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terça-feira, 19 de março de 2013

6. 'Ciência Religião Fanatismo'




6

Ciência  Religião Fanatismo

por  Mínimus
(Antônio Wantuil de Freitas)
Ed. FEB
c.1938


            As lutas sociais são sempre ocasionadas pela desigualdade das classes. O povo, educado na mentira da encarnação única, não pode, com razão, compreender a necessidade e a justiça das desigualdades sociais.

            Como podem amar um Deus, que lhes dizem ser justo, e que cobra as dívidas de um imaginário Adão? Como podem amar um Deus que cria almas, destinando-as a corpos informes ou a existências de contínuas misérias?

            Como compreender que esse Deus seja justo, se após 60 anos, média da vida humana, atira suas criaturas à eternidade dos suplícios do inferno?

            Como compreender que, numa família de pessoas medianamente boas, nasçam aleijados?

            Porque nasci, pobre e vivo sempre faminto, enquanto o meu vizinho vive entre riquezas e tendo cães melhor alimentados do que eu?

            Essas questões, que as religiões não sabem e não podem explicar racionalmente, envolvem princípios, que lhes não convém assimilar. E, porque continuam a interpretá-las como artigos de fé, baseados, em pleno século XX, no "credo quia absurdum", (creio porque é  absurdo)  são, por isso, a causa originária da infelicidade dos habitantes da Terra.

            O "credo quia absurdum", frase atribuída sem provas a Santo Agostinho, jamais produziu progresso espiritual na humanidade e sua existência na atualidade só produz revolta nas massas, revolta natural dos que foram durante séculos escravizados com os suplícios dos Torquemadas.

            Só o Espiritismo pode responder satisfatoriamente a essa multidão de incógnitas, criadas pelos interesses dos homens, responsáveis pelos destinos espirituais do mundo. Só ele consegue explicar racionalmente, de maneira assimilável a qualquer inteligência, essa multidão de mistérios, inventados no correr dos séculos; de acordo com as necessidades do domínio em cada época.

            Tanto abusaram na criação desses absurdos, que denominaram mistérios e dogmas, tanto se excederam na exigência do "credo quia absurdum", que o mundo se tornou materialista? caindo no caos em que se encontra a velha Europa.

            E nós, amigos, que talvez tenhamos sido companheiros dos opressores da Idade Média,aqui estamos novamente na Terra, para saldar dívidas velhas e reparar males que espalhamos.

            Lembremo-nos dos primeiros adeptos do Cristo, da abnegação com que levaram os Evangelhos e os introduziram entre os adoradores de Júpiter; lembremo-nos dos martírios que padeceram, e concluiremos que a nossa tarefa é bem mais suave e sigamos as pegadas que eles nos deixaram, levando ao povo a nossa palavra de amor, de conforto e sinceridade, pregando os Evangelhos de Jesus à luz da Verdade, à luz da Terceira Revelação, sem subterfúgios e sem interpretações subalternas.

            Renovemos o mundo. Levemos aos 32 pontos do horizonte o facho luminoso dos Evangelhos. As velhas mentiras, habituadas à escuridão, fugirão espavoridas e o planeta se transformará, lentamente sim, porém mais rápido do que supomos.

            O materialismo cresce, alastra-se, desenvolve-se nas Escolas Superiores, onde os professores, não acreditando nos mistérios, tombem para o ateísmo, acompanhados pela mocidade, por essa mocidade que amanhã os substituirá na cátedra. - Quantos males gerados pelos mistérios.

            Comecemos por preparar essa mocidade. Argumentemos com ela, provemos a existência de Deus, chamemos a sua atenção para os milhares de mundos que rolam obedientes a uma lei uniforme e constante, mostremos-lhe que essa lei deve ter uma causa, deve obedecer a uma força inteligente, e que á essa força nós lhe chamamos - Deus, como poderíamos chamá-la de força incógnita ou de força suprema.

            Discutamos cientificamente com essa mocidade promissora. Comparemos a igualdade, a uniformidade das leis que regem os movimentos dos planetas com os movimentos perfeitamente iguais aos dos elétrons de um átomo. No átomo, nessa partícula infinitesimal da matéria, encontraremos planetas girando em torno do núcleo central sem jamais se encontrarem. Mostremos a essa mocidade que, nesse núcleo, outros prótons e elétrons giram ainda, e sem nunca se chocarem.

            O movimento desses elétrons infinitesimais é, pois, uniforme com o dos planetas, e não só com o dos planetas, mas com o de todos os sóis, que centralizam outros tantos sistemas. E isso tudo é a própria ciência que no-lo ensina e prova, dizendo-nos que o sol tem também seu movimento de translação em direção da estrela Vega, em torno de um ponto da esfera celeste, ainda desconhecido, denominado Apex.

            Esse ponto, pouco conhecido pela ciência de hoje, corresponde ao ponto central do núcleo do átomo, núcleo este há poucos anos por ela desconhecido.

            E, finalmente, mostremos que Kardec anunciou a unidade da matéria há 80 anos, época em que ninguém aceitava a hipótese de Prout, (1), e a ciência de hoje, apesar de chamar de corpos simples aos 86 elementos conhecidos, já agora, quase no meio do século, concorda que os elétrons são perfeitamente iguais, tanto assim que ela procura destruir um desses elétrons para transformar o mercúrio em ouro. E isso nos parece realizável, porque já conseguiram produzir o hidrogênio, pelo bombardeamento de alguns corpos simples.

            (1) Referimo-nos a Prout, químico inglês, pouco conhecido; e não ao afamado sábio francês, Proust, seu contemporâneo.

            Ora, se os elétrons são iguais, a matéria de que são formados deve ser una.

*

            Para demonstrarmos que todos os astros partiram de uma mesma fonte, a que chamamos - Deus, podemos argumentar com a própria ciência oficial ou não. É ela quem nos afirma que o Sol contém os metais e os metalóides que existem aqui no nosso planetazinho, corpos esses que também existem nos demais astros, como nos mostra a composição química dos bólidos que, a miúde, caem na Terra.

            É bem verdade que alguns desses elementos não foram ainda descobertos na Terra, mas também não é menos verdade, e a própria ciência afirma, que os corpos simples devem ser noventa e tantos, mas que só foram descobertos até hoje 90. Quem nos dirá que os que nos faltam conhecer não sejam os que ela encontrou no Sol?

            Outros alegam que sentem no interior uma qualquer coisa que lhes fala existir - Deus, mas que o raciocínio lhes diz ser impossível que esse Deus esteja em toda parte.

            Está provado pela ciência que o vácuo não existe e, entre as experiências comprovantes de ele não existir, temos a de que, no vácuo das máquinas pneumáticas, o calor de um corpo se transmite a outro, devendo portanto haver um veículo para que essa transmissão se efetue. A esse veículo, inodoro, incolor, imponderável e invisível, chamaram - Éter

            Ora, conhecendo todos nós a existência das ondas hertzianas, que levam o som do "estúdio" a milhares de léguas, conhecendo a radiotelefotografia e a radiotelevisão, como poderemos achar absurdo que, existindo o éter em todas as partes do Universo, seja impossível a um Ser Supremo estar em contato com toda a sua obra?



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