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sexta-feira, 10 de abril de 2015

O Cristo monopolizado

Será que mudou alguma coisa na igreja de Roma?


O Cristo monopolizado
Editorial
Reformador (FEB) Maio 1956

            S. Eminência o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara, em
emaranhada e confusa palestra contra o Espiritismo, pela Rádio Vera Cruz desta Capital, conforme registou o “Jornal do Commercio” de 24 de Março do corrente ano, chamou ladrões aos espíritas, por reverenciarem estes a figura inigualável de N. S. Jesus-Cristo. “Pois queiram ou não - repisou S. Em. - roubo é.”

            Pelo que se entende, mais adiante, unicamente os católicos podem e têm o direito de pronunciar e reverenciar o “santo” nome de Jesus. Aos demais cristãos, não ligados à Igreja de Roma, foge-lhes o direito de possuir o Cristo, de seguir lhe as pegadas, de receber-lhe o influxo amoroso. Vemos, assim, a quanto vai a intolerância e o exclusivismo de uma religião que se arroga o direito de monopolizar a própria pessoa do grande Crucificado, espelho do nosso Criador, que, segundo as palavras do Filho, é Pai dele e Pai de toda a Humanidade.

            Além do mais, não precisaríamos roubar o “Cristo” do Catolicismo, pois conosco temos o Cristo vivo do primeiro século do Cristianismo, em toda a sua simplicidade e vigor, e cujo amor infinito não conhece as fronteiras levantadas pelas raças, pelas línguas e pelas religiões facciosas.

            Empregando o mesmo verbo - roubar, utilizado por D. Jaime, diremos nós, mas sem contestação, que o Catolicismo é um amontoado de roubos realizados no correr dos séculos, ao ponto de hoje se nos apresentar como um movimento divorciado do verdadeiro espírito do Cristo, vivendo à custa de César e a este ligado para o domínio das massas analfabetas de certos países.

            Da simplicidade da religião do Cristo, já hoje nada mais resta. Os andores, procissões e imagens do Paganismo, a indumentária multicolor, os templos suntuosos, o sacerdócio organizado das religiões do Oriente, e mil e uma coisas, quer materiais, quer espirituais, “roubadas”  de inúmeras religiões espalhadas pelo Mundo, tudo isso deturpou de tal forma o Cristianismo nascente, que dele nada mais ficaria de lembrança se não fora o Protestantismo e, posteriormente, de 1857 para cá, a ação do Espiritismo, o Consolador prometido pelo Mestre da Galileia, que veio restaurar o velho edifício construído na Palestina, escoimando-o de um amontoado de roubos, de dogmas absurdos, de rituais extravagantes e de erros e impurezas sem número.


            Destarte, respeitosamente a D. Jaime devolvemos a injúria, acrescendo, apenas, para a sua meditação, essa radiosa promessa de Jesus: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles. 

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