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sábado, 18 de maio de 2013

Palavras de Jesus


Palavras de Jesus
         

          Vale-se muita gente do Evangelho para usar as expressões literais do Senhor, sem qualquer consideração para com o sentido profundo que as ditou, simplesmente para exaltar conveniência e egoísmo.

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            Exortou o Divino Mestre: "Não vos inquieteis pelo dia de amanhã." Encontramos aqueles que se baseiam nestas palavras, destinadas a situar-nos na eficiência tranquila, para abraçarem deserção e preguiça, olvidando que o próprio Jesus nos advertiu: "Andai enquanto tendes luz."

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            Asseverou o Eterno Amigo: "Nem só de pão vive o homem."
            Há companheiros que se estribam em semelhante conceito, dedicado a preservar-nos contra a volúpia da posse, para assumirem atitudes de relaxamento e desprezo, à frente do serviço de organização e previdência da vida material, sem se lembrarem de que Jesus multiplicou pães no monte, socorrendo a multidão cansada e faminta.

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             Afirmou o Excelso Benfeitor: "Realmente há muita dificuldade para que um rico entre nos Céus." 
            Em todos os círculos do ensinamento cristão, aparecem os que se aproveitam da afirmativa, dedicada a imunizar-nos contra as calamidades da avareza, para lançarem diatribes contra o dinheiro e sarcasmos contra os irmãos chamados a manejá-lo, na sustentação do trabalho e da beneficência, da educação e do progresso, incapazes de recordar que Jesus honrou a finança dignamente empregada, até mesmo nos dois vinténs com que a viúva pobre testemunhou a própria fé.

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            Disse o Cristo: "Não julgueis. " 
            Em toda a parte, surpreendemos os que se prevalecem do aviso que nos acautela contra os desastres da intolerância, para acobertarem viciação e má-fé, sem se prevenirem de que Jesus nos recomendou igualmente: "Orai e vigiai, a fim de não cairdes em tentação."

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            Admoestou o Mestre dos mestres: "Ao que vos pedir a túnica, cedei também a capa."
            Não poucos mobilizam o asserto, consagrado a impelir-nos ao culto do desprendimento e da gentileza, para estabelecerem regimes de irresponsabilidade e negligência, quando o Cristo nos preceituou a obrigação de entregar a cada um aquilo que lhe pertence, até mesmo nas questões mínimas do imposto exigido pelos poderes públicos, ao solicitar-nos: "Dai a César o que é de César."

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            Não podemos esquecer que as palavras do Cristo, no curso dos séculos, receberam interpretações adequadas aos interesses de grupos, circunstâncias, administrações e pessoas. A Doutrina Espírita brilha hoje, porém, diante do Evangelho, não apenas para aliviar e consolar, mas também para instruir e esclarecer.

Emmanuel
por Chico Xavier

in   “Reformador” (FEB) Março 1964



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