzes da Lei dos Renascimentos, tudo se explica, tudo se aclara.

            Enfim, o presente livro não é para ser lido. É para ser estudado, tanto e tais são os argumentos e ideias aqui apresentados.

            E, ao fazermos esta apresentação por deferência dos autores, concluímos afirmando que esta é uma obra que enriquece o patrimônio cultural espírita.
           
                                                          


[1] Nota do Blogueiro – Observação de Felipe Salomão em 1984. Já lá se vão quase 30 anos e a pena do Dr Damas só fez brilhar desde então.

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