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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Preceitos Morais

 

Preceitos  Morais

por João Lustosa

Reformador (FEB) 1° Janeiro 1920

Extraído do “Jornal Espírita’ de 13-5-1905

            Ama a humanidade.

            Escuta  a voz da natureza que te brada: todos os homens são iguais – todos constituem uma única família.

            Tem sempre presente que não só és responsável pelo mal que fizerdes, como pelo bem que deixares de fazer.

            Faze o bem por amor ao próprio bem.

            O verdadeiro culto consiste nos bons costumes e na prática das virtudes.

            Execute sempre a voz da consciência: é o teu juiz.

            Trata de te conheceres; corrige os teus defeitos e vence as tuas paixões.

            Nos teus atos mais secretos supõe que tens todo o mundo por testemunha.

            Ama os bons, anima os fracos, foge dos maus, mas não odeis a ninguém.

            Fala sobriamente com os superiores, prudentemente com os iguais, abertamente com os amigos, benevolamente com os inferiores e lealmente sincero com todos.

            Diz a verdade, pratica a justiça, procede com retidão.

            Não lisonjeis nunca: é uma traição; e se alguém te lisonjear toma cuidade – não te corrompas!

            Não julgues ao de leve as ações dos outros; louva pouco e censura ainda menos; lembra-te que para bem julgar os homens é preciso sondar as consciências e prescrutar as intenções.  

            Se alguém tiver necessidade, socorre-o; se se desviar da virtude, chama-o a ela; se vacilar, ampara-o; se cair, levanta-o.

            Respeita o viajante e auxilia-o; a sua pessoa é sagrada.

            Foge a contendas, evita insultos, obedece sempre à razão esclarecida pela ciência.

            Lê e aproveita, vê e imita o que é bom, reflete e trabalha; faz quanto possas para o aperfeiçoamento da organização social e assim contribuirás para o bem coletivo.

            Sê progressista; estuda a ciência, porque ela te conduzirá à Verdade que tens por dever procurar.

            Não te envergonhes de confessar os teus erros; provarás assim que és hoje mais sensato do que eras ontem e que te desejas aperfeiçoar.

            Moraliza pelo exemplo: sê obsequioso, tolera todas as crenças, todos os cultos.

            Educa e ensina; esclarece os outros com o teu conselho, inspirado pela circunspecção e pela benevolência.

 O Próximo

             “Amareis o vosso próximo como a vós mesmos!” Jesus ensinou e nos deu os mais belos exemplos desse mandamento.  

            Muitos séculos são decorridos após a passagem do Mestre por entre os homens, e apesar de repetida essa máxima todos os dias, no lar, nas escolas, nas igrejas, em toda parte enfim, te-la-emos, porventura, compreendido?...

            Por certo que não, -  assim prefiro crer. Não n’a temos compreendido bem, pois a interpretação que lhe damos, tem sido ao sabor da nossa fantasia.

            - Como se ama o próximo?

            Praticando  caridade tal como no-la ensinou S. Paulo.

            - Qual é o nosso próximo?

            Nosso pai, nossa mãe, nossos irmãos e parentes carnais? Serão, porventura, os nossos amigos e professores, aqueles, afinal, que por nós se interessam e nos prestam favores? Praticaremos a caridade real, amando somente a esses?

            Não: por essa forma unicamente ainda não praticamos a sublime cridade ensinada por Jesus e S. Paulo: exercemos uma variante da caridade – a gratidão.

            Nosso próximo, é o desgraçado e ignorante, o faminto, o sequioso, o nu, o enfermo, o encarcerado, o expatriado e finalmente, todo aquele que de nós precisa e de quem precisamos. Se, condoídos e amorosos, socorremos a estes, praticaremos a verdadeira caridade.

            Para que possamos compreender e praticar a caridade, amando o próximo, devemos procurá-lo na classe dos infelizes, dos náufragos ou vencidos na tormenta da vida: os hospitais estão cheios dessas criaturas, sedentas de uma carícia, de uma palavra de conforto, de consolo, de amor. Na mansarda, nas habitações humildes e sem conforto, encontraremos os famintos, não só do pão material mas, também, do pão espiritual. Lembremo-nos que nesses lugares, as crianças, as raparigas, as mães padecem duplicadamente, porque, participantes das mesmas ilusões, dos mesmos sonhos do futuro, que povoam a imaginação dos favorecidos da sorte, sofrem todas as necessidades e, enquanto testemunham o goso dos que se acham no banquete da felicidade, duvidam, muita vez, pela ignorância das coisas espirituais, de que Deus exista infinitamente justo e bom.

            As prisões estão cheias de infelizes que, talvez, após um bom conselho, partindo do coração, restituíssem a alma à Deus.  

            Por toda parte, finalmente, encontraremos o nosso próximo, a ocasião de praticarmos a caridade.

            Amar aos que nos amam, servir aos que nos servem, é uma grande virtude – é gratidão: mas, se quisermos receber de Deus maior recompensa e de todas a mais bela, só o conseguiremos amando e servindo aos que não podem retribuir.

            Amemos, pois, ao próximo, se quisermos o desaparecimento de todos os males que afligem à humanidade: só então, Jesus baixará de novo entre os homens.


Um comentário:

  1. Amemos ao próximo como a nós mesmos. Só assim teremos Jesus retornando à Terra.

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