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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Jesus e Pilatos


Jesus e Pilatos

27,11  Jesus compareceu diante do governador Pilatos que o interrogou. 
27,12  Ele, porém, nada respondia às acusações dos sacerdotes e dos anciãos.
27,13  Perguntou-Lhe Pilatos:- Não ouves todos os testemunhos que levantam contra Ti? 
27,14  Mas, para grande admiração do governador, não quis responder à nenhuma acusação. 
27,15  Era costume que o governador soltasse um preso a pedido do povo  em cada festa da páscoa. 
27,16  Ora, havia, naquela ocasião, um prisioneiro famoso chamado Barrabás. 
27,17  Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: Qual quereis que eu vos solte? Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo? 
27,18  Ele já sabia que tinham entregue Jesus por inveja. 
27,19  Enquanto estava sentado no tribunal, a sua mulher lhe mandou dizer: Nada faças a esse justo!  Fui intuída em sonho a esse respeito!
27,20  Mas, os sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo que pedisse a libertação de Barrabás e fizesse morrer Jesus. 
27,21  O governador, então, tomou a palavra: Qual dos dois quereis que eu vos solte? Responderam-lhe: Barrabás.        
                                        
          Para  Mt (27,11-14), -Jesus e Pilatos - encontramos  no Cap. XI de “O  Evangelho segundo o Espiritismo”  a palavra de Emmanuel discorrendo sobre a chaga do Egoísmo.  Note bem que é a única  mensagem assinada por Emmanuel em todo o “O Evangelho...”:

O Egoísmo...

            O egoísmo, essa chaga da Humanidade, deve desaparecer da Terra, cujo progresso moral retarda; ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la subir na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o objetivo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem; digo coragem porque é preciso mais coragem para vencer a si mesmo que para vencer os outros. Que cada um, pois, coloque todos os seus cuidados para combatê-lo em si, porque esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias deste mundo. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.

            Jesus vos deu o exemplo da caridade e, Pôncio Pilatos, o do egoísmo; porque enquanto o Justo vai percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava as mãos dizendo: Que me importa! Ele disse aos judeus: Este homem é justo, por que quereis sacrificá-lo? e, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.

            É a esse antagonismo da caridade e do egoísmo, à invasão dessa lepra do coração humano, que o Cristianismo deve não ter cumprido ainda toda sua missão. É a vós,  apóstolos novos da fé e que os Espíritos Superiores esclarecem, a quem incumbe a tarefa e o dever de extirpar esse mal, para dar ao Cristianismo toda a sua força e limpar o caminho das sarças que lhe entravam a marcha. Extirpai o egoísmo da Terra, para que ela possa gravitar na escala dos mundos, porque já é tempo de a Humanidade vestir seu traje viril e, para isso, é preciso primeiro extirpá-lo do vosso coração.” (Emmanuel, Paris, 1861)


         Para Mt (22,11-14),-Jesus e Pilatos -  encontramos em “O Evangelho...”, de Kardec, no seu Cap. II, alguns trechos que nos orientam sobre essa passagem:

            “O reino de Jesus não é deste mundo, é o que cada um compreende; mas sobre a Terra não terá também uma realeza?”

      “Essa realeza, nascida do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não tem, freqüentemente, uma preponderância maior do que aquela que leva o diadema? Ela é imperecível, enquanto que a outra é o jogo das vicissitudes; ela é sempre abençoada pelas gerações futuras, enquanto que a outra, por vezes, é amaldiçoada. A realeza terrestre acaba com a vida; a realeza moral governa ainda, e, sobretudo, depois da morte. A esse título,  Jesus não é um rei mais poderoso que muitos potentados?”

         Ainda no Cap.II, um espírito que se apresentou como  “Uma Rainha de França”  transmitiu o que se segue, para nossa reflexão:

         "Para se preparar um lugar nesse reino, é preciso a abnegação, a humildade, a caridade em toda a sua prática celeste, a benevolência para com todos; não se pergunta o que haveis sido, que posição haveis ocupado, mas o bem que haveis feito, as lágrimas que haveis enxugado...”    

Jesus e Pilatos

27,22  Pilatos perguntou: Que farei, então, de Jesus que é chamado o Cristo?
Todos responderam: Seja crucificado! 
27,23 O governador tornou a perguntar: Mas, que mal fez Ele? E eles mais clamavam dizendo: Seja crucificado! 
27,24  Pilatos viu que nada adiantava mas, que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água e lavou as mãos diante do povo, e disse: Sou inocente do sangue Deste homem. Isto é lá convosco! 
27,25  e todo o povo respondeu: Caia sobre nós o Seu sangue e sobre nossos filhos! 27,26  Libertou, então, Barrabás e mandou açoitar Jesus e Lho entregou para ser crucificado. 
        
         Para Mt (27,23 ),  - Que mal fez Ele? - encontramos em “Fonte Viva”, de Emmanuel por Chico Xavier, essa  bela passagem:
           
Solidão...
            A medida que te elevas, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e incomensurável tristeza te constringe a alma sensível.

            Onde se encontram os que sorriram contigo no parque primaveril da primeira mocidade? Onde pousam os corações que te buscavam o aconchego nas horas de fantasia? Onde se acolhem quantos te partilhavam o pão e o sonho, nas aventuras ridentes do início?

            Certo, ficaram...

            Ficaram no vale, voejando em círculo estreito à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contato da menor chama de luz que se lhe descortine à frente.

            Em torno de ti, a claridade, mas também o silêncio...

            Dentro de ti, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não seres compreendido...

            Tua voz grita sem eco e o teu anseio se alonga em vão...

             Entretanto, se realmente sobes, que ouvidos te poderiam escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os teus ideais de altura? 

           Choras, indagas e sofres...

            Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso? A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida. A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.

            A rocha que sustenta a planície costuma viver assolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho.

            Não te canses de aprender a ciência da elevação. Lembra-te do Senhor, que escalou o Calvário, de cruz aos ombros feridos. Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça.

            Recorda-te dele e segue...

            Não relaciones os bens que já espalhaste.

            Confia no Infinito Bem que te aguarda.

            Não esperes pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento. E não olvides que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo dos Homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado.”

           
            O livro 'Revelação dos Papas' da União Espírita Suburbana, RJ, RJ nos trouxe uma psicografia de um espírito que se intitulou Pôncio Pilatos dando-nos, assim, mais uma prova de nossa  marcha inexorável para Cristo. Leiamos:

            (Apresentando-se à vidente um espírito muito luminoso, envolto em luz branca e verde, distinguindo-se apenas o seu vulto no meio dessas luzes, não podendo a vidente reconhecer o sexo a que pertenceu o espírito.
            A luz branca tem reflexos prateados e, da mistura com o verde e branco, aparecem também raios lilases. Afinal, a vidente reconhece ser um homem que está em sua presença)

            Antes de tudo quero agradecer a Jesus as graças que tem concedido ao meu pobre espírito.

            Quero render, aqui mesmo na Terra, graças a Deus pelo muito que me foi concedido pelo nada que fiz.

            Curvo-me, reverente e humilde, para agradecer à Infinita Misericórdia os benefícios e favores dispensados a este humilde e insignificante servo do Senhor, a quem nesta hora sublime recorro, pedindo forças e alento para poder falar aos meus irmãos, em nome de Jesus, que me disse:

            Vai tu também, Poncio, e proclama  a sublime verdade.
            Vai, meu filho, e reparte com teus irmãos o que recebeste de meu Pai, dá ao mundo o exemplo da tua humildade; oferece à humanidade a prova material da tua existência e da realidade da infinita misericórdia de meu Pai, em cujo nome falarás, cujos desígnios proclamarás, cuja sabedoria patentearás aos olhos dos homens que habitam aquele atrasado planeta.
            Vai, meu filho, e fala também em meu nome; anuncia a minha presença entre essa gente ingrata, que tanto se tem esquecido dos ensinamentos do seu Mestre, das provas de amor que lhes têm sido dispensadas pela sublime vontade do Pai.
            Vai, e dizei o que sabes, conta o que viste aqui, anuncia às criaturas o futuro que as espera; fala-lhes em linguagem simples, mas sugestiva, emprega frases repassadas de doçura, mas, ao mesmo tempo, enérgicas e incisivas, de modo a abalar-lhes a consciência, despertar-lhes na alma os sentimentos que parece terem para sempre emigrado do coração do homem.
            Vai, e  anuncia  entre os homens que - são chegados os tempos prometidos pelas Escrituras.”

            Venho, portanto, no cumprimento de uma ordem do Mestre: volto ao mundo na qualidade de enviado do Nazareno, a quem um dia procurei defender da sanha feroz dos homens, não o conseguindo, porém, porque era justamente seu destino: morrer para salvar o gênero humano.

            Deus julga as nossas intenções, preocupando-se muito pouco ou quase nada com os atos da criatura, que nem sempre traduzem os desejos íntimos do espírito encarnado. Deus julga o nosso foro íntimo, busca saber o que nos conduziu à prática de determinados atos, o móvel das nossas ações. Os atos exteriores pouca significação têm para o eterno ser: a consciência é quem responde perante o supremo tribunal de Deus.

            Os crimes perpetrados na Terra são, muitas vezes, atenuados perante a justiça eterna, que julga levando sempre em conta o grau de adiantamento de espírito, o seu passado e presente, as causas remotas que concorreram para a criatura cometer estas ou aquelas ações, e executar atos muitas vezes involuntários, porquanto, neste caso, o espírito é levado a tais crimes por circunstâncias independentes de sua vontade, sendo, em várias ocasiões, mero instrumento de outras vontades que constantemente atuam sobre a alma encarcerada e a conduzem ao erro, ao crime e à desgraça.

            Muitos dos criminosos da terra acham-se no mundo dos espíritos em condições de relativa calma e felicidade, porque Deus é justo e a balança divina é perfeita e acusa a mais insignificante partícula, de mais ou de menos, nas culpas dos espíritos julgados pela infinita Sabedoria.

            Deus julga sem recorrer ao testemunho humano, como fazem os Juízes da Terra. Não estuda processos preparados por outros juízes. Ele é o principal e o único órgão dessa justiça infalível e sábia até o infinito; as suas decisões  são inapeláveis; as suas sentenças irrevogáveis porque são absolutamente sábias e justas, quer quando condenam, quer quando absolvem o culpado.

            A justiça de Deus não tem alternativas, nem sofre contraste com outra justiça, por ser a única existente em todo o Universo.

            Deus julga as almas pela intenção, pelo que observa no fundo da consciência, e não castiga nem perdoa, mas dá o que cada um merece.

            Deus não condena seus filhos a penas eternas, isto porque, se assim procedesse, anularia o grandioso e principal objetivo da sua obra colossal: - progredir até o infinito, caminhar sempre, nascendo e renascendo, para poder viver eternamente.

            O espírito que delinque está no caminho do aperfeiçoamento e é comparável ao aprendiz que só executa maus trabalhos ou produz obras imperfeitas, sem que, por isso, o Mestre o expulse da oficina, o que seria iniquidade pois, se assim procedesse o Mestre chegaria o momento de lamentar a falta de artífices, atrofiando-se, por esse modo, as artes e as indústrias, paralisando o seu desenvolvimento e progresso.

            O Universo é a formidável oficina onde todos nós aprendemos a trabalhar, a produzir boas obras, a executar com perícia os trabalhos e as tarefas que nos são confiadas pelo nosso Mestre. Assim, Deus não condena nem absolve, propriamente falando; Ele dá o que o aprendiz merece, aquilo a que fez jus pelos seus esforços e perseverança no trabalho.

            Aí tendes a imagem da reincarnação, e porque Deus não condena, nem absolve, o que importaria na anulação do plano divino: - caminhar, sempre, aperfeiçoando-se à custa dos próprios esforços, nascendo e renascendo até o dia em que, não mais precisando das provas terrenas, possa o espírito viver eternamente.

            Deus perdoa. mas o seu perdão é condicional, e não como concebeis - o esquecimento eterno da culpa, não!

            Deus, em sua justiça divina, quer o aperfeiçoamento das almas, e se a culpa ficasse desde logo esquecida, o espírito permaneceria inerte, daquele momento em diante; nenhum compromisso assumido para com seu Criador, ficaria inativo, interrompendo, assim, o seu progresso.

            A justiça de Deus suspende o sofrimento logo que o espírito, ao reconhecer o mal praticado, se propõe repara-lo em existências sucessivas.

            Mas não é perdoar, condenar ou absolver, é apenas apreciar as obras da criatura, compara-las, pesa-las, medi-las, e, depois, dar a cada um o que merecer.

            A ideia do perdão absoluto e incondicional é, como vedes, errônea, visto como perdoar é esquecer, nada mais exigir daquele sobre quem recai o perdão, dispensando-o de qualquer reparação, do mal praticado.

            Deus dá dessa forma o que cada um merece pelos seus esforços, pelos sacrifícios feitos com intuito de caminhar para a perfeição absoluta, por isso que é justo, sábio, misericordioso e infinitamente bom. 

            Ser bom, portanto, é ser justo, dar a cada um o que lhe pertence, e não condenar eternamente ou perdoar a falta cometida por aquele que, não tendo ainda adquirido o aperfeiçoamento necessário, voltará um dia à prática de novos crimes, cercando-se das maiores cautelas para escapar à ação da justiça que o condenou ou perdoou anteriormente.

            Deus não esquece; o Criador não consente que se apague o que estiver escrito no livro do infinito, com relação aos erros e crimes praticados pela criatura. A própria alma, na ascensão que for fazendo pelo tempo além, irá apagando, ela mesma, o que estiver escrito em letras de fogo - a história dos seus desregramentos, das suas fraquezas e misérias.

            Ao passar de um plano inferior para o imediatamente superior, o espírito salda as suas contas até aquele dia, pois vai, desse momento em diante, começar uma nova vida, percorrer nova fase, e Deus, infinitamente bom, consente que a alma leve consigo, para a nova existência, as virtudes que possui, os dons e os predicados de que for portadora, ficando os erros, os defeitos, as faltas e os crimes apagados, por ter o espírito, com suas próprias mãos, os destruído para sempre.

            Ah! tendes a justiça de Deus pintada em rápidas e singelas palavras; aí estão, em ligeiros traços, descritos, os intuitos e desejos da divina Providência mandando o espírito diversas e inúmeras vezes à superfície dos mundos de expiação, aos planetas atrasados, como este onde habitei e habitais neste momento.

            Tudo quanto tendes aprendido sobre o modo de agir da suprema justiça é falso, nada valendo o que têm ensinado os chamados diretores espirituais e os intitulados livros sagrados; a justiça de Deus não tem preferencias, no tribunal divino não se distinguem os delinquentes por outros meios senão o exame das intenções que os levaram a delinquir.

            O que se examina nesse tribunal superior é o forum intimum do espírito, a intenção, o móvel das suas ações boas ou más.

            Ninguém, a chegar a essas paragens se lembra de que foi na Terra. O espírito, ao transpor aquelas regiões, sente que se apagam todas as reminiscências, se lhe enfraquecem a memória das honras, posições e riquezas, do poder de que dispôs entre os homens, da força que enfeixou em suas mãos, de que gozou e do que desfrutou.

            Diante dos nossos olhos espirituais desenham-se nítidos, lá no grandioso tribunal, os nossos pecados, as faltas, os erros e crimes que praticamos como também as boas ações, os atos indignos, as obras de caridade e amor que deixamos na Terra, e, ah! meus queridos irmãos e amados companheiros! felizes dos que podem, nessa hora solene, ver brilhar diante de si a luz suave dos atos de caridade, de amor e de piedade para com seus semelhantes!

            Ah! meus irmãos! que delícia, que felicidade desfruta todo aquele que ouve ali o eco das preces, os votos dos que ficam na terra orando pela alma que no mundo cumpriu o seu dever cristão, dando com a direita sem que a esquerda o percebesse, que amou o seu semelhante como a si mesmo, que só fez a outrem o que desejou que outrem lhe fizesse, que não feriu, que perdoou e, por isso, encontra no mundo dos espíritos o que merece pelas suas boas obras!

            Este que vos está falando também compareceu à barra desse grandioso tribunal e viu escrito os seus erros, todos os delitos mas, o! meus queridos irmãos! como foi para ele consoladora a lembrança naquela hora dos atos bons que praticara, avultando entre eles o da defesa de Jesus, a intenção de defender o justo da sanha feroz dos seus algozes! Como vos hei de contar as minhas alegrias ao ouvir ali ecoarem as minhas palavras, proferidas quando levaram Jesus à minha presença, no tribunal da Judeia! Como foram doces para mim aqueles momentos, em que ouvi também a voz de Jesus, dizendo: Que se cumpra a vontade de meu Pai!

            Essa recordação compensou largamente os dissabores que então experimentei pelos erros e delitos que pratiquei na Terra, onde tenho comparecido diversas vezes, mas sempre amparado pela divina misericórdia, guiado pela luz dos ensinamentos de Jesus, que hoje venho também proclamar, na qualidade de seu discípulo e enviado, para dizer-vos tudo quanto ficou escrito e, ainda, que me reencarnei na Terra, para propagar os santos princípios da doutrina daquele cujas palavras já abalavam o meu espírito, no tempo em estive entre vós e me chamei Pôncio Pilatos. Hoje sou defensor do puro Cristianismo, do Deus de infinita bondade e amor, sou discípulo de seu filho - o divino Jesus - que proclamo aqui o Mestre dos Mestres, o Rei dos reis, o supremo Diretor deste planeta!

            Eis aí, meus amigos e irmãos queridos, cumprida a minha missão, o meu dever, e satisfeito o compromisso; que assumi com a divina misericórdia, de vir a Terra narrar o que acabastes de ouvir, para que tenhas melhor noção da justiça eterna, que em nada se parece com a dos homens.

            Agora, resta apenas dirigir-me a vós, irmãos e companheiros muito amados; resta-me fazer-vos um pedido, dar-vos um conselho que, de certo, vos servirá de muito: - Caminhai na vida com os olhos fitos em Jesus; marchai sempre guiados pelos ensinamentos do Mestre, os quais deveis cultivar e propagar, procurando o caminho do bem, da justiça e do amor ao próximo.

            Jamais vos afasteis da caridade cristã, da caridade pura, dando com a direita sem que a esquerda o perceba, perdoando o vosso semelhante, querendo e amando os vossos irmãos como a vós mesmos.

            Defendei Jesus, livrai a sua doutrina dos botes e assaltos dos novos fariseus, ensinai as suas máximas, divulgai as suas parábolas, interpretai o fundo dessas sublimes palavras e tirai dali toda a luz de que careceis para a vossa viagem nesse vale de lágrimas, procurai praticar pelo menos um bom ato na vossa vida, para que, um dia, quando tiverdes de comparecer perante o tribunal de que tantas vezes vos falei no correr desta comunicação, possais ser consolados como foi o vosso irmão que hoje vos visita em nome de Deus e de Jesus e que se retira dizendo-vos: “Amai-vos uns aos outros e a Deus sobre todas as coisas.”
                                                           Pôncio Pilatos
                                                                                           (Março de 1917)

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