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sábado, 13 de abril de 2013

18. "Ciência Religião Fanatismo"


18


Ciência   Religião   Fanatismo

por  MINIMUS  (A. Wantuil de Freitas)
Ed. FEB
c.1938

Palestra 3   e/e


            Dizer que o Espiritismo cura, ou melhor, que os Espíritos curam, é repetir o que todo mundo já sabe, porque não há uma só família onde já não tenha, pelo menos, chegado a notícia de uma cura, que a ignorância das massas classifica de milagre.

            Citar algumas será inútil para vós que nos ouvis, porquanto as conheceis aos milhares; e inútil para os nossos antagonistas porque as negariam chamando charlatães aos médicos, seus colegas, que as confirmaram, ou atribuindo incompetência ao radiologista que fotografou e ao analista que procedeu aos exames de laboratório.

            Mas permiti que ao menos um caso concreto vos apresentemos, citado pelo homem que durante quarenta anos estudou o Espiritismo para combatê-lo; pelo sábio que só se confessou vencido alguns meses antes de transpor a aduana do Além; pelo gênio de cujos argumentos anteriores à sua conversão ainda se servem para contradizer-nos; por um vulto internacional da Medicina, da Literatura e da Política dos povos.

            Referimo-nos a Charles Richet, ao seu livro - La Grande Espérance - escrito ao tempo em que o notável professor da Universidade de Paris e membro do Instituto de França ainda era o nosso maior e mais respeitável adversário.

            Leaimos à pagina 119:  "- Os Drs. Saint Martin, Grandjean, Diehl e Levy, após rigoroso exame numa jovem doente, concluem, sem esperanças de cura, pelo terrível diagnóstico - Mal de Pott -, paraplegia provocada por lesões da coluna vertebral, tuberculose pulmonar peritoneal.

            "Três meses depois, essa moça curou-se radicalmente, casou-se e teve dois filhos, somente com "passes."

            Temos pois, relatada por um grande fisiologista do século, a cura de uma doente com os dois pulmões tuberculosos e com tuberculose óssea, caso verificado e confirmado por quatro médicos de renome, curada tão somente com os passes, de que tanto se riem os nossos contraditores, e isso em três meses apenas.

            Depois de citar vários casos, conclui o próprio professor Richet: "-Parece que os fenômenos normais da fisiologia, da terapêutica e da patologia, sob a influência de forças desconhecidas, são transformados e arrasados."

            Este fato, só este, senhores, deveria fazer pensar aos profissionais da medicina, mas, ao inverso, este, como milhares de outros, só lhes serve para aguçar o ódio, contra nós que desejamos ajudá-los, apresentando-lhes meios terapêuticos que ainda desconhecem.

            A quinina, o iodo e quase todos os grandes meios e medicamentos que hoje usam foram também, empregados empiricamente durante centenas de anos e tiveram o seu progresso científico retardado, pelo mesmo motivo de não aceitarem os médicos tudo que lhes não vem de laboratórios acadêmicos; entretanto, os produtos oficiais passam, têm apenas a época de seu aparecimento, enquanto os outros ficam e atravessam as gerações.

            Não vos falo dos médicos em geral, porque um avultado número nos vê com simpatia e muitos são nossos companheiros de sofrimentos: falo-vos desses materialistas interesseiros que, apesar de negarem as curas pelos passes, deificam o meigo Nazareno, constroem capelas em sua honra, até na própria Casa do Médico, como aqui na Capital, e depois atacam os que em nome d'Ele, em nome de Jesus e por sua recomendação, exercem a dolorosa profissão, já no seu tempo perseguida, de aliviar o próximo pela força do Espírito, pela imposição das mãos e pela prece ao Senhor dos Mundos.

            Se endeusaram o Cristo, se lhe rendem culto e aos seus Apóstolos, se sabem que estes e Aquele praticaram essa medicina espiritual, porque combatem os seus discípulos de hoje? Nada responderão, senhores, e nada responderão porque teriam de se confessar dirigidos pela mola que move todos os iconólatras oficiais.

            Os sacerdotes judeus, unidos aos interessados da época, tal como hoje, julgavam Jesus um maníaco, mas como só essa acusação lhes não bastasse para d'Ele se livrarem, processaram-no por crimes imaginários e o levaram ao Gólgota. Muito mais felizes somos nós outros que o temos a zelar por nossas vidas, enquanto os judeus da atualidade se estorcem iracundos por não nos poderem condenar à morte. 

            Juntam-se todos: materialistas com batina e sem ela forjam leis, organizam códigos e regulamentos, aliam-se num bloco com o dinheiro que eles temem perder. Tudo inútil: a época do Espírito que vivifica, é do Paracleto há dois mil anos prometido.

            E não é incoerente essa aliança porque o catolicismo é a religião dos materialistas interesseiros. Materializaram Deus, criando o dogma da segunda pessoa; materializaram-no afirmando que Ele está em carne e sangue na rodela engolida diariamente pelo clero, esse mesmo clero que, após engoli-la, sai para as casas das comadres ou para atos outros, indignos de quem se intitula representante e procurador do próprio Deus. Mas, enquanto a lei pune exploradores que vendem talismãs, eles negociam livremente saídas do purgatório.

            Padres e materialistas avarentos, visando ambos o que é material, não se firmam em provas, mas em teorias desconchavadas e explicadas com vocábulos que nada esclarecem. Uns e outros se incensam e rezam na mesma cartilha de perseguição aos novos cristãos - os Espíritas.

            Ao verem um homem mau e avaro tornar-se espírita, eles, que só visam o ouro, lobrigando o convertido a distribuir esmolas às mãos cheias, concluem, com o raciocínio que lhes enche o cérebro: - são loucos! E têm lógica, porque Jesus, para eles, é um meio de vida, um meio de dominarem o povo, explorando lhe a ignorância.

            Negar as curas espíritas nos dias que correm é, como ontem, negar as produzidas pelas plantas ricas de quinino ou as conseguidas com o uso das esponjas torradas que continham iodo. O povo, como então, também não se deixará levar por aéreas negatividades, visto que ele é o maior beneficiado com essa medicina do século XX, cujo estudo já preocupa a milhares de clínicos. Negá-las já não é mais possível; elas se observam diariamente em centenas de lares de todos os credos e posições sociais. São proclamadas abertamente pela imprensa diária, onde os nomes dos médicos, que antes desenganaram os doentes, são citados com os
diagnósticos que fizeram. Condená-las dos púlpitos não evita que elas se deem, e nem impede que os católicos recorram, nos momentos agudos das suas aflições, ao Espiritismo, cuja porta se abre sempre ao bater de quem sofre.

            Negá-las com palavras, sem experiências, sem documentações e sem conhecê-las, é tornarem-se ridículos aos olhos dos médicos que as confirmam, e suspeitos aos do povo que as conhece e as proclama.

            Tomemos os livros de médicos brasileiros que contra nós escreveram, três ou quatro, cada qual mais cheio de incoerências, de contradições vergonhosas e de confusões adrede preparadas para impressionarem os que não sabem o que seja o Espiritismo.

            Citam casos de loucos religiosos, com verônicas, santos e crucifixos, casos visivelmente de católicos, mas na capa do livro colocam "Os Loucos do Espiritismo" - título de que precisam para amedrontar as massas e agradar ao poderoso clero, seu aliado de todas as épocas.

            Quem são esses médicos? Um é empregado de um sanatório com o nome de N. S. da Aparecida e servido por freiras. Outro, um vencido da profissão, vivendo de relações com políticos que distribuem sinecuras. O terceiro, sobrinho de um bispo e irmão de duas ou três freiras; e o quarto, empregado da polícia e portador do seguinte atestado do Presidente do Sindicato Médico Brasileiro: - "Velho precoce e psiquiatra de hidroceles". Não são homens, como vedes: são cérebros sem Deus, corações de pedra e almas de agiotas.

            Para contrapô-los, apresentamos-lhes dezenas de livros escritos por médicos de verdade, de nomes respeitáveis, por homens colocados muito acima de médicos esportivos e de psiquiatras de hidroceles.

            Felizmente, contamos com avultado número de médicos simpatizantes da nossa Doutrina, e com numerosa plêiade de médicos francamente adeptos da Terceira Revelação, os quais não se refocilam no bem estar de religiões acomodatícias.

            E é exatamente esse médico policial, a quem o Presidente do Sindicato chama psiquiatra de hidroceles, o maior e o mais terrível inimigo do Espiritismo no Brasil.

            Para se conhecer a mira alvejada pela consciência desse acadêmico, basta que se leia o relatório que apresentou à Academia de Medicina em 1931, onde propôs que os cirurgiões deveriam fazer rigoroso inquérito sobre a fortuna dos doentes.

            Se o Espiritismo tem apenas oitenta anos e se a loucura existe desde priscas eras, como responsabilizá-lo por um mal que não praticou? Como responsabilizá-lo, se é justamente ele que vem anunciar ao mundo a existência de Espíritos maléficos ao lado das vítimas da loucura? Como responsabilizá-lo, se é ele que ensina os meios de afastar esses inimigos ocultos, cooperando, assim, para a cura das doenças mentais que há séculos zombam da medicina oficial?

            Acusam-nos sem procurar conhecer-nos. Que venham aqui, nesta Casa ou em centenas de outras espalhadas pelo território pátrio. Veriam a multidão de infelizes que socorremos com o nosso trabalho e com o nosso dinheiro. Verificariam que não indagamos de quem nos bate à porta se é associado ou não; que não recebemos ordenados, pagamentos e gratificações pelo bem distribuído; que mantemos consultórios médicos e cirúrgicos, gabinetes dentários e farmácia, asilos e socorros em dinheiro, tudo isso, sem nenhum, absolutamente nenhum pagamento, porque o próprio agradecimento por palavras, nós mandamos dirigir ao Cristo, a quem desejamos servir.

            Acusam-nos de exploradores da credulidade pública, a nós, que não comerciamos dádivas divinas; que não vendemos preces tarifadas, de tamanhos e aparatos variáveis com o pagamento, nem fazemos inquéritos sobre a fortuna de doentes. Acusam-nos de todas as indignidades, perseguem-nos por todas as formas, no desejo de afastar de nós os infelizes, que eles, não podendo socorrer, procuram aprisionar perpetuamente nos hospitais.

            Querem proibir-nos a liberdade de "expulsar demônios", isto é, de afastar Espíritos maldosos. Querem impedir que sigamos o exemplo do fundador do Cristianismo, mas toleram e até protegem os frades que nos conventos do centro da Capital distribuem a água de frei Rogério, ou que, acintosamente, publicam a lista dos donativos recebidos por curas realizadas por essa ou aquela santa.

            E daí, dessa aliança clerical-materialista, veio a descrença social, o materialismo das Escolas, a devassidão dos povos e a revolta dos oprimidos, que, inconscientes, aproveitam a menor oportunidade para praticar atos de vandalismo, como na revolução francesa e na atual guerra que ensanguenta o território espanhol (1).

           Do Blog: Guerra civil espanhola que antecedeu a 2ª Guerra Mundial.

            Chamam-nos loucos porque vêm a abnegação dos nossos atos e a coragem com que afrontamos a cólera do materialismo alvar dos adeptos da papolatria. Loucos, porque pregamos o amor cristão numa época de corrupção monetária. Loucos, finalmente, porque tudo damos de graça e, com isso, nos julgamos felizes.

*

            Finalizemos, amigos, mas não nos esqueçamos que em todas as nossas preces devemos implorar perdão para os nossos algozes, suplicando para eles a Luz Divina de que tanto necessitam. E, apesar de tudo, como o Cristo, repitamos sempre: Perdoai-lhes, Pai, eles não sabem o que fazem.

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