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terça-feira, 16 de agosto de 2011

'Modas & Modernismo'



Modas - Modernismo
por  Alberto Nogueira da Gama 
(Lucas Pardal)
Reformador (FEB) Fevereiro 1970

           
                        (Esta parte, em sua quase totalidade, diz mais respeito ao elemento feminino, comumente mui acessível às influencias da Moda e à presença do Modernismo em seus usos e costumes.)

Pergunta – Qual deve ser nossa conduta em face das modas em voga? Que atitude adotarmos diante das criações de figurinistas e costureiros? Até que ponto podemos acompanhar modistas e cabelereiros em seus lançamentos de novos modelos e sugestões de toucador?

RespostaAs coisas, no mundo feminino, variam muito, mudam demais.
         A vaidade da mulher deu margem a que o homem, normalmente ambicioso, arquitetasse mil e uma coisas com que se pudesse engodá-la, explorando-lhe a volúpia de novidades.
         O comércio e a indústria, de mãos dadas, articularam-se em setores especializados para atender aos caprichos do belo sexo, indo ao encontro de suas exigências de embelezamento, de sua obcecação de aparecer exibir-se, de sua obsessão de mostrar-se atraente e insinuante.
         As vitrines esmeram-se em apresentar artigos e utilidades de uso feminino, rivalizando umas com as outras, e pondo em evidência a que ponto a mulher se tronou importante e valiosa como fonte de renda para lojistas e comerciantes em geral.
         Por sua vez, os profissionais de corte e costura, os perfumistas e manipuladores de cosméticos, os proprietários de Institutos de beleza, puseram-se em campo, acenando às filhas de Eva com os segredos da beleza, falando-lhes de encantos pessoais de que elas as dotarão desde que elas se lembrem de rechear-lhes as bolsas.
         De um modo geral, é esta a situação.
         Há ainda o cinema e a televisão que se tornaram centro de inspiração para as modas de nossas filhas e irmãs.
         Temos, assim, nas vias públicas, passarelas de todos os dias e de todas as horas, o espetáculo multiforme, variado e divertido de um interminável desfile, que recreia e extasia a plateia masculina, ambulante pelas ruas da cidade.
         É nesse cenário que se situa a mulher espírita. Com outra mentalidade, é bem de ver-se.
         Naturalmente que ela, pelo fato de esposar o Espiritismo, não vai fazer o papel de triste figura, retraindo-se a ponto de cair no extremo oposto de ridícula excentricidade.
         Não confundirá singeleza e naturalidade com continência fanática.
         Terá decerto, bastante senso de conveniência para saber vestir-se e retoucar-se, sem perder a compostura nem atentar contra o seu pudor.
         Compreenderá que elegância não é luxo; que embelezar-se não é mascarar-se; que vestir-se não é atentar contra o decoro público; mostrando-se provocante; que cuidar do corpo não é esquecer a lama ou perde-la; que apresentar-se agradável e atraente não é fazer o jhogo das mulheres sedutoras e transviadas.
         Aliás, de maneira alguma podemos admitir, nem de longe sequer, a absurda e chocante eventualidade da mulher espírita, recatada e pudorosa, já por força dos princípios de família adquiridos no lar, já por efeito dos ensinamentos doutrinários esposados, seja ela casada ou solteira, vir a pensar nessas coisas, quanto mais se passar para elas.
         Conhecemos-lhe bem a candura de espírito, as maravilhosas reservas de dignidade e compostura, de recanto e pudor, para por-lhe em dúvidas a integridade moral, a inteireza de caráter, a retidão de propósitos, a pureza de intenções, de que se fazem credoras da admiração de todos, em toda parte e em qualquer circunstância.
         Há, em nossas hostes, verdadeiros exemplares de beleza feminina que sabem escolher os penteados, os modelos de roupas, o material de toucador, mostrando seus naturais atrativos numa irrepreensível linha de discrição e num admirável plano de sobriedade e decência.
         Tem muito bom gosto, sem, contudo, jamais descambar para os extremos.
         Mantém, por isso mesmo, uma apresentação condizente com as responsabilidades que lhes pesam nos ombros e à altura de sua formação, evidenciando-se num conjunto de condições impecáveis sob o ponto de vista do comedimento.
         Com o seu maravilhoso bom senso e invejável espirito de equilíbrio, elas ensinam, pelo exemplo, ás suas próprias filhas e às suas demais irmãs ainda jovens, que da Moda e do Modernismo pode ser aproveitado aquilo que não coloque a Mulher em ridículo perante os outros, nem em risco a lisura de sua feminilidade.
         Em suma, estas nossas Irmãs demonstram claramente que não são refratárias à chamada evolução e, sim, contrárias apenas aos excessos, exageros e disparates inovados em seu nome, por insustentáveis à luz dos princípios evangélico-doutrinários em que plasmaram sua mentalidade de filhas, esposas, mães e donas de casa e de que se mostram ciosas como criaturas conscientes e responsáveis.  


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