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sábado, 1 de maio de 2021

Que escândalo!

 

Que escândalo!

por I. Pequeno (Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Fevereiro 1947

             “Diário de Notícias” jornal insuspeitíssimo, publica na sua primeira página da segunda seção de 29 de Janeiro, deste ano, uma reportagem ilustrada com fotografias tiradas bem ao pé da catolicíssima estátua do Cristo no alto do Corcovado. Nela são vistos dois padres que tomava parte num joguinho onde era bancado o chamado “jogo de chapinha” (Do Blog: este jogo foi tornado ilegal no Brasil desde muitos anos).

             A reportagem é longa e caracterizante dos tempos atuais. Transcrevamos um tópico:

             “Mas o que me deixou confuso foi ver os padres. Eu já vi padre comer, beber e fumar, mas jogar o jogo da chapinha, ah! Eu não tinha visto ainda. Que engraçados são eles, como ficam todos aflitos, dando pulinhos, esfregando as mãos, as cutucando e a dizer está aqui, está aqui, como qualquer um de nós, pobres pecadores, que eles dizem perdidos neste vale de lágrimas. Não tenho nada com isso, não, que o dinheiro é deles, só que fiquei um pouco esquerdo, mais por mim de que por eles – eu também já fui garoto e já beijei mão de padre...

            E foi por única e exclusiva causa dos padres que quase se estragando a reportagem. Não gostando de ver aquilo que eles faziam, ali, bem nas barbas do Cristo, fiz sinal para que se afastassem. É que o Armando estava agindo, muito nervoso, mas estava. A máquina já feito ‘tee’! duas vezes. Todo encabulado, o padre mais velho puxou um outro e disse: é a polícia! Ora, se isso era coisa que se dissesse naquela hora. Ouvido de malandro é Radar para essa palavra. O “travesseiro” logo desapareceu, porque há um travesseiro bem feitinho, aliás, em cima do qual o jogo é feito, e as chapinhas e a bolinha também e a bolinha também e também o jogador tomaram sumiço. Um otário ficou de dente de fora numa risadinha imbecil, só porque já havia perdido quinhentos cruzeiros, mas acertara uma vez, recuperando cem dos quinhentos perdidos.

            Logo perceberam que tinham sido pegados na boa. Começaram a rondar, estou fingindo que não é comigo, e desandei a dizer uma porção de banalidades sobre a paisagem, coisas que no meu entender seriam boas para disfarçar. Que diabo, ainda se aqueles padres deixassem de me olhar com aqueles olhos de oração? Mas não tiravam os olhos da máquina!"

            Não desejamos comentar o fato. Comentem-no os jornais católicos que tanto se preocupam com o Espiritismo, quando têm assunto excelente e real dentro dos seus próprios arraiais.



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