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sábado, 15 de janeiro de 2022

Como será o futuro?

 

Como será o futuro?

 por Antônio Wantuil de Freitas

Reformador (FEB) Novembro 1944

             Sob esse título, “Ave Maria”, jornal católico editado no Brasil, estampa um artigo especialmente escrito para a sua revista pelo padre Ricardo D. Liberali, que, de liberal, só tem o nome.

            Ao lado de uma infinidade de inverdades, com as quais procura embair os seus leitores, cita o referido padre dois casos em que os maridos abandonaram as esposas, para se juntarem a outras mulheres. Ao relatar o fato, o padre não diz os nomes das personagens, mas, apresenta-as como adeptas do Espiritismo e frequentadoras das pantomimas espiríticas e demoníacas, as quais, diz ainda o reverendo, podem levar o Brasil a ser escravo de satanás.

            Pelo nome, esse padre Liberali é companheiro daqueles que também tiveram pena da Abissínia e abençoaram as armas de Mussolini; e, pelos processos de que usa, para propagar a sua religião, é bem possível que ele seja a reencarnação de um dos “santos e sagrados sacerdotes da santíssima Inquisição”.

            Ainda que o fato seja real, não vemos por que motivo acusar uma religião de imoral e demoníaca, por lhe encontrar um ou outro adepto desnorteado. Seria o mesmo que nos basearmos nas atrocidades do catolicíssimo Lampião, que assistia a quatro ou cinco missas antes de efetuar os seus roubos, e que, após executá-los, dividia-os com as igrejas que lhe eram queridas.

            Por outro lado, o referido padre Liberali e o jornal que lhe publicou o “libelo”, além de fazerem baixar o nível do seu sacerdócio, com tais processos, deveriam ter-se lembrado de que esses espíritas, se existem, vieram do Catolicismo e, por isso, cansados estavam de saber, pelo noticiário de jornais brasileiros, que até mesmo os padres, “os representantes de Deus”, costumam, de quando em vez, abandonar a batina para seguirem as suas “confessandas”, solteiras ou casadas, ou, mesmo, com batina e tudo, e com elas viverem maritalmente.

            Quem tem telhados de vidro, reverendo...


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