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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Músicos fantasmas



Músicos fantasmas

por Eric Freeman
Reformador (FEB) Setembro 1953

            Nem todos os fantasmas são tristes e solitários. Muitos se dedicam à música e por vezes se juntam para tocar e cantar. Vejamos, por exemplo, o fantasma do Castelo de S. Donato, em Glamargan. Esta bela casa, sobranceira ao Canal de Bristol é frequentada por um apaixonado de piano e muitos visitantes da sala de música tem-no ouvido tocar, embora posteriores investigações não o tenham revelado, nem o seu método de execução, por tocar com o instrumento fechado, posição essa em que se encontra sempre.

            O mesmo fenômeno ocorre na pitoresca igreja de Barley, do século 13, em Suffolk, onde várias vezes se ouve um órgão, quando ela está deserta e fechada. O órgão é relativamente moderno, mas, como não há eletricidade na vila, ninguém o pode tocar, visto os foles serem elétricos.

            Coisas mais extraordinárias têm acontecido nesta igreja, pois uma noite do último inverno os aldeões ouviram, além do órgão, um coro completo, entoando ad libitum, quando passavam diante do escuro e solitário edifício. Claro que estugaram o passo, seguindo o seu caminho...

            A Escócia também tem a sua quota de amistosos fantasmas musicais e um dos mais autênticos é o velho harpista do Castelo de Inverary que se ouve no torreão redondo junto da sala azul que noutros tempos foi galeria dos músicos. Antes dos acordes, sente-se um estranho ruído, semelhante à queda de uma pilha de livros. O velhote tem sido escutado em muitas ocasiões, mas ninguém identificou ainda a peça que executa.

            Mais para o sul, nas margens do rio Tweed, perto de Dumelzier, há uma aldeola rodeada por uma cortina de arvoredo, com um pequeno adro, cuja igreja está transformada em panteão de importante família local. Pois neste lugar sereno e calmo tem-se ouvido nos últimos anos a mais bela música de coro e que, segundo o prior da localidade, parece “uma onda de canto numa catedral e que é pena durar poucos segundos”.

            Os habitantes do lugar declaram que este delicioso fenômeno se repete de tempos a tempos. A paz e a tranquilidade circundantes parecem propícias a estes felizes artistas, pois muitos visitantes dizem que no delicioso cenário dos Montes Hambledom, entre as ruínas da Abadia de Byland, têm ouvido coros, sobretudo no verão.

            Voltando a SuffoIk, o condado britânico mais assombrado, vê-se a pouca distância de Barley o velhíssimo edifício conhecido por Abbas Hall, que dizem dominado pelo fantasma da Madre Abadessa de West Wickbam, em Kent, que o construiu no tempo da Grande Epidemia. Esta casa nunca foi habitada, mas os que a visitam contam a história de um vulto sombrio que vagueia à sua volta e falam na música de cravo que se ouve numa das salas. A última pessoa que isto presenciou disse ter ouvido ali acordes musicais em pleno dia que excedem em beleza toda a música terrena.

            (De Cycling – Tradução de Mário Bacelar).
                (Extraído de “Estudos Psíquicos”, Maio de 1.968)

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