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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Perseguição espiritual


Perseguição espiritual
Redação 
Reformador (FEB) Outubro 1923

            Entre as curas de enfermos, referidas no Evangelho, consideradas miraculosas, figura a dos possessos. A significação deste termo é conhecida.
            Como sabem os confrades, teórica e praticamente, grande e constante é a influência dos espíritos, desde a atuação simples até ao domínio ou subjugação do paciente.
            Fundada em fatos de observação quotidiana - e a Federação Espirita Brasileira, destroçando preconceitos científicos, pode enumerá-los às dezenas - a nossa doutrina a este respeito, como em outros pontos, encontra plena confirmação no Evangelho.
            Temos a palavra do Senhor.
            Ele nos revelou a existência do espírito obsessor invisível, que se afasta à sua ordem.
Não se trata de opinião ou de apreciação do narrador evangélico, a qual poderia ser errônea; mas de afirmação positiva e categórica do Cristo.
            Referem os evangelistas que, em certa ocasião, doutrinando Jesus na sinagoga, ali se achava “um homem possesso de espírito imundo”.
            Como o obsessor tivesse falado pela boca da vítima, o Senhor ordenou, não à esta, mas àquele:
            “- Cala-te e sai desse homem”. (Marcos, I. 23-25; Lucas, v, 33-35)
            Estamos, pois, em face de duas entidades bem distintas, reconhecidas por Jesus: o indivíduo perseguido, encontrado na sinagoga, e o perseguidor oculto, a quem foi imposta a ordem de retirada, efetivamente cumprida.
            De outra feita, no território dos gerasenos (ou gadarenos), fronteiro à Galileia, Jesus deu ordem idêntica ao obsessor de um homem, vindo a seu encontro:
            “-Espírito imundo, sai desse homem.” (Marcos, v, 1-8; Lucas, VIII, 26-29)
            O divino Mestre dirigiu ainda uma pergunta ao perseguidor espiritual.
            Em outro caso, vem da mesma forma transcrita a ordem do Senhor:
            “- Espírito surdo e mudo, Eu te mando: sai desse moço e não tornes a entrar nele.” (Marcos IX, 24.)
            Citamos essas ocorrências, porque são características. Narrando as aos evangelistas reproduzem as próprias palavras do Cristo, reveladoras da verdade sobre as obsessões, causadas por agentes espirituais.
            É a tese que o Espiritismo vem sustentando desde o seu início contra a suposta ciência materialista e a incredulidade.
            Que havemos de opor à cegueira voluntária?
            As leis do sofrimento e do progresso, que se realiza em vida sucessivas.
            Aos que desejam e querem aprender, apresentamos, além da lição do Evangelho, a nossa longa e paciente documentação, em longos anos de trabalhos, pesquisas, observações e experiências.

*

            Os discípulos de Jesus não haviam conseguido a cura, em vão tentada, de um dos obsidiados acima aludidos.
            Qual o motivo do insucesso?
            O Senhor lhe declarou: “Por causa da sua incredulidade...
            “Esta espécie de demônios não se lança fora senão à força de oração e de jejum.” (Mateus XVII, 19, 20.)
            Jesus, a personificação da bondade e do amor, nos indicou, em primeiro lugar, a causa primordial da obsessão, tida por enfermidade que pode ir até a loucura, como aconteceu ao possesso, ou, segundo Mateus, aos possessos, em extremo furiosos, do país dos gerasenos.
            Em segundo lugar, nos ensinou os meios de cura, que se resumem na fé e na prece.
            Na era espírita, conhecida a mediunidade, podemos melhor compreender e aplicar os preceitos evangélicos para a libertação de obsidiados.
            As antigas práticas exorcistas ainda mantidas pelas igrejas, eram e são inúteis ou contraproducentes porque irritam e exacerbam os perseguidores.
            Mais do que as teorias, convencem os fatos.
            As contínuas vitórias alcançadas pelo Espiritismo, no tratamento e cura das obsessões, graças à Providencia divina, por seus agentes invisíveis, Guias espirituais, provam a eficácia dos seus processos.
            Eles hão de generalizar-se, porque os tempos são chegados e as verdades serão reconhecidas e proclamadas.
            Como os ocultos, serão vencidos os perseguidores encarnados.

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