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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Comunicação e Diálogo


            Comunicação é uma das palavras mágicas do nosso tempo. Outra expressão de uso e abuso corrente é diálogo. É fato que os homens buscam entendimento, por meio da comunicação e do diálogo. Há também os que se desentendem empregando esses mesmos recursos e métodos. Isto significa que a comunicação em si mesma é neutra e tanto pode ser utilizada para harmonizar as pessoas como para semear a discórdia.

            Também os espíritos se interessam muito pelo problema da comunicação, pois a comunicabilidade entre seres encarnados e desencarnados é um dos fundamentos da doutrina que professamos.

            Na seara do trabalho espírita, a comunicação se desdobra nos dois planos em que a própria vida se manifesta. Procuramos entendimento e diálogo com os nossos companheiros desencarnados, habitantes do mundo espiritual, ao mesmo tempo em que nos empenhamos em transmitir aos nossos companheiros encarnados o conhecimento que vamos adquirindo no estudo da doutrina e no intercâmbio com aqueles que já passaram adiante, através da experiência renovadora da morte.

            Esse diálogo, entre os dois mundos paralelos em que vivemos, se realiza através do mecanismo da mediunidade, ainda tão pouco estudado.

            Dentre as contribuições sérias existentes hoje sobre a mediunidade, encontram-se na literatura espírita as principais, sendo de destacar-se, em primeiro lugar, o tratado básico escrito por Allan Kardec sob o título de "O Livro dos Médiuns". Há outras obras como "Recherches sur Ia Mediumnité", do cientista francês Gabriel Delanne, e os magníficos estudos do eminente Prof. Ernesto Bozzano.

            De modo geral, no entanto, a ciência oficial foge do assunto por inúmeras razões, compreensíveis umas, outras inteiramente inaceitáveis.

            Na verdade, o fenômeno psíquico oferece dificuldades à pesquisa científica, particularmente à experimentação em laboratório. Caracteriza-se aí um circulo vicioso: os cientistas não experimentam porque não confiam nos métodos, e não criam uma nova metodologia porque não se dispõem à pesquisa. É claro que as dificuldades não são intransponíveis para a ciência moderna. Mas a expansão do conhecimento acerca das faculdades do espírito humano está, em primeiro lugar, condicionada a certa timidez ou excesso de cautela dos cientistas que desprezam esse campo de estudo tão cheio de potencialidades, ou o temem, pelo receio do ridículo e do desprestígio profissional. Em segundo lugar, há as dificuldades intrínsecas do processo. A mediunidade é de si mesma uma faculdade delicada e complexa. O Espírito manifestante, por sua vez, nem sempre está disposto a submeter-se docilmente a toda e qualquer exigência do experimentador, pois muitos destes, embora bem equipados intelectualmente, continuam presos aos seus preconceitos e aos seus dogmas científicos.

            E por isso, continuamos a ignorar aspectos interessantíssimos da vida que nos cerca. Como funciona, por exemplo, o fenômeno da chamada escrita direta? Muito pouco se sabe, porque há cerca de um século não se estuda o problema de maneira ordenada e conclusiva. No entanto, antes mesmo do advento do Espiritismo codificado por Allan Kardec, o insuspeitíssimo Barão de Guldenstubbé, um nobre francês, realizou trabalho notável nesse sentido, colhendo inúmeros autógrafos espirituais, alguns dos quais continham, em línguas mortas, mensagens coerentes e de variada extensão. As experiências do Barão - adversário declarado da doutrina de Kardec -- estão resumidas num livro hoje raro e esgotado, a que foi dado o título inequívoco de "La Réalité des Esprits", admitindo positivamente a realidade dos Espíritos, a reencarnação e a faculdade de se comunicarem com os "vivos" através de várias maneiras.

            Em suma, não tem faltado aos Espíritos a iniciativa do diálogo através de inúmeras formas de comunicação; os preconceitos humanos é que impediram até aqui a universalização do conhecimento de uma gritante realidade espiritual.

(Ext. do "Diário de Noticiais” de 30-11-69.)


Comunicação e Diálogo
por Hermínio C. Miranda

Reformador (FEB) Junho 1970

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