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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Rei dos Judeus

 

Rei dos Judeus

por Epiphanio Bezerra

Reformador (FEB) Fevereiro 1943

             ... "esses homens ainda. vivem na Terra, mas em corpos imortais; e, desconhecidos, vão de um lugar para outro do mundo, trabalhando sempre para o direito, protegendo o inocente, guardando o desprotegido e aliviando o sofredor. Outros mais elevados estão além do alcance da morte, existem no invisível."W. L. Garver  

             Sempre se me afigurou estapafúrdia essa concepção desarrazoada de um povo privilegiado e eleito por Deus, à semelhança de determinadas religiões de nossos dias, a imparem de presunção e santidade, em detrimento das demais. Pois, se “Deus não faz acepção de pessoas", como atribuir tamanho despautério de parcialidade ao Divino Absoluto?!

             Desde a eternidade dos tempos, o orgulho e a presunção perderam a humanidade, atirando-a ao abismo insondável do sofrimento reparador. Essa a razão por que o povo judeu ainda hoje não quis compreender que isso de “escolhido e privilegiado” de Deus é simplesmente um simbolismo, como tantos outros das sagradas letras; que, admitir um povo eleito, seria admitir um Deus parcial. tão apaixonado e defeituoso quanto o homem da terra. E tudo culminaria no absurdo das religiosidades amorais.

             Povo judeu, em espírito, é pura e simplesmente símbolo da Humanidade terrena, como Jerusalém é símbolo do planeta Terra. E Jesus Cristo, o seu Diretor e Governador, "cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miqueias, 5:2), isto é, as suas aparições tangíveis, na terra em relação com os homens, vêm desde a formação do planeta.

             Também não há outra interpretação àquele "Rei dos Judeus", inspirado a Pilatos, confirmando as palavras do Divino Mestre: “Tu o dizes: eu sou Rei” não como entendem os preconceitos dogmatizantes dos homens; mas, Rei dos Judeus no verdadeiro sentido de Diretor e Governador Espiritual do Planeta Terra.

             O Velho Testamento é um repositório de verdades ainda ignoradas pela maioria dos homens. Ali estão palpitantes as provas das atividades, diretas e indiretas, do Cristo de Deus, guiando e protegendo o “seu povo” - todos os homens, onde quer que ocasião se lhe ofereça, mesmo os não “escolhidos e eleitos”, como, por vezes, a Nabucodonosor (Daniel, 4: 1 a 3, etc.), ora em pessoa, aparecendo a Moisés, ora., por seus prepostos, a Moisés e outros, em Israel, até a sua longa tangibilidade permanente, entre os homens, na sua missão redentora e gloriosa. ensinando-lhes a viver, a amar, a perdoar e a morrer.

             E, neste instante, vêm-nos à mente para cair da pena a repisada arenga: “Cristo seria um embuste e farsante, se não tivesse tido um corpo igual aos dos homens. Mistificador! Ensinar a resignação e o sofrimento. quando não teve um corpo de carne para sofrer.” Pois, se ele comia e bebia, como todos os mortais!?

            O Velho Testamento responde a essas objeções infantis, sem precisarmos recorrer ao Novo: “Depois apareceu-lhe o Senhor nos carvalhais de Manre, estando ele, Abraão, sentado à porta... levantou os olhos, e olhou e eis três varões estavam de pé juntos a ele. Vendo-os ... inclinou-se à terra e disse:

             Meu Senhor... traga-se agora uma pouca d’agua e lavai os vossos pés... e trazei um bocado de pão... E disseram: Assim faze como tens dito. Abraão... tomou uma vitela tenra e boa... e tomou manteiga e leite preparados... e comeram...” (Gen., 18:1 a 8).

             Não forçaríamos muito o entendimento destes versículos, se disséssemos que o Senhor Jesus, fazendo-se acompanhar de dois de seus prepostos, visita Abraão e com ele faz um repasto. E, porque, sendo três os visitantes, Abraão só põe em evidência um deles, chamando-o de “Meu Senhor”? Não teria sido esse mesmo o “Senhor” de quem Abraão se afirmou “servo”, quando lhe aparecera com o nome de “Melquisedec, sacerdote do Deus Altíssimo”? (Gen., 14).

             No decurso dessa visita a Abraão, o Senhor anuncia a destruição de Sodoma, onde residia Lot, por quem Abraão intercede. Retirando-se o Senhor, os dois outros visitantes se dirigem à Sodoma, ao encontro de Lot: “E vieram os dois anjos a Sodoma...” e vendo-os Lot, levantou-se e inclinou-se com o rosto em terra... e porfiou com eles... Fez-lhes banquete, e coseu-lhe bolos... e comeram. E antes que se deitassem... então disseram aqueles varões (os dois anjos) a Lot: Nós vamos destruir este lugar, o seu clamor tem engrossado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.” (Gen., 19:1 a 13).

             Aí ficam os esclarecimentos precisos: O Senhor Jesus, Diretor e Governador do planeta, visita Abraão, avisando-o de seus propósitos, afasta-se em seguida, enquanto os seus dois prepostos se dirigem a Sodoma para prevenir Lot, a quem fazem ciente da incumbência de “destruir aquele lugar, por ordem do Senhor”.

             Esses Espíritos, em seus corpos tangíveis comem e bebem e são hospedes de Abraão e de Lot, como qualquer mortal, satisfazendo mesmo aos mais comezinhos preceitos de higiene pessoal, como ensinamento para os homens e prova de que tudo quanto se haveria de dizer a respeito do Mestre Excelso se cumpriria a seu tempo, conforme mais tarde Lucas afirmaria: "São estas as palavras que eu disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos salmos” (Lucas, 24 :44), e em nossos dias na revelação dada a Roustaing.

             É preciso ter a paixão da cegueira para se não querer enxergar a verdade à luz meridiana: Três varões do espaço visitam Abraão e somente um deles merece o tratamento particular de “Senhor”, cabendo aos dois restantes a execução das determinações do Alto, conforme ensinos dos próprios Espíritos a Kardec, em seu livro.

             E não iremos muito adiante, talvez, sem que consigamos saber quais os dois prepostos executores dessas “determinações do Alto”. Não seria demasiada temeridade dizer-se serem os Anjos Miguel e Gabriel, “assistentes à face do Senhor”, conforme Daniel, caps. 8:16, 9:21, 10:13, etc., confirmado por Lucas, 1.

             Múltiplas são as passagens das Escrituras, por onde se prova que Jesus Cristo é o próprio “Senhor” insistentemente invocado pelo povo de Israel, falando a Moisés, e dado mesmo como o próprio Deus em pessoa, na linguagem dos profetas israelitas: “E tu Belém... posto que pequena... de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde a eternidade.” (Miquéias, 5:2). “Eis que eu envio o meu anjo que preparará o caminho diante de mim... vós, filhos de Jacó, não sois consumidos.” (Malaquias,3:1 a 6).

             Jesus, o enviado de Deus, seu Verbo na Terra tem autoridade sobre todos, motivo por que: “Senhor, tu és mais formoso do que os filhos dos homens... por isso Deus te abençoou para sempre. O teu trono, oh! Deus, é eterno e perpetuo... Tu amas a justiça... por isso Deus, o teu Deus te ungiu com o óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.” (Salmos 45). Por sua vez, envia o seu anjo - o Batista, visto como Ele é o Senhor em Israel. Também Davi, como tantos outros em Israel, tão grande sente a Jesus Cristo, que não vacila em proclamá-lo Deus: “O teu caminho, oh! Deus, está no santuário. Que Deus é tão grande como o nosso Deus. (Salmo 77-13). “Deus era a sua rocha, e o Deus Altíssimo o seu Redentor.” (Salmo 78-36). E, como se ainda não fosse suficiente, sentencia: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés... Jurou o Senhor e não se arrependerá; tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedec." (Salmo 110).

             Entretanto, se alguns confundem o Cristo com o próprio Deus, outros mais avisados deixam ver as diferenças entre Deus e Jesus Cristo, embora tratem indistintamente, a um e a outro, de “Senhor”. Vejamos: Falou Deus a Moisés e disse: “Eu sou o Senhor. E eu apareci a Abraão, Isaac e Jacó como o Deus Todo Poderoso, mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido.” (Êxodo, 6:2 e 3).

             Porventura, não foi dito já que “ninguém jamais viu a Deus?” E o Senhor a quem se referem os versículos não afirma que Abraão, Isaac e Jacó, aos quais aparecera, “não o conheceram perfeitamente”, que, pelo contrário, o tomaram como o Deus Todo Poderoso? Não seria muito difícil, com um pouco de boa vontade, verificar que, na Bíblia, os profetas e patriarcas tratam de Deus propriamente dito e de Jesus Cristo, seu enviado, o Diretor e Governador do planeta, usando da mesma linguagem e reverencia: “O Senhor está em volta do seu povo, ao nosso lado.” Salmo 124-1 e 2. Ainda Davi diz que a sua “alma anseia pelo Senhor, por ter misericórdia e nele há redenção abundante” e porque remirá as impiedades” Salmo 130. “O Senhor respondeu a Jó do redemoinho: “Quem é este..., responde-me; Onde estavas tu" quando eu fundava a terra? Jó, 38.

             As citações que aí ficam provam à saciedade, pois falam por si, que o Senhor Jesus, Diretor do Planeta, seu fundador, a cuja humanidade assiste e conduz, “está em volta do seu povo” e "vive ao nosso lado”, conduzindo à perfeição “seu povo”, porquanto “os filhos são herança do Senhor e o fruto do seu ventre galardão.” Salmo 127-3; enquanto Davi, ansiosamente espera o dia do Senhor Jesus, a sua vinda prometida. para redenção dos homens. E quem, senão Jesus, redimiu Israel (o gênero humano) de suas culpas?

             Basta de redundâncias demasiadas, desde que a atuação do Ungido de Deus ressalta a cada página do Livro Santo - a Bíblia, E a sua missão nada teve de misteriosa “aos que tenham olhos de ver.”

             A história da Terra é a do próprio seu Diretor e Governador - o Cristo de Deus. Sentir de outro modo seria calculada cegueira, incompatível com os fatos e os tempos que chegam.,. Porque incidir nos mesmos erros de nossos antepassados?

            Espíritas, meus irmãos, vejamos o Cristo como os antigos de Israel o viam: “mais formoso do que os filhos dos homens”. Sim, “mais formoso do que os filhos dos homens”, desde que ele não era filho de homem, mas o “ungido com o óleo de alegria, mais que os seus companheiros”, visto ser sobre todos, “tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto mais honra do que a casa que tem aquele que a edificou”, porquanto “vive sobre a sua própria casa, a qual somos nós”.

             Jesus, em espírito e verdade, é o “Rei dos Judeus”, não à maneira dos discípulos de Loiola e seus adeptos, imitadores do Judaísmo crucificador de Jesus; porém, como bem o define a Revelação Nova - Rei dos Judeus, imperando sobre a Jerusalém Nova e redimida, “esposa do Cordeiro”, na qual “habitará a justiça”, depois que incendidos os céus, os elementos ardendo se desfarão”.

             Não deixemos que os círculos evolutivos se fechem dentro de nossa indiferença; vamos ao Cristo de Deus, enquanto é tempo...

             Paraúna - Dezembro de 1942.


Um comentário:

  1. Jesus Cristo, Diretor e Governador do nosso planeta, filho de Deus Pai Todo Poderoso.

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