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quinta-feira, 30 de abril de 2020

O Espiritismo-Cristão e o homem

Indalício Mendes

O Espiritismo cristão e o homem
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Janeiro 1972

            O Espiritismo cristão, do qual Allan Kardec, por delegação de Espíritos superiores, foi o Codificador; tem uma função social muito importante na vida humana, principalmente, como acontece nestes dias tumultuosos nas épocas de aguda crise moral, quando o mundo parece haver ensandecido, sob a influência maléfica de entidades trevosas. Dentro do equilíbrio salutar que decorre da Doutrina Espírita, não deve a Terceira Revelação ser confundida com certas práticas incompatíveis com o legítimo sentido de “O Livro dos Espíritos”, repositório precioso do pensamento, ético e espiritual, condensado em “O Novo Testamento”, conforme se poderá verificar, de pronto, nas páginas iluminadas de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

            A melhor maneira de o espírita andar certo, na caminhada desta vida cheia de sacrifícios, é não se afastar da Doutrina, buscando pôr em ação, tanto quanto possível, preceitos morais nela contidos, não desanimando ante os erros que possa cometer, mas conservando a decisão inflexível de procurar errar cada vez menos.

            O espírita não deve iludir-se esperando que tudo lhe corra maravilhosamente. A prática da Doutrina, numa era de tantas perturbações, como a que atravessamos, é difícil, porém, se cada qual insistir em vencer os obstáculos que se apresentarem ao seu esforço por melhorar adquirirá uma serenidade capaz de lhe propiciar melhor visão dos acontecimentos cotidianos.  

            Dentro do Evangelho e da Doutrina, podemos renovar, diariamente, as nossas perspectivas do momento e do futuro. Isto significa evitar a ferrugem da rotina, responsável, na maioria dos casos, pelo envilecimento do trabalho, em virtude de provocar a automatização do esforço e, por isto mesmo, acarretar a falta de estímulo, de entusiasmo, de motivação, condenando-se a uma inércia prejudicial ao progresso.

            Impõe-se a vivência do lema kardequiano – “Sem caridade não há salvação”. E a Caridade pode ser exercida a qualquer momento, através das suas múltiplas formas.
Fazer a caridade, portanto, é uma das inúmeras maneiras de praticar a Doutrina Espírita. Se cada um de nós adotar o critério de não se desligar dos deveres doutrinários e esforçar-se por melhorar progressivamente, a pouco e pouco a própria mentalidade chegará à conclusão de que somente a nós cabe a tarefa da reforma íntima, e essa reforma individual, desenvolvida, contribuirá para aperfeiçoar a humanidade inteira. Cada pessoa, consequentemente, pode colaborar em favor da transformação da mentalidade predominante, ainda, no mundo de hoje. Acresce a circunstância de que não há outra maneira de ajudar a humanidade a aproximar-se da paz e da felicidade. Decretos governamentais, leis sociais, tudo quanto de belo se pode fazer para orientar o homem pouco valerá se cada indivíduo não tentar a própria reforma moral, que lhe ensejará a compreensão da vida pelo prisma da fraternidade cristã verdadeira, sem guerras, sem perturbações violentas, sem choques ideológicos, nem anseios de hegemonia, nem a imposição de sistemas políticos não condizentes com o roteiro do “Sermão da Montanha”, o roteiro do Evangelho do Cristo, que se acha integrado na Doutrina que Allan Kardec codificou.

            Fazer o bem, nunca fazer o mal; transformar em bem o mal que nos atingir - eis
o caminho para prestigiar a educação evangélica, a educação espírita, porque o maior
problema da vida é justamente o Homem. O Espiritismo cristão prepara o indivíduo para a vida terrena, porque lhe dá todos os elementos indispensáveis ao entendimento com os seus semelhantes. A nossa Doutrina é o mais perfeito instrumento de relações humanas. Ao mesmo tempo, ela nos ensina a entender os problemas da vida de além-túmulo, porque, na realidade, a vida é uma só, em dois aspectos: o terreno e o espiritual. Tanto assim que a Doutrina, educando o homem, prepara-o para viver bem e utilmente com as demais criaturas humanas, sem choques, sem conflitos – sem desarmonia. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, todos os seus problemas, locais, nacionais ou internacionais, serão resolvidos pacificamente, sem o concurso da violência, que nada resolve em definitivo. E a prova simples e direta disto está em que a humanidade tem feito guerras terríveis pela paz e cada vez se distancia mais da tranquilidade, dentro e fora do lar. Vale recordar um aforismo latino: “Si vis pacem, para bellum” (Se queres a paz, prepara-te para a guerra). E tudo caí num irremissível círculo vicioso: fazer guerra para obter a paz; conquistar uma paz aparente, poluída (esta é a palavra da moda) pelos resíduos do conflito antecedente, que leva a nova guerra.

            Não. Só pela educação do ser humano será possível estabelecer, no mundo, uma era de paz definitiva. E esse é o trabalho extraordinário do Espiritismo cristão.

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