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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Página de Bezerra de Menezes



Página de Bezerra de Menezes
Editorial
Reformador (FEB) 21 Janeiro 1918

            Relendo os artigos doutrinários de Bezerra de Menezes, enfeixados em livro que a Federação carinhosamente editou, resolvemos desprender a página, que vamos engastar nesta coluna.

            Em lugar dos rabiscos de pena fatigada, apresentamos ao leitor uma joia do escrínio espirita.

            E o benévolo confrade lucrará destarte com a substituição. Se for antigo, se do tempo de Bezerra, se o tivesse acompanhado nos labores da propaganda relerá, com satisfação, talvez com lágrima nos olhos, esses períodos castiços, impregnados de fé sincera profunda.

            Se for moço, ainda embevecido pelos esplendores da aurora, terá a ventura de ler páginas em que um velho à borda do túmulo, canta a grandeza do amor.

            Ouçamo-lo:

            “Amor é laço divino que o Criador pôs entre as almas para uni-los em única família, de que Ele é pai.
            Não há no infinito turbilhão humano um único indivíduo que não sinta a influência da sublime lei.
            A diferença é: que uns, por seu atraso, amam bestialmente, dominados da concupiscência, e que outros, por seu adiantamento, amam espiritualmente.
A medida, porém, que os primeiros forem progredindo, desmaterializando-se, chegarão a emparelhar com os segundos.
            O círculo vai sempre se alargando.
            Começamos por amar a mulher, amamos a família, amamos a pátria, amamos a humanidade.
            Na Terra, não podemos ir além porque a Terra é mundo de provas e expiações o que vale por dizer: mundo habitado por espíritos mais ou menos atrasados.
            Em mundo superiores, porém, a que todos devemos, mais cedo ou mais tarde, ascender o amor é tanto mais essencialisado quanto mais fino for o toque da elevação de cada um deles.
            Ali, o amor é escoimado de todo o apetite carnal; é fluido suavíssimo, que embebe todos os espíritos e funde-os, por assim dizer, em um único.
            Podemos fazer ideia do que é ele acima da terra, pelo que nos revelou o puríssimo Jesus em sua vida, em sua doutrina, e principalmente nestas palavras preceituais, impossíveis à natureza humana:
            “Ama o teu inimigo e faze o bem ao que te odeia”.
            Se Deus pôs à humanidade uma lei tão sublime, que a razão, que o coração, que a consciência abraçam, embora cegos escarneçam e esconjurem o espiritismo, que veio revela-la; como descer-se dessas alturas à lei repugnante da separação das almas em bem aventurados e precitos (condenados), à lei da transformação do amor em repulsa e em ódio? Não. O fim da humanidade é a perfeição pelo saber e pela virtude, para ser ligada, em amor celeste, numa única família - e com Deus, seu Criador e Pai.
            Portanto, o que se despede desta vida não afrouxa o laço que os prenderam aos entes queridos, que aqui deixou, como nós não o esquecemos, se verdadeiramente o amamos.
            Mas, como pela lei incontestável da perfectibilidade, senão pelas infinitas perfeições do Criador, não podem as almas ser privadas de progredir, encarceradas no inferno por toda a eternidade;
            Mas como, por aquela lei, não podem elas, com o que colhem na Terra, elevar-se até a convivência do Ser infinitamente perfeito, encarceradas no céu, de onde não lhes é dado sair: Segue-se, logicamente, que as almas desprendidas dos corpos fiquem livres para continuar seu progresso e, como tais, nada impede que se comuniquem conosco, mesmo porque o mundo invisível é este mesmo nosso, consistindo a diferença entre os seus habitantes em serem uns presos e outros livres da matéria corporal; em terem aqueles as restrições inerentes à sua condição e estes gozarem as liberdades da sua.
            Um dia, quando a Terra tiver subido de grau na escala do progresso, a faculdade de que, hoje, só alguns homens possuem, de ver os espíritos, será generalizada; e, então, conviverão francamente os vivos com os mortos, como convivem aqueles videntes.
            Repetiremos, a saciedade; isto não são deduções dos fatos de observações de experiência quotidiana que os incrédulos podem ver, ouvir e apalpar.
            Dizem os padres que tais ensinos e tais aparições são arte do demônio.  
            Mas, por Deus, senhores. A reposta deu-a Jesus:
            “Se Satanás ensina a salvação, Satanás destrói o seu reino!”
            Pode ser do demônio um ensino que eleva as sumas perfeições de Deus, um ensino que chama os homens ao amor do Pai e do próximo e à caridade?
            Se pode haver demônio, o demônio da Igreja, criado perfeito por Deus, e que se faz o que é, frustrando a Onipotente volição, diríamos: que o laço por ele armado seria o ensino de que não há nem mesmo sentimento humano, depois da morte, pois que diz um padre da igreja: “bem-aventurados, em sua felicidade, no céu, regozijam-se com as torturas dos condenados, no inferno.”
            Que injúria aos bem-aventurados!
            Que blasfêmia contra Deus!”, à lei da transformação do amor em repulsa e em ódio? Não. O fim da humanidade é a perfeição pelo saber e pela virtude, para ser ligada, em amor celeste, numa única família - e com Deus, seu Criador e Pai.
            Portanto, o que se despede desta vida não afrouxa o laço que os prenderam aos entes queridos, que aqui deixou, como nós não o esquecemos, se verdadeiramente o amamos.
            Mas, como pela lei incontestável da perfectibilidade, senão pelas infinitas perfeições do Criador, não podem as almas ser privadas de progredir, encarceradas no inferno por toda a eternidade;
            Mas como, por aquela lei, não podem elas, com o que colhem na Terra, elevar-se até a convivência do Ser infinitamente perfeito, encarceradas no céu, de onde não lhes é dado sair: Segue-se, logicamente, que as almas desprendidas dos corpos fiquem livres para continuar seu progresso e, como tais, nada impede que se comuniquem conosco, mesmo porque o mundo invisível é este mesmo nosso, consistindo a diferença entre os seus habitantes em serem uns presos e outros livres da matéria corporal; em terem aqueles as restrições inerentes à sua condição e estes gozarem as liberdades da sua.
            Um dia, quando a Terra tiver subido de grau na escala do progresso, a faculdade de que, hoje, só alguns homens possuem, de ver os espíritos, será generalizada; e, então, conviverão francamente os vivos com os mortos, como convivem aqueles videntes.
            Repetiremos, a saciedade; isto não são deduções dos fatos de observações de experiência quotidiana que os incrédulos podem ver, ouvir e apalpar.
            Dizem os padres que tais ensinos e tais aparições são arte do demônio.  
            Mas, por Deus, senhores. A reposta deu-a Jesus:
            “Se Satanás ensina a salvação, Satanás destrói o seu reino!”
            Pode ser do demônio um ensino que eleva as sumas perfeições de Deus, um ensino que chama os homens ao amor do Pai e do próximo e à caridade?
            Se pode haver demônio, o demônio da Igreja, criado perfeito por Deus, e que se faz o que é, frustrando a Onipotente volição, diríamos: que o laço por ele armado seria o ensino de que não há nem mesmo sentimento humano, depois da morte, pois que diz um padre da igreja: “bem-aventurados, em sua felicidade, no céu, regozijam-se com as torturas dos condenados, no inferno.”
            Que injúria aos bem-aventurados!
            Que blasfêmia contra Deus!”

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