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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O dia da fraternidade

 

O dia da fraternidade

A Redação

Reformador (FEB) 1º de Janeiro de 1929

             Embora violentada ainda por paixões e sentimentos que são fontes de ódio e geram os desejos irreprimíveis da vindita; embora ainda sofrendo em larga escala a supremacia do sentimento daninho do egoísmo; malgrado a todas as filosofias incrementadoras desse sentimento, com o encerrarem, para a criatura humana, nos limites estreitos de uma só existência terrena o ciclo de sua evolução, a humanidade, como a quer demonstrar a firmeza com que espera galgar uma posição superior, onde viva liberta do ódio e do egoísmo, consagrou um dia, o primeiro de cada ano, à comemoração da fraternidade.

            Terá ela assim consgrado, como ideal irrealizável, uma utopia, cedendo aos atrativos de miragens que sempre e sempre mais distantes se colocam? Afirmá-lo só poderão os que se obstinam em negar a existência do Espírito, em desconhecer a infinita sabedoria do Criador n obra infinita do universo.

            Não: o homem é levado a crer firmemente na realização do ideal da fraternidade, pela intuição profund que nele reside, como fruto de aquisições indestrutíveis do seu longo passado espiritual, através da via ascendente da evolução dos seres.

            E a lhe rebustecer essa crença inata, bem como a lhe encorajar os esforços por alcançar tão elevada meta, tem o homem as promessas do Divino Mestre, cujas palavras, declarou-o ele próprio, jamais passarão, o que quer dize: não deixarão de ser confirmadas pela efetivação de tudo quanto anunciaram e ensinaram.

            E foi ainda Ele quem, depois de dizer: “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco”, acrescentou: “Elas também ouvirão a minha voz e haverá um único rebanho, com um só pastor.”

            Anunciou assim, aquele a quem o Pai confiou o governo do nosso mundo, que, com o decorrer dos séculos, os homens de todos os pontos da Terra se submeterão à lei que lhes Ele veio trazer – a lei da humildade, do perdão, do bem, da caridade, do amor. Por essa submissão é que todas, todas as ovelhas moetrarão ter-lhe ouvido a voz.

            Claro está que, quando os homens todos chegarem a tão elevado grau de perfeição, que lhes permita submeter-se integralmente à lei de Jesus, todos constituirão “um só rebanho”. É que uma única será entre eles a fé e esta em Jesus repousará. Ora, desde que Ele haja reunido no aprisco todas as ovelhas, nenhuma havendo surda à sua voz, será Ele, de fato, o pastor único do armento.

            Estará assim realizada a fraternidade universal, porquanto a humanidade só terá atingido tão grande altura na senda do seu aperfeiçoamento moral, quando for capaz de cumprir sem falhas o mandamento que, segundo o mesmo Jesus, “encerra toda a lei e os profetas”. Amando os homens a Deus acima de tudo e amando-se uns aos outros, como verdadeiros irmãos, perfeita fraternidade reinará.

            É certo que nossa visão acanhada de criaturas materiais não nos permite divisar esse futuro, talvez não por demais distante. Procuremos, porém, entrevê-lo com os olhos do Espírito e, através da lei das reencarnações, da multiplicidade das vidas sucessivas, ele esplenderá diante de nós, mostrando-nos a Terra qual verdadeiro paraíso, onde não mais terá entrada a serpente da tentação, porque nela reinará o Cristo.

            Do homem, pois, depende o advento mais próximo ou mais remoto dessa era de paz real, que não poderá ser definitiva, enquanto não assentar-se no amor e na fraternidade. Depende, sim, do homem, porque ele é livre e Deus não lhe força o livre arbítrio. Livre, entretanto, não o é ao ponto de impedir que um só iota deixe de cumprir´se. Mais fácil seria, disse-o o Divino Mestre, que o céu e a Terra passassem, isto é, que o céu e a Terra desaparecessem, a nada se reduzissem. A lei, conseguintemente, se cumprirá, sem violência ao livre arbítrio humano, antes de completa harmonia com ele.

            Assim, todos, mais cedo ou mais tarde, entrarão livremente no caminho que leva ao aprisco do Pastor Divino e concorrerão para que se execute integralmente a vontade do Pai, contida nas promessas do Filho.

            Desvie o homem as vistas do presente de sombras que tem diante dos olhos e lance-as para esse futuro que os Evangelhos lhe anunciam; procure esquadrinhá-lo sob os raios luminosos da Nova Revelação, que ao mundo manda o seu Salvador, a Revelação Espírita, e sentirá que ganha alento para objetivá-lo com o ânimo resoluto de merecer as promessas que ele guarda, que se enche de forças para cumprir, como meio de alcançá-lo, o maior dos mandamentos.

            Essa a maneira mais meritória e eficaz, para Ele, de comemorar a data consagrada à fraternidade e de atrair sobre si, nesse dia em que a efêmeras e falazes esperanças costuma abrir o coração, as bençãos do Alto que, sinceramente e em fraterna comunhão com os nossos maiores da espiritualidade, desejamos a pedimos para todos os nossos irmãos em Deus, deste plano e do outro.


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