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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

No túmulo de Kardec


'Reformador' pág. 167-168 em Junho de 1976 'Ante a tumba de Kardec'  parte


A propósito do dólmen de Kardec, ante o qual se realizou a solenidade, vale a pena recordar o que publicou o Reformador de maio de 1960, à página 106:

"Sobre a frase - Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, esta é a lei -, vimos recebendo consultas e a elas tentaremos responder.  

A frase que se encontra no dólmen do Codificador, no Père-Lachaise, é: "Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cesse, telle est Ia loi."

Nela não há, como se vê, o verbo "viver", inteligentemente acrescentado por alguém, aqui no Brasil, e isto faz mais de cinquenta anos. A frase ficou mais completa e até com melhor cadência.

Muitos traduziram "sans cesse" como se estivesse "toujours"; "sans cesse", porém, é uma locução francesa que significa "sans discontinuer", "continuellernent", como registra Larousse.

Alguns têm afirmado que a frase é da autoria de Allan Kardec; entretanto, parece-nos que ela foi construída por um dos seus discípulos, exatamente para figurar no túmulo do Codificador."

Ocorre, porém, que "o espírito sopra onde quer" e, no que tange a essa frase, soprou-a diversos ouvidos.  Encontramo-la, por isso, em diferentes escritos, de autores diferentes, em datas diferentes. Vemo-la na obra Clé de la Vie, de Louis Michel, organizada por C. Sardou e L. Pradel, editores, Rue du Hassard, 9, Paris, datada de 1º de agosto de 1857, página 570:

"Saturées de l'aimant divin, de l'amour divin, des provisions divines de toute nature, les âmes solaires, par cet aimant, par cet amour, par tous ces divers agents célestes, font naître, vivre, circuler, évolutionner, múrir, se transformer, monter au chemin ascendant, leurs soleils et leurs planètes, et, par les âmes de ces dernières, font jouir des mêmes avantages Ia plus obscure image de Dieu elle-même, l'homme, resté, encore, en dehors de l'unité; dès qu'il consent à s'y prêter un peu."

Em discurso pronunciado na presença de Kardec, no dia 14 de outubro de 1861, na Reunião Geral dos Espíritas de Bordéus, o Sr. Sabò disse textualmente:

"... pour aller à lui, faut naître, mourir et renaitre jusqu'à ce qu'on soit arrivé aux limites de Ia perfection ... " (Revue Spirite, 1861, p. 331.)

Vejamos também estas duas frases:.

"Tout, tout, dans cette grande unité de Ia création, existe, nait, vit, fonctionne et meurt et renaît pour l'harmonie universelle."

"( ... ) il faut naître, mourir et renaître jusqu'à ce que l'on soit parvenu aux limites de Ia perfection."

Estão elas em Les Quatre Évangiles, J.-B. Roustaing, Tome Premier, Paris, Librairie Centrale, 24, Boulevard des Italiens, 1866, às páginas 191 e 227, respectivamente. (Em português - Os Quatro Evangelhos -, às páginas 191 e 227 correspondem, respectivamente, as de nºs 305 e 339, também do 1º volume - 5.a edição, FEB, 1971.)

Notemos que a frase é substancialmente a mesma, sob várias formas, sempre, porém, com o mesmo sentido, em 1857, 1861, 1866 e finalmente em 1870, quando foi insculpida no frontispício do dólmen de Kardec, em três linhas:

NAlTRE MOURIR RENAiTRE ENCORE
ET PROGRESSER SANS CESSE
TELLE EST LA LOI

Ainda podemos mencionar aqui a tradução que Camille Selden (pseudônimo de Elise Krinitz) fez do romance de João Wolfgang Goethe: Die Wahlverwandtschatten (1809). Na referida tradução, sob o título Les affinités électives, publicada em Paris pelos editores G. Charpentier e E. Fasquelle (Bibliothèque-Charpentier), com prefácio da tradutora, datado de janeiro de 1872, deparamos a páginas 78 esse período do discurso que um pedreiro proferia no lançamento da pedra fundamental de uma casa:

"Naitre pour mourir, mourir pour renaître, telle est la loi universelle. Les hommes y sont soumis, à bien plus forte raison leurs travaux."

A frase grifada por nós não consta, em verdade, no original alemão (conforme certificamos em edições publicadas em Leipzig e em Basel) , que apenas fala da "efêmera passagem das coisas deste mundo". Inteiramente concorde com o alemão está a tradução em português, feita em 1948 por Conceição G. Sotto Maior, editada pelos Irmãos Pongetti.

Não cremos que Camille Selden tenha tido conhecimento da sentença gravada na pedra que serve de teto ao dólmen de Kardec. Cremos, isto sim, que o pensamento da sentença havia muito andava no ar e, tal como nos demais casos acima assinalados, fora também soprado pelo espírito aos ouvidos da tradutora.

Terá sido por tudo isso que o Espírito Emmanuel a atribui não a um ser humano em particular, mas sim ao Espiritismo. Com efeito, diz ele, na página intitulada "Problema conosco", inserta no livro Justiça Divina (F. C. Xavier, 1a edição FEB, 1974, p. 84) : E o Espiritismo acentua: "Nascer, viver, morrer, renascer de novo e progredir continuamente, tal é a lei." (Os grifos são de Reformador).




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