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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Ditado de Ismael


Ditado
de Ismael

Reformador (FEB) 16 Setembro 1913

            Comemorando, como nos anos anteriores, com a sua longa tradição de 36 anos, a Ceia do Senhor, este grupo realizou, na 5ª feira santa, uma sessão notável pelo recolhimento de sua assistência e pela impressão que a todos causou.

            Isto prova que a misericórdia do Alto está sempre presente a acudir a pobre humanidade terrena, apenas exigindo de cada qual o critério imprescindível à sua ostensiva manifestação mediúnica.

            O Reformador, fiel ao seu programa de divulgar os sãos ensinamentos de nossa doutrina, tão confortadora e edificante quando serenamente praticada, não podia furtar-se ao agradável dever de vulgarizar a comunicação de Ismael obtida nessa memorável reunião.

            Chamamos a atenção dos nossos confrades para a profundeza dos conceitos que ela encerra, com a característica de simplicidade - apanágio dos espíritos elevados.

            Ei-la:

            Médium Frederico Jr.: O médium, sonambulizado, diz:

            É  impossível descrever com minúcias o que vejo. Afigura-se aos meus olhos um céu aberto, no qual destaco as figuras proeminentes daqueles tempos consagrados à redenção da humanidade, escrava de erros e de crimes. Todos os apóstolos, todos os nossos guias, banhados de luz estranha na Terra, tem os seus olhos voltados para essa estrela luminosa, símbolo do Espírito de Verdade, falado por N. S. Jesus Cristo nos derradeiros momentos da despedida. Todos os nossos companheiros, apóstolos, como se diz na Terra, aí estão: Leio em todos eles laivos de alegria e tristeza. Quem sabe se a tristeza, representando o passado e os sorrisos, o presente?

            Bom guia, vós que sois a bondade, se merecemos, apesar de tudo, a meiguice de tuas palavras, - fala - transportando-nos àqueles tempos, em espírito, para compreendermos, em espírito e verdade, Àquele a quem devemos a redenção de nossas almas!

            -Paz!

             Só para os néscios, só para os despercebidos como as virgens loucas, a vida de Jesus - da manjedoura ao cimo do Calvário, podia ser uma surpresa. Todos os profetas já haviam anunciado que das bandas do Jordão da Galileia, devia aparecer o aborrecido dos homens, o amigo de Deus. Todos os profetas, nas próprias liras tangendo hinos à vinda de Jesus, exaltavam esse momento em que o Criador, por seu representante na terra, o Cristo, faria a comunhão com as suas criaturas.

            Só o despercebido, como as virgens loucas, não quiseram compreender por seus interesses e ambições, que da origem de David viria este grande espírito, para palmilhar uma estrada de lágrimas expandindo sorrisos. E tanto da memória lhes fugiram os ensinamentos de seus antepassados, que não puderam ter ouvidos para ouvir e olhos de ver o grande predestinado.

            Meus filhinhos, eu não sei quando é maior Jesus: - Se no reino de sua glória, se aos pés de seus apóstolos. Eu não sei quando é maior a sua força: Se fazendo tombar no Horto das Oliveiras os seus inimigos, se encobrindo-se na linguagem bíblica dos Evangelistas, em trevas - e entregando-se passivamente às mãos de seus algozes. Ah! Parece que Jesus tem a sua maior glória quando curvado ao chão, lavava os pés dos pobres pescadores, pescadores de almas. Eu creio que é maior ainda essa glória, não distinguindo da plêiade de seus amigos o próprio Judas, em cujo foro íntimo lia, como em livro aberto, todos os instintos de cobiça, todos os predicados da inveja. Deus, no Seu representante, curvado aos pés de suas criaturas! Que melhor exemplo podia dar de amor, de fraternidade e igualdade perante os homens, como Ele desejava? Só Pedro, assombrado com o ato de seu Mestre, recusa-se entregar as suas plantas para essa cerimônia do amor. Significativamente, para quem tem ouvidos de ouvir, disse o Senhor: “Se tal não consentires, não terás parte no meu ministério.” 

            Lava-me a cabeça, o corpo todo, contanto que eu não fique privado do convívio de tua alma, porque sei que de teus lábios só saem palavras de salvação, e eu quero ser salvo. Por Ti darei meu sangue, vida, tudo. Dava Pedro, perante os seus condiscípulos o testemunho do Senhor. Mas Pedro, como todos os homens, confiava demais em si próprio. Jesus, vendo o espírito de conservação da carne, que buscava esse interesse mundano, que é apanágio de todas as criaturas, afirmou que ele o havia de negar 3 vezes, antes que cantasse o galo esperto, 2 às 3 horas da madrugada. Quando Ele, já então no Pretório, como um réprobo, um celerado, ouvia as afrontas do representante de César e de seus sequazes, ouvia a instância com que Pilatos  queria arrancar, por mais de uma vez, a confirmação do que Ele dizia ao povo - Eu sou o filho de Deus; - Pedro  no pátio, assistia, por entre as grades do palácio do grande governador, emudecer-se a voz do Mestre para confirmar aquilo que se encontra em Jó, Cap. 33,14: “O Senhor só fala uma vez, não pode nem quer repetir palavras.”

            Meus filhos, recordando esse passado de angústias, só a nós compete tomar o exemplo daquele que nos convida para a sua mesa farta, como pobres coxos, cegos e estropiados, nunca perdendo de vista esse ensinamento em que podemos compreender que sem humildade não pode haver amor, sem amor não pode haver caridade. Irmanar os vossos espíritos nos mesmos, eis a doutrina do lava-pés. É preciso tocar a fronte no solo para subir ao céu, se céu é aquilo que já podemos compreender, - o infinito espaço em que se libra o espírito liberto de culpas e coberto de glórias.

            Humildade, pois: o mundo ainda vos pertence, - cuidado com o mundo; nele chocam-se todas as paixões, - tende por base de vossa defesa em primeiro lugar a humildade. Eu nada conheço de melhor para desarmar os pretensiosos, não conheço trilha melhor para chegar a essa meta, tão sonhada, de amor ao próximo como a nós mesmos e a Deus sobre todas as coisas. 

            Amai-vos, pois: deixe que fervilhe a intriga, deixe que esse espírito oculto para vós outros, endeuse-se os vossos talentos e virtudes; transformai-vos, se podeis, nos cachorrinhos em busca das migalhas do banquete. Esse será o vosso papel de espíritas; será o maior testemunho de terdes compreendido, em espírito e verdade, o dia de hoje, o lava-pés – Ismael

            O médium continua sonambúlico:

            Sim, Celina: diz meiga criança, tu és a plenipotenciária do amor da virgem, lírio sacrossanto dos jardins celestes, que sobre vós sempre derramas, quando vos vês indecisos, os aromas de sua meiguice.

            Continua o médium:

            Minha mãe, diz ela, por minha mãe a todos honro. De lá onde chegam, a todos os instantes, os vossos pensamentos, eu lanço um olhar a todos e falo com meu filho.

            Tiveste na estrada amargurada do teu cativeiro terrestre e espontâneo um Cireneu. Vê naqueles que estudam e praticam a tua Doutrina, novos Cireneus, levando o teu nome através dos séculos e falando, do púlpito do Gólgota, a toda a humanidade, escrava do erro e do pecado.

            Meus amiguinhos, diz ela ainda com aqueles termos próprios das crianças: - eu sou criança e não me assusto. Há espíritos maus? Não sei se os há; mas também os há bons, porque Deus é justo, não é? Se vos dá o peso, há de vos dar também a força para levantá-lo; e essa força tanto maior será, quanto os vossos espíritos se transformarem num só músculo, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos. 

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