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sábado, 11 de maio de 2013

3/4 Causa de Ismael





Causa de Ismael
Alberto Nogueira Gama

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Assistência aos Necessitados

            A exemplo do "Grupo Ismael", a Assistência aos Necessitados, fundada em 20 de Abril de 1890 pelo Dr. Polydoro Olavo de S. Thiago, é outra baliza demarcatória no campo das realizações da Casa Máter do Espiritismo no Brasil.

            Se "o Grupo Ismael constitui o seu santuário de ligação com os trabalhadores do Infinito, a Assistência aos Necessitados a vincula, na Terra, a todos os corações infortunados e sofredores e representa, de fato, até hoje, a sua âncora de conservação no mesmo programa evangélico, no seio das ideologias novas e das perigosas ilusões do campo social e político".

Sede própria

            Só depois de 27 anos de existência é que a Federação Espírita Brasileira teve a sua sede própria. Exercia então a Presidência da Casa Leopoldo Cirne, "a grande cabeça planejadora e orientadora de tudo, vontade enérgica e inabalável, síntese de fé e trabalho construtivo". Com a doação do prédio à rua S. José, nº 60, em Junho de 1905, feita por D. Mary Henrieth Holffmann à Federação Espírita Brasileira, e com a aquisição de dois pardieiros da rua do Sacramento, "depois Avenida Passos, nº s 28 e 30", cuja demolição foi logo consumada, tornaram-se possíveis as obras de construção do edifício em que, desde 10 de Dezembro de 1911, se encontra sediada a Oficina do Anjo do Senhor.

            O acontecimento teve grande repercussão pública, pois, a essa altura, a respeitável Instituição já era bastante conhecida pela sua larga folha de serviços prestados à coletividade carioca, junto a quem desfrutava de bem merecido prestígio.

            Constâncio Alves, brilhante jornalista da época, membro da Academia Brasileira de Letras, dono de um estilo simplesmente encantador, regista o fato na seção - "A Semana - Dia a Dia" do "Jornal do Commercio" do Rio de Janeiro, na edição de 14 de Dezembro, isto é, quatro dias após o ato da inauguração.

            Findava-se aí um ciclo de martírios, verdadeira via crucis, em que nada menos de oito vezes a Federação teve que mudar de endereço, sempre mal acomodada em toda parte, mas nunca deixando de observar à risca seu programa de estudo e trabalho, de assistência e orientação, sinceramente empenhada em bem servir a todos.

Organização Federativa - Conselho Federativo

            Iniciada em 1904, com o título "Bases de Organização Espírita", quando das solenidades comemorativas do centenário de nascimento de Allan Kardec, sofreu a Organização Federativa sua primeira remodelação em 1924, configuração com a qual é impressa, figurando, em 1934, já na terceira edição.

            Desse esforço de organização e disciplina de trabalho; de coordenação e uniformidade de métodos de estudo evangélico-doutrinário, participa galhardamente a própria Assistência aos Necessitados, dando à publicidade "Grupos Espíritas", em 1933.

            Guillon Ribeiro é o grande e incansável baluarte desse exaustivo trabalho de sistematização das coisas. Deu o melhor dos seus esforços e sentimentos, de suas energias e reservas orgânico-espirituais, deu tudo de sua excepcional capacidade de serviço a prol de uma solução honrosa, pacífica, producente e produtiva do complexo problema. E tudo indica não ter sido em vão que trabalhou tanto, demais mesmo, neste sentido, durante longos e longos anos.

            Assim o dizem e proclamam os trabalhos do Conselho Federativo, composto de delegados das Associações Espíritas Federadas, em sua primeira reunião, na sede da Federação Espírita Brasileira, de 3 a 8 de Outubro de 1926.

            Naquele certame que, entre outros Estados, reuniu representações de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Espírito Santo, foram ventiladas e resolvidas questões de relevante importância e de indiscutível interesse para a aplicação e desenvolvimento do Espiritismo no Brasil, mediante a justa compreensão dos seus imperativos e criteriosa prática dos seus postulados por parte das Sociedades Espíritas organizadas.

            Assuntos como a adoção da Música, a multiplicidade de jornais e revistas, o controle intelectual das publicações espíritas, as manifestações de caboclos e africanos, homenagens a encarnados, e outros (e foram muitos e todos de capital relevância), sofreram ampla apreciação por parte dos conselheiros, que foram felicíssimos nas deliberações tomadas, e, tanto quanto eles, felicíssima foi a Federação Espírita Brasileira que teve, então, oportunidade de se mostrar na plenitude de sua real grandeza, impondo-se por atitudes declaradamente
sábias, justas e condescendentes.

            Todavia, o trabalho de coroamento da Organização Federativa do Espiritismo estava reservado para anos mais tarde, quando outros acontecimentos sobreviessem, determinando mudanças e modificações no cenário espirítico nacional, a bem da aplicação de medidas mais avançadas e progressistas.  Isto se deu em 5 de Outubro de 1949, quando da celebração do Pacto Áureo, resultando na instituição do Conselho Federativo Nacional e, pouco depois, na criação do Departamento de Infância e Juventude, a 13 de Novembro daquele mesmo ano.
Do Conselho Federativo Nacional, cuja atuação se acha assinalada por resoluções de grande alcance, nos veio a joia de orientação social-administrativa, através do livrete "PRECEITOS GERAIS Pró-Unificação do Espiritismo e Norma de Estatutos", mais conhecido comumente pela simples designação de "PRECEITOS GERAIS".

            Este órgão referendava, na oportunidade de sua criação, a validade da Organização Federativa então existente e em vigor e prescrevia, nos dois primeiros dos 18 Itens da Grande Conferência Espírita realizada no Rio de Janeiro, o seguinte: 

"1º) Cabe aos Espíritas do Brasil porem em prática a exposição contida no livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", de maneira a acelerar a marcha evolutiva do Espiritismo. – 2º) A FEB criará um Conselho Federativo Nacional, permanente, com a finalidade de executar, desenvolver e ampliar os planos da sua atual Organização Federativa."

            Do Departamento de Infância e Juventude nos vieram, como duas verdadeiras prendas dos Céus, em 18 de Abril de 1950, BRASIL-ESPIRITA, órgão orientador, noticioso e doutrinário do citado Departamento Infanto-Juvenil, e JUVENTUDE EM MARCHA, trabalho de orientação, organização e funcionamento das Escolas de Evangelho e das Mocidades ou Juventudes Espíritas.

            Com essas realizações, que representam autênticas vitórias da Causa de Ismael, estava completo o fecundo e abnegado trabalho de Guillon, que, segundo pensamos, deve ter sentido um extraordinário descanso de espírito e podido respirar desafogadamente quando isto aconteceu, porque só ele sabe quanto sofreu, quanto penou, para fazer sentir e tornar realidade a presença da Federação Espírita no âmbito nacional, nos mais ermos rincões, nas mais longínquas paragens, em toda e qualquer parte deste nosso imenso e amado Brasil.

Infância e Juventude

            Embora o assunto já esteja bem esclarecido diante do muito que se tem dito e escrito a respeito, e seja, na situação atual, objeto de desvelos, de todo o carinho e dedicação, não fica fora de propósito uma notícia histórica a respeito de infância e juventude.

            Alusivos à criança, encontramos na coleção de "Reformador" de 1904 dois grupos de trabalhos, em que a Federação Espírita Brasileira, já naquela época, cogitava dos problemas infantis à luz do Espiritismo.

            Os escritos do primeiro grupo encontram-se insertos numa seção denominada DIÁLOGOS, sob o título Evangelho das Crianças, formando uma sequência de historietas. Os do segundo - EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA sob o ponto de vista espírita - dizem respeito à publicação de uma conferência, cuja parte final figura no primeiro número de "Reformador" de 1905.

            Tanto os trabalhos de uma quanto os da outra série são da lavra do culto e inspirado confrade Antônio Lima, à época Administrador da Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira.

            Depois disso,.. Bem, o caso foi situado em 1926. Nós vamos situá-lo em 1914. É dai que devemos partir, porque foi nesse ano que começou, aqui na Federação, o ensino da Doutrina Espírita-Cristã, inaugurado a 14 de Junho, num domingo, sob a direção de D. Ilka Mass, auxiliada pela sua filha, cujo nome não consta no registo do acontecimento.

            Com absoluta regularidade funcionou, durante um ano, a então chamada "Escola Dominical de Doutrina Cristã". À D. Ilka Mass, que enfermara e se afastara da Capital a bem de saúde, sucedeu lhe D. Maria Eugênia de Lima, "professora jubilada, que aos seus conhecimentos e métodos pedagógicos aliava em elevado grau os mais sólidos conhecimentos doutrinários e muita grandeza de coração".

            Essa consóror, também, três meses depois de se encontrar à testa do trabalho de evangelização da infância, adoecera, retirando-se para Vassouras, em busca de melhoras.

            "Substituiu-a nesse nobre cargo D. Ritília Moreira de Sá, distinta professora catedrática da Escola Normal e valorosa servidora da Doutrina.

            "Em pouco tempo, o movimento iniciado pela Federação Espírita Brasileira, olhado com funda simpatia, se expandiu por todo o País, no seio da Família espírita, e a Casa de Ismael teve a ventura de ver criados novos núcleos de evangelização para a infância. 

            "Em meados de 1932, cerca de 50 Grupos, Asilos e' Federações, todos ligados ao Espiritismo, mantinham para as crianças, ou somente aulas de educação moral, ou estas e cursos de instrução primária.

            "O dia 14 de Junho - de 1914 ficará indelevelmente em nossa memória e principalmente em nossos corações, pois foi nesta data que se inaugurou, com as bênçãos de Ismael, o mencionado curso infantil de Doutrina Cristã."

            Aí está como e quando teve início, entre nós, espíritas brasileiros, esta modalidade de trabalho junto à criança.







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