Pesquisar este blog

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Posta Restante - 16

Posta Restante - 16
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Fevereiro 1973


            Há indagações que, por sua natureza, levam a outras. E há respostas que, inevitavelmente motivam outras questões.
            Resta-nos convidá-los à leitura.

             P. - Por que entre casais, inclusive os que se acham há longos anos consorciados,  estão ocorrendo tantos desquites, conflitos, aventuras amorosas?

            R. - Grande parcela das criaturas faz do sensualismo a manifestação da própria
vida. A busca do prazer, não raro, sufoca impulsos nobres.
            Muita separação é ditada pela fome de sensações grosseiras.
            Se bem a Doutrina Espírita aceite o divórcio por remédio extremo, não nos é
lícito fazer vistas grossas ao fato de que, repetidamente, um casamento é solapado
pela insatisfação dos sentidos. A sede de paixões abrasa a criatura.

            P. - Que conviria aos casais, então?

            R. - A reeducação religiosa. Incorporar princípios elevados, regeneradores,  para que se suportem mutuamente, evitando fazer concessões aos impulsos para aventuras afetivas. Mais que se suportarem a contragosto: descobrirem, no Evangelho, a área da compreensão, tornando-se caridosos um para com o outro.
            Se  nos condicionamos à poligamia, por uma falsa interpretação de liberdade, toca-nos, agora, a correção de tais impulsos irrefletidos. A deseducação de nossos sentimentos precisa de ser dissipada.

            P. - Se ocorrer a separação, justifica-se um novo lar?

            R. - Toda relação afetiva cria liames. Em certas ocasiões, um companheiro para a viagem reencarnatória, após a separação do casal, poderá inscrever-se  como socorro. Sabe-se, contudo, que serão outros e novos compromissos, somados aos de que não se libertou pela distância física.
            Valerá ponderar muito, antes de agravar mais.

            P. - O divórcio, mais que o desquite, não criaria melhores condições sociais para esse novo lar?
            R. - O casamento não é indissolúvel. Só o é diante de algumas leis humanas. O divórcio permitiria legalizar o novo contrato matrimonial, dando-lhe a cobertura legal que muitos requerem para suas experiências de relacionamento afetivo e consolidação da família.
            As condições de um lar, porém, não se subordinam à legislação humana. Por perfeitos fossem nossos códigos, não substituiriam jamais a necessidade de conduta
equilibrada.
            Nosso problema sempre será o de educação.
            Se, diante dos homens, o divórcio traria melhores condições, diante da Espiritualidade somente a conduta evangélica nobilita a criatura, diante da própria consciência.

            P. - Se sobrevier a desencarnação dum dos cônjuges, logo após a separação,
como ele encarará o lar desfeito e o companheiro que tomou distância?

            R. - Frequentemente permanece imantado ao que ficou e tanto mais quanto
menos desejou tal separação.
            Num casamento, envolvem-se pais, irmãos, parentes e até amigos. Numa separação, todo esse quadro, que se aproximou ou se estabeleceu por  fruto da união esponsalícia, igualmente é agitado, tumultuado por vezes.
            Nada é simples, salvo para o juízo dos egoístas.
            Em função desse complexo humano, o Espírito que dali partiu materialmente permanece aprisionado aos valores que elegeu como os mais importantes.
            E não estamos falando de um sentimento de rancor.
            "Onde estiver o seu tesouro, aí estará o seu coração."
            A máxima do Evangelho encontra ampla aplicação.
            Observemos, simultaneamente, que a lei humana não modifica o quadro espiritual da criatura. Embora possa trazer-lhe uma sensação de "honestidade convencional”, por agir dentro de princípios aceitos pela maioria, tal fato não altera a essência íntima de ninguém.
            O resgate de dívidas de amor é compulsório.
            Se ocorrer uma desencarnação prematura, oriunda do desajuste emotivo provocado pela separação, o débito espiritual aumentará e em muito. Somos responsáveis, queiramos ou não, pelas imagens mentais que a nossa conduta precipitar no companheiro de romagem.

            P. -Quando ambos estiverem na Espiritualidade, considerando-se que se acusem mutuamente pela separação, como ficariam para as próximas reencarnações, se são devedores um para com o outro? 

            R. -Sempre é hora de mudar o destino.
            Se se conservarem algemados, através do ódio e da retaliação mútua, poderão
atingir o porto reencarnatório na posição de irmãos. Serão parentes problemas, enquanto dilatarem o rancor em qualquer posição em que se encontrem.
            Poderão, no entanto, retomar como cônjuges.
            No caso terão, após vencida a fase de paixão que lhes caracterizará  namoro e noivado, dificuldades crescentes de relacionamento. Da mesma forma que um afeto pode ser inato, e inata foi a atração que os reuniu de novo, a antipatia poderá explodir entre ambos por razões aparentemente injustificáveis.
            Porém, ocorrem também desníveis espirituais.
            Um dos dois, antes do renascimento, poderá redimir-se.
            Tomemos, para exemplo, que nesse casal, cujo conflito se transferiu do cenário humano para o espiritual, a mulher venha a sublimar seus sentimentos.
            Ela poderá reencarnar e receber o o antigo desafeto por filho.
            Tudo, enfim, se subordina à vontade dos beligerantes.
            As nossas decisões firmes alteram o destino.

            P. - Diante do quadro atual de separações, conflitos, malícia ou inconsequência  de adultos e jovens, poderão ocorrer muitos processos reencarnatórios sob modalidades anormais?
            R. - Se contraímos débitos, ferindo o nosso semelhante, deveremos resgatá-los
até o último centavo.
            Não que a Providência imponha o resgate.
            A nossa própria consciência por isso clamará.
            À proporção que nos violentarmos, o inesgotável amor de nossos Superiores Espirituais se manifesta, abrindo-nos  portas de recomposição.
            Na Terra, ou noutro plano do Universo - preferentemente, porém; no panorama que perturbamos , poderemos chegar na posição de monstros teratológicos ou sendo portadores de anomalias as mais diversas.
            Quem com ferro fere... - é princípio de ação e reação.
            Sempre que destruirmos ou ferirmos a harmonia das células perispirituais, por guardar a mente nas vibrações corrosivas do rancor, do ódio, do egoísmo, do sensualismo, receberemos um programa de recomposição consequente. Isso equivale a dizer que voltaremos alienados, se nos alienamos.
            Quem semeia, colhe.
            O amor em que se move a Justiça Divina, no entanto, oferecer-nos-á o esquecimento do passado por bênção e o reencontro com quem ferimos como oportunidade de resgate.

            P. - Diante desse quadro, ocorrerá que Espíritos elevados reencarnem para
auxiliar a recomposição de nosso campo afetivo?

            R. - Com bastante frequência o doente é quem precisa de remédio.
            Se fôssemos relegados a viver somente entre os que nos são semelhantes em virtude e defeitos, jamais escaparíamos dum círculo vicioso. Os bons Espíritos são aqueles irmãos mais experientes. Podem e ajudam-nos. Alentando-nos pacientemente e suportando-nos em nome da caridade, eles nos soerguem na direção do Senhor Jesus.


Posta Restante - 15


Posta Restante - 15
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Janeiro 1973

            P. - Poderá um Espírito desajustado reencarnar no seio de uma família cujos
componentes sejam almas equilibradas?

            R. - Essa ocorrência é, até certo ponto, uma necessidade: Um lar espiritualmente equilibrado é uma espécie de sanatório para as almas em grandes débitos. A Providência Divina, em permitindo esse tipo de vivência, oferece-nos oportunidade imensurável  para a a regeneração, já que teremos exemplos vivos do Bem à nossa frente.

            P. - Se o desajustado, porém, persistir nos seus delírios, fazendo-se surdo a todos os meios de reequilíbrio, não espalhará perturbação nesse grupo?

            R. - Caberá, aos que já adquiriram virtudes, superar todas as tentativas de subversão moral. A virtude,  é ponto pacífico em Doutrina, há de manifestar-se nos panoramas do mal, à semelhança de um sol que remova o charco  com seus raios benfazejos.
            Não há mérito de ser bom somente com os bons.
            A têmpera do aço comprova-se no teste ou no uso.  
            Impelida a exercitar suas qualidades íntimas, a criatura só se beneficia. lnterioriza  profundamente o Bem, à medida que é solicitada a conduzir-se nas pautas do Evangelho.

            P. - Se o desajustado abandonar a família, buscando seus antigos caminhos e, em decorrência, vier a desencarnar por alguma forma violenta, seja suicídio, seja num drama passional, poderá voltar a ter contatos, em Espírito, com a família que rejeitou?

            R.  - A desencarnação violenta é sempre uma surpresa ao Espírito desavisado.
Examinando-se vivo, após se desenfaixar do corpo físico, poderá buscar a família, na
posição da criança que se sente aturdida diante das consequências de seus próprios
atos.
            No seu desvario elegerá a família por refúgio.
            No ninho doméstico, buscará a orientação que rejeitara.
            A expiação de seus enganos começa, então, nessa frustração de não poder ouvir, com facilidade, o que não desejou ouvir quando se encontrava no estojo da carne.
            Entre outras, as famílias cristãs terão, aí, uma das razões para sustentar o Culto
do Evangelho no lar. Os componentes que já retornaram ao mundo espírita poderão
recolher consolo e resposta para as suas angústias, nesse contato com o Verbo Divino.

            P. - Mas, no estado em que se encontram, não poderá, ou por despeito ou por  inconsciência influenciar alguns elementos bons dessa família, desvirtuando lhes os
pensamentos?

            R.  - Influenciar até poderá, até como simples fruto de seu desespero. A semelhança de alguém que se afoga num lago, poderá enlaçar o seu eventual socorrista. É a influenciação oculta dos Espíritos. Valerá, contudo, relembrar Jesus, na sua Boa Nova, quando nos alertou: Orai e vigiai. 
            Não que busquemos uma posição de defesa ou de repulsão em relação aos companheiros confundidos pela dor e pelo desencanto. Precisamos, no entanto, nutrir-nos de bom ânimo para não ceder às nossas próprias fraquezas íntimas.  
            Um Espírito - apesar de querer determinar-nos atos ou pensamentos infelizes  -nunca irá além daquilo que realmente somos.
            O virtuoso é surdo às sugestões do mal.

            P. - E se o familiar não estiver atento?

            R. - Poderá ajustar-se à faixa do menos feliz.

            P. - Se isso acontecer e a família, por questão de visão menor ou de tradição
religiosa, não aceitar o retorno ao Evangelho, que ocorrerá? O influenciado poderá cair no desequilíbrio?

            R. - Isso ocorre com maior frequência do que supomos.

            Sempre estamos sujeitos a sofrer violências emocionais.
            Se não nos contivermos diante das desencarnações violentas de familiares queridos, poderemos ser o eco de suas angústias.
            A não aceitação do Evangelho., como eugenia espiritual no cotidiano, abre-nos
uma outra opção: o caminho da dor, para que encontremos a disciplina da emotividade.
            O sofrimento é sempre uma das respostas da Vida.

            P.  - Por quanto tempo o desajustado, na espiritualidade, permanecerá nesse estado?

            R. - Enquanto com ele se comprazer.

            P. - Se houver alguém que a ele se uniu pelos laços puros da afetividade e pedir em seu favor, através de orações, poderá beneficiar-se?

            R. - Não só ele como toda a família será favorecida. Se um Espírito desajustado pode temporariamente desequilibrar alguém, em contraposição um Espírito bondoso inevitavelmente patrocina o reajuste.
            O mal pode ou não fazer-se presente.
            O Bem, contudo, é inevitável.
            É o grande determinismo, aguardando o tempo.
            Felizes, portanto, os que puderem cultivar amizades, sem bajulação e sem falsidades, despertando afetos, a ponto de se fazerem amados. E felizes os que amam. Esse amor, na expressão evangélica de Pedro, “cobrirá a multidão dos pecados”.



Posta Restante - 14a

Posta Restante - 14a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Dezembro 1972

            P. - Em duas ocasiões diferentes, presenciei um companheiro da mediunidade
ser procurado para oferecer resposta a um mesmo assunto. Foram propostos dois
extremos, para a mesma questão. Um propunha a criação de uma faculdade de Direito pelo seu grupo espírita, em nome do Espiritismo. O outro, na oportunidade seguinte, falava do fechamento de uma faculdade, para que se voltassem mais intensamente às atividades doutrinárias.
            Nos dois casos, o médium concordou, sem ressalvas claras. Ora, não seria mais justo definir-se?

            R. - Criamos um hábito, até certo ponto decorrente do temor de assumir responsabilidades diretas, de buscar a opinião de médiuns (não apenas dos Espíritas
para todos as programas  que idealizamos como movimento espírita.
            É procura de endosso em dívida pessoal.
            Não é condenável que assim se faça.
            Deveremos consultar-nos  mutualmente para errar menos.
            Caberá, contudo, ouvir o companheiro na posição de quem recolhe uma opinião pessoal, não definitiva ou necessariamente doutrinária. Valerá, e sempre, cotejar essa opinião com a vasta bibliografia espírita, para distinguir as convergências, os acertos, para separar tudo o que seja sistema pessoal.
            O médium é um obreiro, não um oráculo.
            Já estudamos diretamente o tema.
            A atitude ambígua do médium - quando examinamos a questão - fundamentava-se no seguinte: As questões propostas não vinham como diálogo, como busca do  certo, mas sim como programa definitivo. Embora pudessem ser aberrações, de nada valeria reiutá-Ia«. O interessado poderia sentir-se melindrado, tomando distância, isolando-se. Criaria barreira para posteriores reajustes. Se do plano proposto passasse para a sua realização, a própria Vida se incumbiria de amadurecê-lo. Mais tarde, se se sentisse decepcionado com os resultados, aprenderia, a duras penas, que em todas as questões doutrinárias vale sempre considerar a base, a Codificação, sem se deter em vírgulas para justificar-se e sem se confiar a eventuais opiniões.
            Única ressalva: que se mantivesse aceso o núcleo espírita.
            Jesus desencorajou Judas.
            Sabia que seu impulso era irrefreável.
            Confiou, pois, em que o companheiro confundido cairia em si, despertando no
pesadelo de seus enganos somente depois de executar seus propósitos.
            Conviria argumentar que todo estabelecimento de ensino, quando se oficializa
tem de ajustar-se aos programas vigentes? Ora, isso é elementar... Valeria ponderar que tal ajustamento anula quaisquer tentativas de transmitir Doutrina Espírita a alunos não espíritas? Seria cair na redundância, que todos sabem disso... Seria oportuno destacar que o Espiritismo não é segregacionista, não é reedição dos anacoretas? Tolice, que isso se repete a cada página da Doutrina... E se se ,dissesse que não deveríamos ser tão vaidosos, aponto de querer ,desconsiderar a obra alheia invadindo áreas estranhas aos nossos objetivos? Não, não seria justo, por ferir suscetibilidades... Ou, então, seria hora de
encarecer que quando um Eurípedes Barsanulfo fundou um colégio, em Sacramento,
fê-lo para suprir uma lacuna, num recanto onde era mínimo o recurso de instrução, e que, tão logo os poderes públicos supram a deficiência, cessa a necessidade das medidas de auxílio precário nesse campo? Mas isso sempre foi considerado...

            Quem busca endosso não se conforma com um: não!

            No caso - embora aparentemente haja uma contradição -é preciso deixar o interessado na posse de sua verdade, com a impressão íntima de tarefa ou missão no
meio espírita, confiando em que as desilusões se destroem por si mesmas.
            O joio nasce na raiz do trigo,  com todas as aparências do próprio trigo - alerta o Evangelho.
            Arrancar o joio, com violência, põe a perder a parte sadia da cultura. É -preciso
deixar para a época da colheita, para que o Grande Ceifeiro, Jesus, aproveite um para a mó e o outra para o fogo.
            Repetimos: médiuns não são oráculos.



Posta Restante - 13b


Posta Restante - 13b
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Novembro 1972

            P. - Se um filho deseja retirar-se de casa, mas os pais sabem que ele é imaturo,
como procederá o espírita?

            R. - Se o filho atingiu a maioridade e viverá às suas expensas, deverão os pais
respeitar a sua opção, como alma independente que é.
            Ninguém, tem posse sobre ninguém. Nem os pais são donos dos filhos e nem os filhos poderão ver nos pais a fonte perene de sua sustentação.
            Se são imaturos, as experiências forjarão sua maturidade.
            Sejam livres os filhos e sejam livres os pais.
            Amor não significa posse.
            Não devem os pais espíritas desejar que os filhos realizem os seus programas
pessoais, da mesma forma que não devem os filhos atrelar os pais como alimárias no

carro de seus desejos.

Posta Restante - 13a


Posta Restante - 13a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Novembro 1972

            P. - Por que às vezes é tão difícil e quase sem nenhum efeito o diálogo entre
filhos e pais?

            R. - A afinidade espiritual preside ao nosso relacionamento, seja no nível familiar, seja no clima social. Desde que não ocorra essa mútua simpatia, nenhuma técnica psicológica deitará as barreiras que nos separam de nossos semelhantes.
            Se filhos e pais se munirem de espírito evangélico, estabelecerão as premissas de confraternização e mútuo entendimento.
            Se faltar o Evangelho, o diálogo será monólogo a dois.
            A dificuldade e a falta de efeito nascem, quase sempre, da antipatia fluídica
dos espíritos que se agruparam na constelação familiar.
            Renunciem as partes aos seus caprichos pessoais, sem quererem que a renúncia venha só do outro lado, e teremos um principio de entendimento.


Posta Restante - 12b


Posta Restante - 12b
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Outubro 1972

            P. - A Doutrina Espírita é religião que se dirige às massas populares?

            R. - Não. Em Espiritismo há indivíduos.
            Não há pregação para as massas nem coisa alguma que torne impessoal o Espírito eterno de cada um.
            A Doutrina é de coração para coração.
            O valor da criatura é incalculável.
            Os problemas que carregamos, por muito que se assemelhem, são registrados
profundamente, em cada um de nós. Pedem solução muito pessoal, muito íntima.


Posta Restante -12a


Posta Restante - 12a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Outubro 1972

            P. - Se Espiritismo é Espiritismo e basta, por que através da psicografia de Chico Xavier lê-se vez por outra a expressão Espiritismo cristão.

            R. - Não houve inovação através de Chico Xavier.
            Foi o próprio Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, quem, no capítulo lll,
primeira parte de "O Livro dos Médiuns”, fez uma classificação dos espíritas, em:

espíritas experimentadores, espíritas imperfeitos e espíritas cristãos. 

Posta Restante - 11b


Posta Restante - 11b
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Setembro 1972

            P. - Não poderiam todos os agrupamentos espíritas espíritas padronizarem-se agindo de modo uniforme, a bem do próprio desenvolvimento ,doutrinário?

            R. - Todos diferimos, no campo da evolução.
            A Doutrina Espírita, pela primeira vez na história de nossa Humanidade, é a religião  que respeita a personalidade humana.
            Ela fornece elementos, desencadeia estímulos espirituais para que nasça do próprio homem, num gesto espontâneo,  a sua aproximação das leis divinas.
            Ela não se impõe. Não pede e nem exige comportamentos artificiosos.
            A vista de sua dinâmica, cada profitente interpretará a verdade que a Doutrina revela dentro da largueza ou da estreiteza do seu senso moral.
            Sem. violentar consciências, alberga a todos.
            Na pauta das experiências que crescem em cada um de nós, no dia-a-dia, no
entanto, seguiremos céleres para uma unidade de princípios.
            Agir sem discernimento é um mal.
            A não existência de ações padronizadas é o apanágio da liberdade religiosa que
conquistamos com suor e lágrimas, no curso de milênios.

            Somos livres - graças a Deus!

Posta Restante - 11a


Posta Restante - 11a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB)  Setembro 1972

            P. - No processo de desobsessão, qual a participação do obsidiado?

            R. - Em todo processo de regeneração, a participação da alma deve ser ativa.
Um obsidiado (e todos o somos) em maior ou menor grau) deve interessar-se vivamente pela própria recuperação, incorporando a necessidade de auto evangelizar-se.
            A obsessão é um efeito. A causa reside no próprio obsidiado.
            Seria agir com extrema imprudência evangélica se mandássemos a família e o
próprio obsidiado tomarem distância do esforço de reforma íntima assegurando que
operaríamos a cura.
            Ao homem possuído por uma legião de Espíritos perturbados e perturbadores, Jesus assegurou: "Tua fé te curou".
            Não significa que o obsidiado deve tornar-se espírita para alcançar a cura.

            Mas fundamentalmente deve renovar-se à luz do Evangelho do Senhor Jesus. 

Posta Restante - 10b


Posta Restante - 10b
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Agosto 1972

            P. - O destino já é previamente traçado para todos?

            R. - O destino, examinado como sinônimo de expiações e provações a que nos
submetemos no curso de uma existência, é resultante amenizado de nossos atos e preferências pessoais.
            Não é imposto; é consequência de nossas operações.
            Nada, porém, é inflexível.
            Poderemos muda-lo, a golpes de vontade férrea, bastando que nos ajustemos
às leis de amor que regem o Universo.
            Cada dia novo é nova oportunidade de alterá-lo.
            Poderemos agravar compromissos ou suavizá-los.
            Cabe-nos a opção de resgatar débitos com moedas do amor ao próximo, compulsoriamente, a braços com a dor.
            Só é inalterável a nossa marcha para a santificação.



Posta Restante - 10


Posta Restante - 10a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Agosto 1972

            P. - Nas reuniões mediúnicas, não há um meio de evitar a presença do Espírito
mistificador?

            R. - O Espírito mistificador, que é o que engana, que falta com a verdade, que se diverte em aborrecer as criaturas ou se rejubila em enganá-las, geralmente está
presente nas reuniões mediúnicas menos sérias.
            Mudando os temas, trocam-se os Espíritos.
            Um filósofo não ocorreria a um agrupamento de curiosos que mais não fizessem que divertir-se ou buscar pareceres sobre questões de pouca monta.
            Observemos, contudo, que o companheiro mistificador, às vezes autorizado a
participar de reuniões sérias, é sempre um teste para nossas aquisições espirituais. Se
conseguimos identificá-lo é porque já discernimos entre o certo e o errado. É também uma advertência à nossa vigilância.

            É o exercício vivo, que vale aproveitar. 

Posta Restante 9b

Posta Restante - 9b
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Julho 1972

            P. - É lícito que a mulher participe ativamente de um núcleo espírita?
            R. - Seria um terrível engano, com danosas consequências para o bom desenvolvimento de um núcleo espírita, tirar do elemento feminino o direito de participação ativa.
            Por longos milênios nossas irmãs e companheiras foram consideradas como
uma consequência do homem, tomando-a liberalmente como a parte de nossa costela.
            E as Igrejas, por longo tempo, a catalogaram por algo desprovido de alma e, portanto, sem imortalidade, sem sobrevivência.
            No que chamávamos assuntos sérios, excluíamos a sua participação, qual se
somente aos Espíritos temporariamente revestidos de uma roupagem masculina coubesse a autoridade de concordar ou discordar, de pôr ou dispor, embora quase todas as nossas decisões tenham de ser suportadas pacientemente por elas.
            Se aos homens sobrasse mais perspicácia e menos vaidade, para romper com
pensamentos de pura rotina, observariam que, não raro, criam animosidades e alimentam estéreis divergências tão exclusivamente porque a ausência do elemento feminino os induz a atitudes displicentes e tonifica seu amor-próprio.
            Já elaboramos alguns milênios de erros religiosos. E convém acrescentar: erros religiosos masculinos.
            Se julgarmos que, "por pensarem com o coração", elas quase nada poderiam aditar às grandes obras, lembremo-nos de que nós, os que dizemos "pensar com o cérebro", temos sido os principais empreiteiros da dor, na face da Terra.
            Deveremos prestigiá-las, se queremos o Mundo Novo.

            Trazê-las para o seio de nossas assembleias; ouvi-las antes de traçar diretrizes novas; conter o nosso orgulho masculino; escutá-las com respeito intelectual; sustar o nosso ímpeto de replicar-lhes, qual se fôssemos privilegiados pela luz; ofertar- lhes a oportunidade de decidir também - isto poderá evitar que penetremos pelos caminhos enganosos das lutas antifraternais, porque a sua presença, nos relembrará a necessidade da concórdia e da humildade legítimas. 

Posta Retante -9


Posta Restante - 9a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Julho 1972

            P. - Por que há tão poucos médiuns psicógrafos, no Brasil, em contraposição à
abundância de médiuns psicofônicos ou de incorporação?

            R. - Embora a excelência indiscutível da psicografia para estudos de questões
pertinentes à Espiritualidade, o fenômeno mediúnico nas reuniões espíritas objetiva a
reeducação afetiva da criatura.
            Para a educação, o quadro vivo é mais indutivo.
            Um problema, uma questão, uma narrativa em torno de lutas e realizações,
quando expostos à viva voz pelos seus protagonistas, impulsionados pelo colorido emotivo do expositor, penetram mais profundamente na alma dos que ouvem.
            A psicofonia surge, assim, no Brasil, por precioso fator na formação do caráter.
            A reforma íntima é mais dinâmica.
            Poderemos permanecer intocáveis nas fibras interiores, frios até, diante de uma página escrita, enquanto não desabrochar em nós mesmos a sensibilidade. Mas, conseguiremos interiorizar noções amplas, quando elas nos toquem os sentimentos.
            Estamos, pois, diante de um processo educativo.

            A psicofonia incorporação multiplica-se, dessa forma, como um socorro divino, sem que estejamos dispensados de consultar, estudar, ler e reler as obras psicografadas que nos trazem experiências mais amplas e que nos fazem dar um passo além de nossas limitações espirituais. 

Posta Restante 8b


Posta Restante - 8b
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Junho 1972

            P. - Poderá um médium diferenciar a situação ou estado feliz ou infeliz dos
Espíritos pela simples aproximação deles?

            R. - Nem sempre. Os Espíritos, assim como ocorre entre os encarnados, podem fazer-se mais ou menos simpáticos, de acordo com o estado mental do medianeiro.
            Um bom Espírito poderá ser recebido com frieza e até com sensação de desagrado por médiuns que se afinem com galhofeiros ou embusteiros, ou secundadores de maus propósitos.
            O que causa impressão de agrado para uns poderá precipitar sensações desagradáveis para outros.
            Essa é uma ocorrência trivial na vida diária.
            Quantias vezes as pessoas sensatas não nos terão aborrecido, justamente por comungarem com nossos desejos indisciplinados?
            Desde que, porém, o médium esteja empenhado na sua auto moralização gradativa, como convém a todo médium cristão, poderá desenvolver em si essa faculdade geral, registrando os bons Espíritos por uma impressão suave e agradável e um Espírito perturbado ou perturbador por uma sensação penosa, desagradável.
            Vale, contudo, não confiar-se demais nas impressões vagas. Preferível ajuizar
dos Espíritos pelos frutos que produzam, a fim de termos consciência de seu valor

e de sua posição na escala espírita. 

Posta Restante - 8a


Posta Restante - 8a
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Junho 1972        

            P. - Onde fica o Além, a que os espíritas se referem constantemente?

            R. - Além, no vocabulário espírita, não indica um determinado lugar no espaço
cósmico.
            Refere-se a um estado do Espírito e não à sua localização na geografia da Espiritualidade. Mais precisamente, é sinônimo de um estado mais sutil da própria matéria. Quando, pois, em Espiritismo se fala em Além, estamos significando: acima do estado de condensação da matéria conhecida.
            Em termos de localização, por conseguinte, o Além está entranhado com o aquém. Espíritos encarnados e desencarnados coexistem no cotidiano, separados exclusivamente pelas fronteiras vibratórias da energia universal.


Posta Restante 2b

Posta Restantenº 2b
por Sólon Rodrigues
Brasil-Espírita / Reformador (FEB) Setembro 1971


            P. Quem fui, na vida passada?

            R. - Temos aprendido, repetidamente, que, para não nos enredarmos nas tramas da obsessão destrutiva, deveremos respeitar e cumprir em nós as leis naturais. O esquecimento do passado é uma dessas leis, das quais não fugiremos jamais. Se caiu um véu entre o hoje e o ontem, estejamos seguros de que o seu rompimento poderá
precipitar-nos em desajustes incalculáveis.
            Examinemos nossas falhas no presente.

            As quedas de agora, os erros que estamos repetindo mostram os enganos de outrora. E, também, o impulso generoso, o coração tranquilo, a mão que ampara, revelam as nossas conquistas eternas. 

Posta Restante nº 2


Posta Restantenº 2
por Sólon Rodrigues
Brasil-Espírita / Reformador (FEB) Outubro 1971

            P- Os sonhos são realidades e advertências espirituais ou meras fantasias de nosso inconsciente?
            R. - Os sonhos podem ser um chamamento da Vida Maior, podem ser uma regressão figurada ao nosso passado, podem ser a liberação de impulsos recalcados sob o verniz da civilização.
            Não deveremos,  jamais, alimentar-nos dele.
            Se foram dolorosos, oremos para libertar-nos dos quadros depressivos que projetarão em nosso interior. Se forem promissores, não nos quedemos em tranquila expectativa, porque o ócio a lugar algum conduz. Se forem.amorais, recorramos à leitura sadia e ao trabalho de socorro ao semelhante, porque as paixões se diluem com a bênção da caridade.