Pesquisar este blog

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Ana Prado



Anna Prado
Editorial
Reformador (FEB) Maio 1923

Foi, e não podia deixar de ser, com dolorosa surpresa que, no seio da família espírita, repercutiu a notícia da súbita desencarnação ocorrida a 23 de Abril último, dessa distintíssima irmã nossa, a notável médium que, na capital do Pará, servia, desde alguns anos, de instrumento aos mais admiráveis fenômenos espíritas de ordem física já observados em nosso país.

Ocasional acidente, cortando o fio de uma existência cheia já e que prometia cada vez mais fecunda tornar-se de obras proveitosas, abriu num lar ditoso grande vácuo, com o lhe arrebatar o anjo tutelar que a animava e felicitava sob a forma de esposa virtuosíssima e de extremosa mãe.

Nada mais fora preciso para que, ao recebermos a inesperada nova, a nossa alma, irmanada como nunca a do nosso confrade Eurípedes Prado, se sentisse invadida pela amargura que lhe afoga o coração. E o dever se nos antolhou imprescritível de lhe darmos nestas linhas o testemunho da nossa fraternal solidariedade na pungente prova a que, de um momento para outro, se viu submetido o seu espírito, repentinamente privado do eficiente auxilio que lhe prestava, no galgar das árduas etapas da trajetória terrena, aquele outro espírito que se lhe associara para juntos fazerem-na.

Cumprido esse dever e exprimindo aqui os nossos ardentes votos de paz e felicidade espiritual ao trabalhador que regressou à vida livre do espaço, a receber o prêmio da sua operosidade e aparelhar-se das forças e da luz necessárias a maiores empreendimentos, e que de lá saberá lenir as feridas da saudade nos corações amigos que deixou na terra, mais não acrescentamos, pois que fazemos nosso o que o prezado companheiro M. Quintão, páginas atrás, diz na sua “Croniqueta”, traduzindo com verdade o nosso pensar e o nosso sentir coletivo.

Por isso mesmo, também nos eximimos de falar do desaparecimento da médium que era Dna. Anna Prado. “Das próprias pedras pode Deus fazer que nasçam filhos a Abraão”, escreveu ele, com felicidade, por fecho do seu artigo.
Invocando essa sentença do divino Mestre, lembrou-nos oportunamente, a insensatez das nossas lamentações, em face da sabedoria infinita e do poder absoluto de Deus, a cuja vontade omnipotente e onisciente, expressa nas suas leis perfeitas, não escapa sequer o mais mínimo fio dos nossos cabelos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário