Pesquisar este blog

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Verdades da Verdade - Parte 2 de 5


5

            Pensando ter demonstrado a divindade da sua igreja, monsenhor Martins, entrando nas lógicas consequências que daí advêm, diz:
            "Todo aquele que conhece a religião católica, se não procurar a ela pertencer, será um criminoso perante Deus e com toda certeza não poderá salvar-se". (Então estou perdido, mas antes só do que mal acompanhado). E continua: "Todos os que pertencem à igreja católica devem firmemente acreditar (se puderem) em todos os seus ensinos, mesmo em relação aos mais profundos e impenetráveis mistérios, mesmo que eles lhes pareçam absurdos, porque se ela em um só ponto ensinasse o erro, não seria mais divina."
            Vejamos esses dois pontos.
            O Monsenhor não ignora que cada criatura pensa como pode e não como quer. Eu, por exemplo, nasci judeu, criei-me na religião israelita, e como os judeus eram o povo perseguido pelos católicos no tempo da minha juventude, naturalmente cresci com aversão à igreja católica, a qual era a instigadora dessas perseguições. Não conhecia a sua religião, e como o meu espírito nunca achou prazer em assistir a festas pomposas, não foi atraído pelas procissões carnavalescas da sua igreja nem pelas festas às nossas senhoras onde o povo se embriaga, onde se adora o deus mamon e onde as criaturas vão levar promessas de bonecos, pernas, braços e velas de cera à igreja, para ela, pelas costas do freguês, as mandar logo de novo vender.
            Naturalmente, ao contato do mundo, cheguei a conhecer muitos dos atos e dogmas da igreja, e agora pelo seu livrinho fui esclarecido sobre aquilo que ainda ignorava. E, com toda franqueza lhe digo: prefiro ficar um criminoso perante Deus, a mentir à minha consciência.
            No entanto, um milagre operou-se em mim, produzido por esse mesmo Jesus a quem neguei e a quem a igreja invoca sem nele crer. Por causa de um diagnóstico e um prognostico sobre uma senhora doente em S. Paulo, a quem o médium daqui não podia conhecer e a qual foi por ele curada, li as obras de Allan Kardec e tornei-me um sincero adepto do Espiritismo, um crente e venerador do Cristo e da Virgem, porém dos espíritos e não das imagens que a igreja explora em proveito dos seus sacerdotes.
            Quanto ao segundo ponto, já pela boca de Moisés o Senhor proibiu a adoração das imagens. E a igreja diz que baseia a sua divindade no Velho e Novo Testamento! Moisés recebeu o mandamento: Não vos virareis para os ídolos, nem fareis para vós deuses de fundição: Eu sou o Senhor vosso Deus". (Lev. cap.19, v. 4) e, "Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagens de escultura, nem estátua, nem poreis pedra figurada na vossa terra para inclinar-vos a ela: porque Eu sou o Senhor vosso Deus". (Lev. cap. 26, v. 1). Nos Salmos diz David: "Confundidos sejam todos os que servem imagens de escultura, que se gloriam de ídolos" (Salmos 97, v. 7). No Evangelho ensina Jesus: "Deus é espírito e importa que os que o adoram o adorem em espirito e verdade" (João, cap. 4, v. 23, 24).
            Logo, as imagens são proibidas tanto por Moisés, David e outros profetas - como pelo Cristo, e para cúmulo de desfaçatez; a igreja pinta um velho barbado sobre o altar-mor, representando Deus! E assim segue os preceitos sagrados!
            Depois vêm as indulgências. O Monsenhor por acaso pode mostrar-me nas escrituras uma só passagem sobre as quais elas se possam basear?
            Jesus claramente disse: "A cada um será dado segundo as suas obras". "Quem com ferro fere com ferro será ferido". "Não sairás do cárcere sem pagar o último centil."
            No entanto Roma vendia bulas a todos, e de acordo com as posses do freguês! Agora, não; mas em quanto tinha debaixo de seu guante os monarcas da idade média, um assassino, foragido da sua aldeia com medo das autoridades, ia ao primeiro convento que encontrava e comprava uma indulgência, a qual além de lhe servir de salvo-conduto, o absolvia do crime e ainda lhe dava o direito ao reino dos céus. Não é isso, monsenhor? Semelhantes traficantes podem estar com Jesus? Não foram as bulas que deram lugar à cisão na igreja e deram nascimento ao Calvinismo e ao Luteranismo?
            Não são já dois pontos e não somente um, em que está demonstrado que a igreja está ensinando o erro? Confesse monsenhor que os dias da besta do Apocalipse estão contados!

6

            Prosseguindo, diz monsenhor Martins no seu livrinho: Na nova lei que é o complemento da “antiga" Jesus Cristo elevou o preceito antigo sobre a confissão a categoria de sacramento.
            Peço licença para o contradizer ainda nesta sua asserção, pois em nenhum versículo do Evangelho dos referentes às palavras pronunciadas por Jesus se encontra uma só palavra que trate da confissão. Portanto, mais uma vez monsenhor deturpou a verdade. Não acha?
            Mais adiante, monsenhor diz: "Jesus deu aos sacerdotes o direito e o poder de, em seu nome e pela sua autorização, conceder ou negar o perdão, Essa importantíssima verdade acha-se claramente exarada no Evangelho. Depois da sua gloriosa ressurreição Jesus Cristo aparecendo aos seus apóstolos, disse-lhes: Recebei o Espírito Santo; e aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e aqueles a quem não perdoardes, não lhes serão perdoados.”  
            Estas foram de fato as palavras de Jesus aos apóstolos. Mas, quem eram os apóstolos? Espíritos da escol celeste que baixaram com Jesus, para o acompanhar na sua missão. Espíritos que resistiram a todas as tentações do mundo que davam de graça as misericórdias que por seu intermédio o Senhor distribuía; que nunca se deixaram seduzir pelos bens terrenos; que de acordo com os preceitos de Jesus, praticaram todas as maravilhosas curas que Jesus praticou. Inspirados pelo Espírito Santo (os espíritos superiores) eles estavam aptos para conhecer o íntimo das criaturas que os procuravam. Não é isso o que o Evangelho diz, monsenhor?
            Não é uma história edificante a dos Atos dos Apóstolos? Como eles se indignaram, rasgando as túnicas, quando o povo os quis adorar! Quais os atos do clero romano para merecer a assistência desse Espírito Santo que assistia e inspirava os apóstolos? Será o de deixar os crentes ajoelharem diante deles e beijar-lhes as mãos? Serão as presumidas graças negociadas pela igreja? Qual é a sua obra?
            Com licença do monsenhor, vou mostrar-lhe uma delas. A igreja prega e monsenhor mesmo ensina que: "Com a confissão feita ao sacerdote basta a contrição imperfeita para conseguir o perdão dos pecados mortais." "O simples fato, de depois outra vez cometer o pecado, não prova falta de sinceridade, nem na contrição, nem no propósito." Ganham cada vez 300 dias, e recitando-a diariamente durante um mês uma indulgência plenária os que recitarem a seguinte oração: Eternamente e além seja louvado, etc. etc."
            Nada mais barato!
            Ouvindo o povo desde criança estes ensinos hipócritas, naturalmente chega à conclusão que são eles verdade. E quais os resultados? Os dirigentes dos povos, estando uns criados na religião católica, e outros na protestante que ensina "Crê em Jesus e serás salvo", desencadearam esta tremenda guerra sobre mundo, certos de que, dizendo que creem em Jesus uns, e, confessando-se mesmo com uma contrição imperfeitíssima outros, perdoados lhes seriam os seus pecados.
            Eis a obra das igrejas!!!       
            Mas, Deus, que vela pelas suas criaturas, e que "não quer a perda de nenhum dos seus filhos, e sim que eles se convertam", permite, devido à maldade deles, que o fogo desça sobre eles para os purificar. Mas "ai daquele por quem vier o escândalo", disse Jesus. Para a igreja está prestes a descer a profecia do Apocalipse exarada no Cap. 17 e 18.  Com a queda das dinastias, que com a besta (Cap. 13) se conspurcavam está a suceder-lhe o que o Senhor diz a João, no sonho apocalíptico: “Porque os seus pecados já se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela. Tornai-lhe como ela vos tem dado, e duplicai lhe em dobro conforme as suas obras: No cálice que ela vos deu de beber, dai a ela o dobro".         
            A besta tem o numero 666. (Apocalipse, cap. 13).
            Os títulos que o papa usa são os seguintes: Dux Cleri, Vicarius Filii Dei e Vicarius Generalis Dei in Terris.
            Ora veja monsenhor Martins o resultado, tirando-se as letras sem valor numérico e somando-se os números.
            Dux Cleri: D-500, U-5, X-10, C-100, L-50, I-1, total 666.  
            Vicarius Filii Dei: V-5, I-1, C-l00, I-1, U-5, I-1, L-50, I-1, I-1, D-500, I-1, total 666.
            Vicarius Generalis dei in Terris: V-5, I-1, C-100, I-1, U-5, L-50, I-1, D-500, I-1, I-1, I-1,
total 666.
            Serão estes números também a prova da santidade da igreja?
            Imaginem-se apenas os crimes da inquisição, fora os que praticaram aqueles que foram mal aconselhados pela igreja e pelos quais ela também é responsável; como não será amargo o cálice que a igreja terá a sorver.
            Que o Senhor tenha misericórdia da igreja!

7

            Diz ainda o monsenhor Martins:
            “A igreja proíbe de ler livros, jornais, revistas que contém doutrina, exemplos, comentários adversos à sua doutrina. "
            Isto apenas demonstra o medo que a igreja tem de serem os seus adeptos esclarecidos sobre os erros que ela ensina e assim deixem de encher continuamente as suas arcas com o produto das promessas, promessas estas que não passam de suborno da misericórdia divina. E poderá alguém que raciocine admitir que a Virgem, ou Jesus possam ser subornados ou comprados?
            E continua: "A igreja proíbe de se ter intimidade, amizade com os que são casados só civilmente".
            Não parece isto uns ares de vingança por não ter freguês pago ao padre os honorários do casamento religioso? Felizmente, esta proibição os católicos não a cumprem, compreendendo que o amor ao próximo abrange a todas as criaturas ainda que a sua igreja assim o não queira compreender.
            E mais: "A igreja manda-nos amar o nosso próximo, principalmente a sua alma".
            Este mandamento parece ter sido formulado por um diplomata à la Luxemburgo e como os seus famosos telegramas explica-se logo adiante no livrinho que comento onde "manda dar esmola aos verdadeiros pobres", e se o doador não tiver tempo para indagar quais são os verdadeiros, amará só a alma do infeliz que lhe estende a mão. Que velhacaria!
            Diz ainda: "A igreja manda concorrer cada um na medida das suas posses com o óbulo para as despesas com o culto" ... (as imagens) para que o pároco possa construir alguns prédios para renda e bem estar da sua prole. Pelo menos é o que se observa.
            E finaliza. "Eis a chave de ouro com que quero e devo fechar esta parte, referente à divindade da igreja católica apostólica romana. O grande S. Cipriano (que isca!) dizia: Quem não tiver a igreja como Mãe não terá Jesus Cristo como Pai".
            É pena que S. Cipriano não esteja encarnado agora, pois serviria admiravelmente para diplomata da Santa Sé quando ela se vir excluída do próximo congresso da paz.
            Com que então Jesus é Pai? E o monsenhor tem a coragem de repetir semelhante heresia? Admira o desplante com que se mente aos fieis que não têm meios de procurar a verdade! Jesus ensinou: "A ninguém chameis pai vosso sobre a terra; porque um só é vosso Pai que está nos céus, nem vos intituleis mestres; porque um só é vosso mestre, o Cristo" (Mateus 23:9 e '10). Estes ensinos, Jesus pronunciou para deixar demonstrada a diferença entre ele e o Pai, sabendo de antemão que a igreja católica ia deifica-lo.
            Quanto à igreja ser mãe, ninguém ignora que ela de fato o é, mas tão somente do clero e dos sacristãos.
            Do resto ao povo, porém, é madrasta que explora os seus enteados em proveito dos filhos com promessas, que ela sabe não podem ser cumpridas.
            E por dizermos a verdade, monsenhor Martins; como voz da igreja proíbe "que os católicos tenham intimidade e amizade com os inimigos da sua religião", S. rev., porém, cita o provérbio - “quem avisa amigo é”, e falando eu com esta franqueza, não é isto uma prova de que o meu coração transborda de amizade por todos e especialmente pelo clero, não trepidando diante da ira de alguns para salvar a todos do abismo a cuja beira se acham, desejando a felicidade de todos na vida espiritual, pois que a atual não é mais do que a consequência dos desmandos da humanidade de todos os tempos que é sempre a mesma, reencarnando e desencarnando, vida de expiação, reparação e provação?
            O purgatório que a igreja prega sem saber explicar o seu paradeiro é este mundo. É o que os espíritos explicam e mais: que a presente época é a última ocasião que a humanidade terrena terá para modificar a sua moral e resgatar as suas faltas, pois que chegou o tempo predito por Jesus, e os recalcitrantes serão repelidos para planetas muito mais atrasados que o nosso onde terão de viver e progredir, planetas onde haverá choro e ranger de dentes para aqueles que já estavam acostumados às comodidades deste mundo.
            Não é o caso de se meditar seriamente sobre os ensinos do Cristo, orar e vigiar  constantemente e fazer o maior esforço possível para andar de acordo com o Evangelho de Jesus de preferência a aceitar os erros que a igreja católica apostólica romana ensina?

8

            Na sexta prova de santidade da igreja, diz monsenhor Martins: “Alguém já conheceu um verdadeiro santo, na genuína expressão da palavra, no protestantismo, no espiritismo, no positivismo?
            Não no espiritismo, porque nós não temos a instituição que os fabrica, e consideramos que ser bom não é mais do que cumprir cada um o seu dever, e feliz daquele que o sabe cumprir. 
            Mas, se no meio do clero romano desceram espíritos ilustres e bondosos, foi porque Deus, infinitamente bom e misericordioso quis salvar o clero católico do precipício em que se atirava. Entretanto, a despeito dos exemplos dos Francisco de Assis, dos Antônio de Pádua, dos Vicente de Paula e de tantos outros, o clero persistiu em deixar-se seduzir pelos bens terrenos, pelos gozos da materialidade; pela concupiscência, e, dando estes exemplos, desviou o povo da verdadeira moral do Cristo. Isto é histórico.
            A igreja perseguia os seus chamados santos, aos quais hoje enaltece para ver se podem reforçar os alicerces do seu carcomido edifício, já minado e prestes a ruir.
Poderá ela citar um único santo, cujas palavras ela tivesse acatado enquanto ele fora vivo, a não ser os santos inquisidores?
            Santo Agostinho, por ventura, não repeliu o batismo das crianças, considerando-o uma farsa?
            Sim, varões ilustres procuraram encaminhar o clero católico na senda do Evangelho. O clero, porém, não lhes deu ouvidos, nem imitou os seus exemplos, e daí a sua grande responsabilidade.
             Jesus mesmo ensinava ao povo aquilo que de há muito se tornou um provérbio popular. "Fazei o que os padres dizem, mas não o que eles fazem" (Mateus cap. 23, v. 3) referindo-se aos escribas e fariseus. E disse mais: "Eles serão precedidos no reino dos céus pelas prostitutas e pelos publicanos" (Mateus 21 :31).
            Jesus constituiu a sua igreja sobre a fé robusta de Pedro, fé em que Pedro proclama ser - Jesus "o Filho de Deus vivo". Sobre esta rocha que é o próprio Cristo, foi edificada a igreja. Nem Pedro, nem nenhum dos outros apóstolos construíram igrejas de pedra e sim templos nos corações dos crentes onde as virtudes que Jesus exemplificou encontrassem um altar. E estes tais é que eram um em Jesus como Jesus é um no Pai.
            Agora, imagine o monsenhor se a igreja tivesse seguido os ensinos de Jesus, se em todos os tempos tivesse exemplificado as suas virtudes, em que altura não pairaria a moral da humanidade de hoje? O mundo não seria uma morada feliz em vez de ser o inferno que hoje se observa?      
            "Santos", homens desprendidos houve em todos os tempos, em todas as partes do mundo e em todas as seitas; mas, como o mau clero estava em maioria, o povo preferiu seguir os exemplos do clero nos gozos do mundo a ouvir os "santos" e esperar os prometidos gozos do céu.
            Prometendo Jesus, o Consolador, enviou o seu servo Allan Kardec (que na precedente encarnação fora João Huss, queimado pela igreja), para codificar o Espiritismo. Os mortos falam, os sinais, os fatos em todo o mundo se produzem, os espíritos dão os mais salutares ensinos, as revelações sucedem-se às revelações em nome do Cristo. Os pequeninos, os anônimos agasalham os ensinos que assim baixam; só o clero não os quer ouvir e brada como os escribas no tempo de Jesus: é o demônio!
            Mas que demônio é esse que só ensina a moral de Jesus, que cura os enfermos, que consola os aflitos? O demônio por certo regenerou-se pois faz mais bem do que aqueles que se dizem sucessores de Pedro. Não há livro espírita que contenha um só ensino que não esteja de acordo com o Evangelho. Onde está o demônio?
            Monsenhor não estará enganado quando ensina que "em cada uma das partículas da hóstia consagrada acham-se realmente presentes o corpo, o sangue e toda a divindade de Jesus Cristo?  Jesus ensina: "Tudo o que entra pela boca desce pelo ventre e é lançado a um lugar escuso."
            Teria o concílio de Trento, o criador da hóstia, mil quatrocentos e tantos anos depois da ascensão de Jesus, mais poder do que Ele, forçando-o a descer da sua celeste morada para se incorporar nas hóstias e ser engolido em beneficio da igreja?
            Ensinando semelhantes absurdos, queixa-se a igreja dos espíritas e os considera seus inimigos, quando o que desejamos é que ela ensine as verdades evangélicas, tal
qual Jesus as ensinou, e quando isso fizer terá os nossos aplausos e comungaremos com ela. 

9
           
            Referindo-se ao sacramento da Eucaristia, diz monsenhor Martins no seu livrinho, “Este sacramento consiste em Jesus Cristo achar-se realmente presente na hóstia consagrada, a fim de viver entre nós, e de servir de alimento espiritual da nossa alma. Este divino sacramento, com todos os outros seis, (não) foi instituído por Jesus Cristo. Na véspera da sua dolorosa paixão, reunido com os doze apóstolos no cenáculo, ele tomou o pão nas suas sagradas mãos, e benzendo-o e partindo-o, foi distribuindo aos seus apóstolos e dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo, que será entregue por vós. Jesus é Deus e as palavras de um Deus, tem uma força e eficácia onipotente que realizam tudo quanto enunciam. E dizendo ele depois aos seus apóstolos: fazei isto em minha lembrança, deu com toda certeza aos apóstolos (pelo menos é o que conviria à igreja) e em sua pessoa aos sacerdotes (se fossem) seus legítimos sucessores, o portentoso poder de, (ganhar dinheiro para construir palácios) converter o pão em seu verdadeiro corpo."
            Presunção e água benta... Mas o que monsenhor ensina não é a expressão da verdade e a prova disto e que muito antes da ceia, como se lê no capitulo 6º de João, Jesus falou do seu corpo e do seu sangue no mesmo sentido usado na ocasião da ceia, dizendo: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu, se alguém, comer este pão viverá para sempre e o pão que eu der é a minha carne, a qual eu darei pela vida do mundo". "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia". "- Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele". "O espírito é que vivifica, a carne para nada aproveita; as minhas palavras são espírito e vida", em esforço, depreende-se daí que Jesus não fala senão figuradamente em ser a sua carne comida, e que as suas palavras tinham um sentido todo espiritual. O seu corpo não pode representar outra coisa senão o corpo de doutrina que Ele trouxe ao mundo, a doutrina de   amor e perdão que Ele pregou e exemplificou.
            Também na ocasião da ceia, Jesus disse muito mais do que cita monsenhor, mas à igreja não convém que o povo conheça o resto, pois lançaria logo a dúvida, mesmo nas inteligências menos esclarecidas, e isso é perigoso aos seus interesses.
            Eis aí porque o Evangelho é trancado e ao povo só se serve a dose que é útil à igreja. Senão, vejamos: Diz o Evangelho: "E quando comiam, Jesus tomou o pão, e, abençoando-o partiu, e o deu aos discípulos e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças deu-lhe o dizendo: bebei dele, todos, porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento que é derramado por muitos, para remissão dos pecados". (Mateus 26:26-28). E em João 15 :15: Já vos não chamarei servos; porque o servo não sabe o que faz seu Senhor. Mas chamei-vos amigos; porque vos descobri tudo quanto ouvi do meu Pai "para ser a vida do mundo."
            Já vê monsenhor que Jesus ainda aqui se referia, não à transformação do seu corpo em pão, e sim ao seu Novo Testamento, que seria espalhado por muitos e a salvação daqueles que o aceitassem de coração.  
             Referia-se à fraternidade que Ele com os seus irmãos menores festejavam antes da sua paixão e recomendava-lhes fossem fraternos e comemorassem esta ceia. E tanto assim é que Ele os chamou de amigos e continuando, lhes disse: "Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros".
            O ensino do Velho Testamento "dente por dente e olho por olho”, foi no Novo revogado por: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam."
            É esta a transubstanciação que Jesus pregou, - não aquela eucaristia que o concilio de Trento decretou como dogma em 1545, com o fim de iludir o povo, e para gáudio e lucro do clero romano.
            Jesus disse: "As minhas palavras são espírito e vida", "tirai o espírito da letra", e é isso que cumpria, não a nós, espíritas fazer, e sim de todos os tempos ao clero que deveria ensinar exemplificando. Se a igreja assim tivesse procedido, quanto sofrimento teria sido evitado tanto aos encarnados como aos desencarnados e especialmente ao próprio clero no Além? Só Deus o sabe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário