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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Divina advertência

 

Divina Advertência

A Redação

Reformador (FEB) 16 Outubro 1925

             Não digo isto de todos vós, sei quem são os que escolhi mas é preciso que se cumpra estas palavras da Escrituras: aquele que comigo come o pão, contra mim levantará o pé. Em verdade, em verdade vos digo: quem quer que receba aquele que eu houver enviado, a mim me recebe e quem me recebe a mim recebe aquele que me enviou. Tendo dito estas coisas, Jesus se turbou em seu espírito e falou abertamente, dizendo: em verdade, em verdade vos digo: um de vós me trairá. (1)

            Estas palavras de Jesus podem ser entendidas, por extensão, como advertência aos seus discípulos de todas as épocas; devem tocar vivamente os espíritas, porque estes são os depositários da revelação do Espírito da Verdade e os incumbidos de apostolizarem o Cristianismo Espírita.

            Se, em verdade, o Espírito tem a liberdade de escolher as suas provas e missões, que muits vezes lhe ultrapassm as possibilidades, vindo a falir no desempenho delas porque não foi submisso aos conselhos dos guias amorosos e somente atendeu à sua desmedida ambição de progredir rapidamente, certo é também que atraiçoaremos a doutrina do Divino Mestre, se não tivermos forças e coragem para fundi-la nos nossos atos.

            Em todos os tempos sempre houve discípulos fiéis, almas sinceras e valorosas, mas, do mesmo passo, existiram osfalsos apóstolos. Estes crucificavam o Evangelho, escabujando (debatendo-se em desespero) no lodo das paixões grosseiras; trocavam o direito da progenitura pelo fatal prato de lentilhas, que lhes envenenavam a alma; deixavam enfim de ser o bom levedo, para se transformarem em fermento de pecado.       (1) João, XIII  

             Tais Espíritos, antes de se humanizarem, rogaram, é certo, lhes fosse permitido seguir a trilha apostólica. Ora, a missão dos apóstolos dera frutos de amor e fé, masa daqueles somente oferecera ao mundo frutos de orgulho, vaidade, cobiça, inveja e discórdia. Desastrosa queda, tremenda responsabilidade! A humanidade sofreu fundos golpes, porque os falsos discípulos se tornaram uma calamidade moral. Se um pouco de fermento corrompe toda a massa, os maus atos se alastram como o fogo no matagal ressequido, levando a desolação e a ruína a toda parte.

            Outrora, aquele que negociara a venda do seu Mestre, antes de consumado o nefando crime, profundo arrependimento tivera de tamanho delito. Depois de ter sido ingrato, fora rebelde. A fraqueza humana, porém, dos que vendem e crucificam a Jesus a toda hora, negando-o pelos atos, e pior, porque contumaz.

            De tantas mostras de fragilidade os novos seguidores da obra apostólica deverão lembrar-se de contínuo, buscando compreender o sentido profundo dessa opima (rica) esmola de Jesus, jamais esquecidos de que muitos são os chamados e bem poucos os escolhidos.

            O homem não pode fiar-se em suas forças, porque o Espírito que há nele ainda está cheio de muitas fraquezas. Quando menos espera, vê-se de rastro, caído e vencido. Porque ser arrogante e confiar nas convicções que julga ter, se ao menor descuido, a um choque mais violento, tudo se esbarronda (desmorona) e vai ter ao lamaçal? A firmeza do discípulo não está senão no escudo que o Mestre nas mãos lhes pôs; oração e vigilância. Seu valor não está nas palavras que profere, mas no sentimento que voa aos pés do Senhor.

            Não sofra o servo a paixão do temor de não poder alvejar de súbito a túnica que arrasta; basta-lhe a dor do publicano que, ao lado do fariseu orgulhoso e hipócrita, gemia plangente (triste) súplica, ao Deus de misericórdia, que não quer a morte do ímpio, mas a salvação do pecador. Seja humilde o servo e, quando houver de erguer a fronte para fitar o céu, inundado esteja o seu rosto do pranto de seus olhos, a tranluzir arrependimento, gratidão e fé.

            Saiba o discípulo que o homem só fala do que o coração possui. Quando este guarda avaramente o amor de Jesus, de sua boca se aparta o pão molhado, símbolo da negra ingratidão. Então, quem quer que receba, recebe aquele que o enviou, porque, como disse Jesus a Filipe, quem vê a mim, ao Pai vê. Assim ver-se-á no servo a sacrossanta imagem do Senhor.

            Oxalá que a humanidade veja nos cristãos, através dos seus atos, a doce imagem do Filho de Maria. Ter-se-á  nesse instante a parábola da figueira: quando seus ramos estão tenros e as folhas brotam, sabeis que vem próximo o estio (o verão). Assim também quando virdes todas essas coisas (os sinais do advento espiritual de Jesus), sabeis que o Filho do Homem está próximo, está à porta. (2) 

 (2) Mt, 32 v.32-33

           


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