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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

'Pai Nosso'


        
    ‘Pai Nosso’    
                                                
1.   Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome!

Cremos em Vós, Senhor, porque tudo revela o Vosso poder e a Vossa bondade. A harmonia do Universo nos dá o testemunho de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. O nome de um ser soberanamente grande e sábio está inscrito em todas as obras da criação, desde o raminho de uma erva, e o mais pequenino inseto, até os astros que se movem no espaço. Por todas as partes vemos a prova de uma solicitude paternal. Eis porque cego é aquele que não vos reconhece nas vossas obras, orgulhoso o que não vos glorifica, e ingrato o que não rende ação de graças.

2.   Venha a nós o Vosso reino!

Senhor, destes leis cheias de sabedoria aos homens, leis que lhes dariam a felicidade, se eles a obedecessem. Com essas leis, fariam reinar entre eles a paz e a justiça, se ajudariam mutuamente, em vez de se prejudicarem, como o fazem. O forte sustentaria o fraco, ao invés de esmagá-lo; evitariam os males que se originam dos abusos e dos excessos de todos os gêneros. As misérias terrenas, em sua totalidade, provêm da violação das vossas leis, porque não há uma só infração que não tenha suas conseqüências fatais.
Destes ao animal o instinto que lhe marca o limite do necessário, e ele com isso se conforma maquinalmente; mas ao homem, além desse instinto, destes a inteligência e a razão; destes, também, a liberdade de obedecer ou de não respeitar àquelas das vossas leis que pessoalmente lhe dizem respeito, isto é, de escolher entre o bem e o mal, para que ele tenha o mérito e a responsabilidade de suas ações.
Ninguém pode dizer que desconhece as Vossas leis, porquanto, em Vossa paternal previdência, desejastes que elas fossem gravadas na consciência de cada um, sem distinção de cultos nem de nações. Aqueles que as desrespeitam é porque vos desprezam.
Um dia virá em que, segundo a vossa promessa, todos as praticarão; então, a incredulidade terá desaparecido, todos vos reconhecerão como o soberano Senhor de todas as coisas, e o reinado de Vossas leis será o Vosso reinado sobre a Terra.

3.   Seja feita a Vossa vontade na Terra como no Céu!

Se a submissão é um dever do filho em relação ao pai, do inferior para com o seu superior, quanto maior não deve ser a da criatura em relação a seu Criador! Fazer Vossa vontade, Senhor, é obedecer a Vossas leis, submeter-se sem lamentações, aos Vossos decretos divinos. O homem a isso se submeterá, quando compreender que vós sois a fonte de toda a sabedoria, e que sem Vós, ele nada pode; então, ele fará a Vossa vontade na Terra, como os eleitos a fazem no Céu.

4.   O pão nosso de cada dia dai-nos hoje.

Dai-nos o alimento para a manutenção das forças do corpo, dai-nos, também, o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso espírito.
O animal encontra a sua comida, mas o homem deve obtê-la à custa da sua própria atividade, com os recursos da sua inteligência, porque Vós o criastes livre.
Vós lhe dissestes: “Tirarás o alimento da terra com o suor do teu rosto”; por essas palavras, fizestes do trabalho uma obrigação para ele, a fim de que exerça a sua inteligência na busca de meios para satisfazer as suas necessidades e também proporcionar-lhe o bem-estar, uns pelo trabalho material, outros pelo trabalho intelectual; sem o trabalho, ele ficaria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos espíritos superiores.
Auxiliais o homem de boa vontade, que se entrega a vós para o necessário, não aquele que se regozija na ociosidade, que tudo queria obter sem trabalho e sem fadiga, nem o que procura o supérfluo.
Quantos são os que caem vencidos por sua própria culpa, por seu descuido, sua imprevidência ou sua ambição, e por não quererem se contentar com o que lhes destes. Estes são os que fazem a sua própria desgraça e não têm o direito de se lamentar, já que são punidos naquilo mesmo em que pecaram. Apesar disso, nem a estes abandonais, pois Sois infinitamente misericordioso. Vós lhes estendeis a mão em socorro desde que, como filho pródigo, retornem sinceramente a Vós.
Antes de nos lamentar da nossa sorte, perguntemo-nos se ela não é obra nossa. Perguntemo-nos se a cada infelicidade que nos chega não dependia de nós evitá-la, e consideremos também que Deus nos deu a inteligência para nos tirar do lamaçal, e que depende de nós fazer bom uso dela.
Uma vez que na Terra o homem se acha submetido à lei do trabalho, dai-nos a coragem e a força de cumpri-la. Dai-nos também a prudência, a previdência e a moderação, para que não venhamos a perder os seus frutos.
 Dai-nos, Senhor, nosso pão de cada dia, ou seja, os meios de adquirir pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, pois ninguém tem o direito de reclamar o desnecessário.
Se o trabalho nos é impossível, confiamo-nos à vossa divina Providência.
Se está em vossa vontade nos provar pelas mais duras provações, apesar de nossos esforços, nós as aceitamos como uma justa expiação das faltas que tenhamos cometido nesta ida ou numa outra anterior, pois Sois justo. Sabemos que não há sofrimentos que não sejam merecidos, e que nunca há punições sem causa.
Preservai-nos, meu Deus, de invejar os que vêm o excessivo quando nos falte o necessário. Perdoai-lhes, se esquecem a lei da caridade e de amor ao próximo que lhes ensinastes.
Afastai também de nós o pensamento de negar vossa justiça, ao ver a prosperidade do mau e a infelicidade que, por vezes, aflige o homem de bem. Graças às novas luzes que nos destes, sabemos agora que vossa justiça sempre se cumpre e não falha com ninguém, porque a prosperidade do mau é tão transitória e passageira quanto a sua existência corporal, e que terá que passar por reencarnações dolorosas, enquanto que a alegria reservada àqueles que sofrem com resignação será eterna.

5 – Perdoai as nossas dívidas como nós as perdoamos àqueles que nos devem! – Perdoai nossas ofensas como nós perdoamos àqueles que nos ofenderam!

          Cada uma de nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa que vos fazemos, e uma dívida contraída que cedo ou tarde será preciso resgatar. Solicitamos o perdão de vossa infinita misericórdia, e vos prometemos empregar nossos esforços para não contrair novas dívidas.
         Na caridade, nos ensinastes a maior das leis; mas a caridade não consiste somente em amparar ao semelhante na necessidade: consiste também no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos vossa indulgência, se nós mesmos não usássemos dela para com aqueles dos quais temos do que nos queixar?
         Dai-nos, meu Deus, a força para apagar em nossa alma todo o ressentimento, todo o ódio e todo o rancor. Fazei com que a morte não nos surpreenda com nenhum desejo de vingança no coração. Se for de vossa vontade nos retirar hoje mesmo da Terra, fazei com que possamos nos apresentar diante de vós puros, libertos de ódios, como o Cristo, cujas últimas palavras foram de perdão, em favor dos seus martirizadores.
         As perseguições que os maus nos fazem suportar são parte das nossas provas terrenas. Devemos aceitá-las sem lamentações, como todas as outras provas, e não amaldiçoar aqueles que com suas maldades nos dão a oportunidade de os perdoar, abrindo-nos o caminho da felicidade eterna, já que nos dissestes pelo ensinamento de Jesus: Bem-aventurados os que sofrem pela justiça! Bendigamos, a mão que nos fere e nos humilha, porque sabemos que as angústias do corpo fortalecem nossa alma, e seremos glorificados em nossa humildade.
         Abençoado seja o vosso nome. Senhor, por nos teres ensinado que nossa sorte não está irrevogavelmente fixada após a morte. Que encontraremos em outras existências os mios de resgatar e reparar nossas faltas passadas, e de cumprir, em uma nova vida, o que não pudemos fazer nesta para o nosso adiantamento.
         Assim se explicam todas as desigualdades aparentes da vida terrena. É a luz lançada sobre nosso passado e nosso futuro, o sinal evidente de vossa soberana justiça e de vossa bondade infinita.

6 – Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!

         Dai-nos, Senhor, a força para resistir às sugestões dos maus Espíritos que inspirando-nos maus pensamentos, tentam nos desviar do caminho do bem.
         Somos Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos. A principal causa do mal está em nós mesmos, e os maus Espíritos apenas se aproveitam de nossas más inclinações e vícios, para nos tentar.
         Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, enquanto que são impotentes e renunciam a qualquer tentativa contra os seres perfeitos. Se não tivermos vontade firme e determinada para praticar o bem e renunciar ao mal, tudo o eu fizermos para afastá-los será inútil.
Portanto, precisamos direcionar nossos esforços para combater as nossas más inclinações e os nossos vícios; então, os maus Espíritos naturalmente se afastarão, porque é o mal que o atrai, enquanto que o bem os repele.
         Senhor sustentai-nos em nossa fraqueza; inspirai-nos pela voz de nossos anjos guardiães e pelos bons Espíritos, a vontade de corrigir nossas imperfeições a fim de impedir aos espíritos impuros o acesso à nossa alma.
         Senhor, como sois a fonte de todo o bem, não criais nada de mau, não podendo, por isso, o mal ser obra vossa. Nós mesmos o criamos ao desprezar as vossas leis, e pelo mau uso que fazemos do livre-arbítrio que nos deste. Quando os homens cumprirem vossas leis, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu em mundos mais avançados.
         A prática do mal não é uma necessidade fatal ou irresistível para ninguém, e apenas parece irresistível àqueles que nele se satisfazem. Se temos a vontade de fazer o mal, podemos também ter a de fazer o bem. Senhor meu Deus, é por isso que pedimos vossa assistência e a dos bons Espíritos para resistir à tentação.

         7 – Assim seja!

         Permiti Senhor, que nossos desejos se realizem! Mas, curvamo-nos diante de vossa infinita sabedoria. Que todas as coisas que não compreendamos sejam feitas conforme vossa santa vontade, e não a nossa, pois quereis apenas o nosso bem, e abeis melhor do que nós o que nos é conveniente.
         A vós, meu Deus, dirigimos esta prece por nós e em favor de todas as almas sofredoras, encarnadas ou desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos aqueles que solicitem a nossa assistência, e em particular por... (Pode-se formular a seguir os agradecimentos que são dirigidos a Deus e os que se queira pedir para nós mesmos ou para os outros.)
         Suplicamos vossa misericórdia e vossa bênção para todos.

Fonte:
“O Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec
(Petit 1ª Ed.1997)








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