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sexta-feira, 1 de abril de 2011

35/50 'Crônicas Espíritas'


35CM

      VIII

            Na sexta prova de santidade da Igreja, diz monsenhor Martins: “Alguém já conheceu um verdadeiro santo, na genuína expressão da palavra, no Protestantismo, no Espiritismo, no Positivismo?”
            Não no Espiritismo, porque nós não temos a instituição que os fabrica, e consideramos que ser bom não é mais do que cumprir cada um o seu dever, e feliz daquele que o sabe cumprir.
            Mas, se no meio do clero romano desceram Espíritos ilustres e bondosos, foi porque Deus, infinitamente bom e misericordioso, quis salvar o clero católico do precipício em que se atirava. Entretanto, a despeito dos exemplos dos Francisco de Assis, dos Antônio de Pádua, dos Vicente de Paulo e de tantos outros, o clero persistiu em deixar-se seduzir pelos bens terrenos, pelos gozos da materialidade, pela concupiscência, e, dando estes exemplos, desviou o povo da verdadeira moral do Cristo. Isto é histórico.
            A Igreja perseguia os seus chamados santos, aos quais enaltece para ver se podem reforçar os alicerces do seu carcomido edifício, já minado e prestes a ruir. Poderá ela citar um único santo, cujas palavras ela tivesse acatado enquanto ele fora vivo, a não ser os santos inquisidores?
            Santo Agostinho, porventura, não repeliu o batismo das crianças, considerando-o uma farsa?
            Sim, varões ilustres procuraram encaminhar o clero católico na senda do Evangelho. O clero, porém, não lhes deu ouvidos, nem imitou os seus exemplos, e daí a sua grande responsabilidade.
            Jesus mesmo ensinava ao povo aquilo que de há muito se tornou provérbio popular. “Fazei o que os padres dizem, mas não o que eles fazem” (S. Mateus, 23:3) referindo-se aos escribas e fariseus. E disse mais: “Eles serão precedidos no reino dos céus pelas prostitutas e pelos publicamos.” (Mateus, 21:31)
            Jesus constituiu a sua Igreja sobre a fé robusta de Pedro, fé em que Pedro proclama ser – Jesus “O Filho de Deus vivo”. Sobre esta rocha, que é o próprio Cristo, foi edificada a Igreja. Nem Pedro, nem nenhum dos outros apóstolos construíram igrejas de pedra e sim templos nos corações dos crentes onde as virtudes que Jesus exemplificou encontrassem um altar. E estes é que eram um em Jesus como Jesus é um no Pai.
            Agora, imagine o monsenhor se a Igreja tivesse seguido os ensinos de Jesus, se em todos os tempos tivesse exemplificado as suas virtudes, em que altura não pairaria a moral da Humanidade de hoje? O mundo não seria uma morada feliz em vez de ser o inferno que hoje se observa?
            “Santos”, homens desprendidos, houve em todos os tempos, em todas as partes do mundo e em todas as seitas; mas, como o mau clero estava em maioria, o povo preferiu seguir os exemplos do clero nos gozos do mundo, a ouvir os “santos” e esperar os prometidos gozos do céu.
            Prometendo Jesus o Consolador, enviou o seu servo Allan Kardec (que na precedente encarnação fora João Huss, queimado pela Igreja), para codificar o Espiritismo. Os mortos falam, os sinais, os fatos em todo o mundo se produzem, os Espíritos dão os mais salutares ensinos, as revelações sucedem-se às revelações em nome do Cristo. Os pequeninos, os anônimos agasalham os ensinos que assim baixam; só o clero não os quer ouvir e brada como os escribas no tempo de Jesus: é o demônio!
            Mas que demônio é esse que só ensina a moral de Jesus, que cura os enfermos, que consola os aflitos? O demônio por certo se regenerou, pois faz mais bem do que aqueles que se dizem sucessores de Pedro. Não há livro espírita que contenha um só ensino que não esteja de acordo com o Evangelho. Onde está o demônio?
            Monsenhor não estará enganado quando ensina que “em cada uma das partículas da história consagrada se acham realmente presentes o corpo, o sangue e toda divindade de Jesus Cristo”? Jesus ensina: “Tudo o que entre pela boca desce pelo ventre e é lançado a um lugar escuso”.
            Teria o Concílio de Trento, o criador da hóstia, mil e quatrocentos e tantos anos da ascensão de Jesus, mais poder do que Ele, forçando-o a descer da sua celeste morada para se incorporar nas hóstias e ser engolido em benefício da Igreja?
            Ensinando semelhantes absurdos, queixa-se a Igreja dos espíritas e os considera seus inimigos, quando o que desejamos é que ela ensine as verdades evangélicas tal qual Jesus as ensinou, e quando isso fizer terá os nossos aplausos e comungaremos com ela.



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