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sábado, 12 de setembro de 2020

Obsessão

               

A obsessão

por Alcindo Terra

Reformador (FEB) Junho 1920

 

            Não datam de hoje os casos de obsessão; remontam à infância da humanidade. Nem poderia ser de outro modo, desde que a morte não ergue barreiras entre os que se foram rumo do Além, e os prisioneiros deste mundo.

             Assim como os bons espíritos podem sugestionar para o bem os entes caros ainda na Terra, os que deixaram inimigos, guiados por sentimentos de vingança, para eles são atraídos no intuito de lhes infligir o mal. Mas, revestidos por este propósito inferior, só conseguirão o seu intento se aquele a quem desejarem ferir, de fato, carecer de passar por um transe doloroso, a fim de expungir faltas de um passado mais ou menos distante.

             Quem está limpo de culpa se torna invulnerável a quaisquer ações malfazejas oriundas do Invisível e isso consoante ao profundo pensamento do Divino Mestre, quando dizia: - Nenhum só cabelo de vossas cabeças cairá que não esteja contado. Por outras palavras, significa essa afirmativa estar a Divindade velando sobre as suas criaturas, desdobrando sobre todas elas o manto do seu amor, não permitindo por isto mesmo que sequer um átomo de sofrimento as atinja sem que o tenham justamente merecido.

             Assim, dentro do livre arbítrio em cujo gozo se encontra, o espirito desencarnado pode exercer uma vingança de longa data recalcada sob o temor das penalidades terrenas. O perseguido, ou seja, o obsidiado, resgata uma falta de outras eras; o desencarnado, isto é, o obsessor contrai uma dívida para o futuro. E aqui igualmente se cumpre a doutrina de Jesus externada naquelas palavras profundas também - o escândalo é necessário, mas ai daquele por quem vier o escândalo!

             De sorte que, nos casos de obsessão, não raras em nossos dias como não o eram nos tempos do Cristo, que as curava expulsando os demônios (espíritos atrasados) em virtude do seu poder magnético e da sua força moral inigualada e, além disso, sem dúvida, tendo a colaboração de uma série de espíritos puros, invisíveis executores da sua vontade orientada pelo bem, nos casos de obsessão, dizíamos, a cura do enfermo depende do arrependimento do obsessor.

             E o principal remédio ainda hoje é o que, em casos tais, aconselhava o excelso médico das almas, se porventura um dos discípulos não lograva a cura de um “endemoninhado”. Este remédio salutar é a prece-fio de luz guiador dos espíritos superiores que, acorrendo pressurosos ao nosso apelo, farão o que foi defeso à nossa fraqueza e miserabilidade.

             Essa dolorosa enfermidade da alma, a obsessão, que os espíritas, confiantes no auxílio do Alto, procuram curar, era profundamente conhecida de Jesus, o que lhe valeu ser acusado de expulsar os demônios em nome de Belzebu.

             E, se o manso cordeiro - modelo de todas as virtudes - foi colhido na acusação de colaborador de Satanás, é de todo ponto justificável sejam envoltos na mesma, senão em mais veemente acusação, os que, conquanto tateantes no erro, têm a ventura de formar na legião dos modernos discípulos que se debruçam carinhosamente sobre os obsidiados aos quais o Divino Mestre tanto ensinou a amar.


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