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terça-feira, 16 de abril de 2013

21 (e final). "Ciência Religião Fanatismo"




21


Ciência   Religião   Fanatismo

por  MINIMUS  (A. Wantuil de Freitas)
Ed. FEB
c.1938

Palestra 4   c/c

RELIGIÃO E FANATISMO


            O céu que oferecemos é conquistado pelo esforço da criatura, despojando-se das imperfeições que adquiriu. Ele existe na Terra, como em todos os mundos, visto habitar em nós mesmos. À proporção que progredimos, aumentamos o nosso céu, ampliamos a nossa felicidade e nos tornamos dignos de alçar voo para outros astros mais adiantados, verdadeiros céus relativamente à Terra.

            Os antigos julgavam ser o nosso planeta o centro do Universo e a abobada que o circunda chamavam céu, ou seja côncavo, conforme a significação primitiva da palavra. Não lhes sendo possível colocar o Onipotente no centro da sua obra, como seria natural e lógico, disseram-no no último céu, no mais distante, a que deram o nome de Empíreo, deslocando, desse modo, o Arquiteto para a periferia.

            Com o progresso da ciência - humana, essas teorias caíram no ridículo e, hoje, seus adeptos não mais sabem onde fica o céu, e só o encontrarão, quando deixarem de estudar os Evangelhos pela letra.

            Refusamos esse céu onde a criatura se vê afastada dos filhos que foram para o inferno e duvidamos que qualquer mãe o desejasse por prêmio, enquanto seus filhos se queimassem nas fogueiras de Belzebu.

            O nosso céu é bem mais racional, cristão e divino. Preferi-mo-lo, apesar das lutas que teremos para conquistá-lo, ao céu que se adquire pelo fanatismo, ao paraíso da imobilidade e da contemplação eterna, cuja simples suposição constitui uma ofensa à justiça, à sabedoria e à bondade de Deus.

            Refutamos o céu e o inferno das velhas religiões, mas anunciamos que o sofrimento é consequência da imperfeição; é o efeito, é o castigo merecido, inevitável e depurador. Esse sofrimento, essa provação, esse castigo pode deixar de existir, se o homem libertar-se da causa, que são as imperfeições.

            Cansado de padecer e de viver no inferno da dor, a criatura procurará conquistar o céu, voltando-se para Jesus Cristo e seguindo-o, por isso que a dor é o esmeril das lapidações do Espírito.

*

            O Cristianismo foi sempre combatido pelos cientistas, porque o clero o anunciava com milagres, mas não os sabia explicar senão com a palavra - mistério. Esses milagres, que nada mais são que fenômenos naturais, são hoje provados documentadamente pelo Espiritismo, Religião-Ciência, que vem reafirmar a pura Doutrina Cristã, evidenciando insofismavelmente a imortalidade da alma com experiências tangíveis, já confirmadas por centenas de cientistas alheios ao nosso meio.

            Sorrimo-nos, quando nos chamam instrumentos do diabo; assim também procederam com Franklin, o gênio que descobriu o para raios.

            Eles receberam como heresia essa descoberta, julgando-a ofensiva ao Criador, e, nesse combate, tiveram, como sempre, ao seu lado, as academias da ciência oficial, que taxaram o inventor de visionário.

            Nos dias que correm, em que os verdadeiros cientistas têm liberdade de proclamar suas ideias, eles só têm aos seu lado os politicóides, os negocistas e os fanáticos, que se não envergonham das "Nossas Senhoras", que se multiplicam sob nomes os mais extravagantes e dos "Bom Jesus", que se localizam em certas zonas, como canalizadores de rendas.

            Antigamente entravam nas guerras auxiliando os reis, seus aliados, partilhando, no final, os lucros da conquista; hoje os governos não os querem, porque já lhes não reconhecem poder sugestionador sobre as massas.

            Ao aliarem-se aos poderosos da Terra, desrespeitaram os ensinos do Mestre, perdendo, desta maneira, a popularidade de que sempre gozaram, até a sua oficialização por Constantino.

            Abandonaram os fracos e os oprimidos para se juntarem aos fortes e aos opressores.

            Aí temos a consequência: - o ateísmo de todas as camadas sociais.

            Começaram a usar a tiara no ano 314, a ter papas de doze anos de idade, a assassina-los no fim de alguns dias de eleitos, a negociar o báculo pontifical, e acabaram no estado presente, em que não há mais nenhum respeito aos Evangelhos. Só a poderosa família Conte deu nove papas a Roma, todos descendentes de Inocêncio III.

            E, agora, sentindo a aproximação da queda, alegam aos governos dos poucos países, em que lhes resta alguma autoridade moral, a necessidade de combater a "praga" do Espiritismo, confessando que ela se alastra por todas as camadas sociais, sem perceberem que essa notícia é a plena confissão que fazem do valor da nossa doutrina, que se não poderia propagar, tão celeremente, se não tivesse lógica e moral, raciocínio e base.

            Das tremulações das pernas de uma rã, nasceu a luz material; das pancadinhas da perna de uma mesa, veio-nos a luz espiritual.

            Ambas foram recebidas com desprezo, não obstante acabaram iluminando os que delas se riram. Hoje não nos preocupa a rã e a mesa mas as luzes que delas sobrevieram.

            E, agradecendo a Deus a felicidade que nos trouxe essa Luz do Consolador, imploramos-lhe que a derrame abundantemente, com as suas bênçãos, sobre a cabeça dos nossos perseguidores e nos permita a graça de continuar falando à razão e à consciência humanas e de concorrermos para a felicidade e harmonia da Terra, pregando aos homens a Justiça, o Amor e a Caridade.





ESTATÍSTICA

            Há no Brasil seguramente uns 80 jornais espíritas e uma infinidade de outros que mantêm em suas colunas secções de Espiritismo.

            Entre esses últimos, deparam-se nos grandes diários que publicam, gratuitamente, o noticiário do movimento espírita do Brasil.

            De todos os jornais espíritas da Terra de Santa-Cruz, o mais antigo e respeitado é o "Reformador", órgão da Federação Espírita Brasileira, cuja redação fica à Avenida Passos, 30, no Rio de Janeiro.

            Dos muitos periódicos que vêm pregando a doutrina, é justo que salientemos: O Clarim, A Aurora, Revista Espírita do Brasil, Mundo Espírita, Novo-Horizonte, Revista Internacional de Espiritismo, O Revelador, Jornal-Espírita, Avante, A Verdade, Folha- Espirita, Verdade e Luz, Alpha, A Revelação, Obreiros do Bem, O Espírita-Mineiro, O Consolador, A Seara, 23-de-Setembro, O Legionário, O Sol, A Alvorada, O Pharol, A N ova- Era, O Nosso-Guia, Alvorada d'uma Nova Era, A Voz, O Semeador, Raio de Luz, Bezerra de Menezes, Lux, Macaé-Espírita, A Cruzada, A Luz, S. Paulo-Espírita, A Palavra, Evolução, A Reincarnação, A Aliança, Alma e Coração, A Voz dos Espíritos, A Voz do Consolador, O Caminho, etc.

            É de notar que, enquanto os jornais católicos e protestantes têm tiragens que raramente atingem a 3 ou 4 mil números, os espíritas chegam a acusar tiragens de 45.000 exemplares.

            Quanto aos livros, raramente as obras católicas e protestantes vão além de mil exemplares por publicação entretanto as espíritas ascendem a 130.000, e suas vendas a cifras inverossímeis, Só uma das livrarias espíritas do País registrou, no seu último balanço, a saída de oitenta mil volumes em 1937.
           
            Por esses ligeiros dados, comprovada está a difusão ampla do Espiritismo no Brasil, onde, sem computarmos os milhares que funcionam em residências familiares, se contam para mais de três mil centros, todos devidamente registrados de acordo com as exigências das leis vigorantes no País.

Fim

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