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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Ontem e Hoje


                 Recordando os tempos do cristianismo nascente, impossível sopitar sinceras expressões de admiração. Quanto fizeram os que nos antecederam em quase 2.000 anos, na trajetória de homens renovados para a luz de Cima!

            A história do Cristianismo é a maior de todas as odisseias que já a Terra viu. Campos juncados não de cadáveres, na rigidez que caracteriza a morte no corpo físico, mas de arbustos e plantações santificadas, no louvor mudo às mães, em louvor aos filhos, em louvor aos irmãos, em louvor às crianças de Deus, que tombaram na divina epopeia.

            Fez-se o martírio. Madeiros ostentavam estamparias carnais, testemunhando não a força bruta, mas a impotência da treva perante a força da bondade. Por muitos anos, portas fechadas ocultaram ao geral do mundo as expressões do Alto, não porque o Amor do Cristo temesse travar contato com as feridas da incompreensão humana, mas porque jamais convirá que o Bem abandone a prudência, que a caridade esqueça os limites do bom senso, para bem ser praticada.

            Como cuidaram dos leprosos, dos coxos e dos estropiados, dos cegos e dos possessos, os trabalhadores das horas difíceis que cercaram a vinda do Messias, e nos dois séculos que decorreram após as cenas até hoje incompreendidas do Calvário e da Ressurreição, bases da segurança do Cristianismo! ... Por quantos martírios, desde a discórdia familiar às hediondas macerações nos calabouços da indignidade, passaram nossos irmãos de luta... Paulo, abandonando a vida imediata, comparecendo com o exemplo nítido do homem que, aquém da santidade, entregou o coração além da morte ao flagício dos espinhos na carne, vaso de barro a comprovar que tudo o que existe de bom procede de Deus. Os discípulos anônimos, testemunhando a escola casta do Cristianismo, que Jesus inaugurou em pleno deserto de nossos corações. João, o Evangelista, pelo Mestre apelidado "filho do trovão", junto a Tiago. Simão Pedro confundido pelo olhar do Senhor, a face branda, cheia de amor, de um Amor que ainda não compreendemos...

            Recordamos e cremos dizer dos caminheiros e testemunhantes da estrada, do mais fundo de nossa pequenez, através da nossa imperfeição. Homenageamos as lágrimas vertidas dos corações maternos apartados dos filhos adorados, testemunhando a comunhão com o Espírito de Deus.

            Meus irmãos, quantas agruras a história do Cristianismo ainda hoje nos oculta! Que temos nós construído, de nossa parte?.. Como reagiremos perante os desafios múltiplos integrantes de nossa cruz, nós que também estamos sob o jugo do ódio, tornado leve sob as bênçãos crísticas?.. Como procederemos face aos que nos agredirem com o pensamento ou com o verbo desequilibrado?.. Que vantagens buscaremos auferir, senão as lídimas vantagens do Céu?.. Que plantações semearemos em nossa casa?..

            Meus filhinhos - que o amor que vos dedico autoriza-me a chamá-los assim - :Quando chegaremos às portas de Damasco?!. .. Que haja muita tolerância e muita luta, nesse amor que detendes, que Jesus derramou sobre o mundo, no milagre da libertação, segundo a responsabilidade de compreender.
Ontem e hoje
Bittencourt Sampaio
Reformador (FEB) Janeiro 1976

 (Mensagem recebida na sessão pública de 29-8-1975, na FEB - Seção Rio.)

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